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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Na sociedade contemporânea, essa cadeia semiótica sofreu rupturas violentas, deslocando o feminino para as margens do simbólico dominante, o que se expressa em estereótipos limitadores, silenciamentos e alienações. O corpo feminino tornou-se terreno de disputa semiótica: alvo de normatizações e representações que restringem sua multiplicidade e autonomia
A polularização do Sagrado Feminino na última década possui implicações profundas na comunicação social, nas relações de poder e na construção de identidades. O resgate desse campo simbólico não é mera nostalgia ou retorno a uma suposta “idade de ouro” matriarcal, mas um processo dialético que enfrenta o presente, desafiando paradigmas hegemônicos
Historicamente, o que hoje nomeamos como Sagrado Feminino tem raízes em sociedades antigas onde o feminino era, em muitos casos, objeto de veneração e sacralização. Culturas neolíticas reverenciavam deusas-mães como símbolos da fertilidade, da natureza cíclica e do mistério da vida — rituais ligados à terra, ao ciclo lunar e à reprodução fundamentavam essas cosmovisões. Exemplos emblemáticos incluem as deusas Isis, Deméter, e Inanna, cujas narrativas encarnavam os mistérios da criação, morte e renascimento
Entretanto, nos últimos anos, o movimento pelo resgate do Sagrado Feminino tem operado como uma resistência simbólica fundamental, rearticulando signos e práticas que resignificam o feminino como potência criadora, integradora e transformadora. Essa resignificação dialoga com teorias feministas, espiritualidades ancestrais e saberes indígenas, configurando uma rede semiótica complexa que desconstrói e reconstrói sentidos sobre gênero, corpo e espiritualidade
A valorização do Sagrado Feminino contribui para a descolonização do corpo e da subjetividade feminina. Em um mundo marcado pela hiperconectividade e pela saturação imagética, as mulheres enfrentam uma avalanche de representações que, muitas vezes, reduzem sua existência a objetos consumíveis. Ao ressignificar o corpo como templo e expressão do sagrado, esse movimento instaura novas formas de comunicação intrapessoal e interpessoal, valorizando a experiência, o silêncio, a intuição e a sensibilidade

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