Provavelmente você já provou a fruta mais consumida no mundo. Estamos falando exatamente dela, a banana. Se você gosta ou não, aí já é outra história, mas certamente ela já fez ou faz parte da sua dieta. De várias cores, texturas e espessuras, esta fruta é tão versátil quanto a sua própria existência.
É pouco provável que possamos dizer quando ela surgiu na face da terra, mas o que parece é que a sua domesticação teria começado lá pelo sudeste asiático por volta de 8.000 anos antes da Era Comum, e, pasmem, ainda hoje é possível encontrar espécies selvagens por lá.
Hoje a Índia lidera a produção mundial e ajuda a colocar em nossa mesa tipos como a banana-nanica, a prata, a maçã, entre tantos outros. Um produto tão rico em todos os sentidos, não é surpresa alguma que esteja presente na maioria dos lares mundo afora, e que pode ser consumido de tudo quanto é jeito: in natura, cozida, frita.
E, por falar em consumo, meu caro leitor, você precisa ir a Pernambuco e provar a maravilhosa Cartola. Eu disse: Car-to-la! Uma sobremesa sem igual que tem na sua rica história a banana como estrela principal. Tome nota da monumental simplicidade:
2 bananas-prata maduras
100g de queijo manteiga
Uma colher de sopa de manteiga de garrafa
50g de açúcar
Uma colher de chá de canela.
Salivou? Se sim, procure uma fonte fidedigna e veja o modo de preparo. Se não, lamento muito em afirmar, mas sua vida é menos vivida sem a poderosa Cartola. Só lhe peço uma gentileza: caso pense em provar esta iguaria que aqui mencionamos, não altere nada.
Esta iguaria é um Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco, e qualquer alteração, além de descaracterizar toda a receita, faria o mesmo com uma história de luta e resistência.
Agora, se você quiser ir mais longe e mais além nos delirantes e "seduzentes" sabores que a nossa atriz principal pode lhe proporcionar, eu te aconselho a fechar os olhos e mergulhar de cabeça numa intensa aventura chamada comilança. Que tal um Nego Bom?
Aqui, temos a banana-nanica no topo do estrelato, acompanhada por manteiga, cacau em pó, açúcar e suco de limão. Depois de pronto, o formato fica próximo ao de cubos, pequenos e cristalizados que, no nordeste brasileiro, chamamos de confeito, ou rebuçados em Portugal. Cheios de praticidade para transportar e armazenar, este doce em especial tem um sabor que remete muita gente à mais pura infância.
O criador disto tudo falhou ao não criar um pé de Nego Bom. Já chega, não vou chorar...
Uma fruta tão rica e poderosa, mas que ainda assim, como tantas outras, também corre riscos neste nosso imenso e frágil planeta. O aquecimento global está trazendo eventos extremos, como os que vemos todos os dias nos noticiários, tais como: disseminação de pragas, chuvas em excesso em regiões antes não tão afetadas. Esses e outros exemplos estão colaborando para um futuro onde é bem provável que a banana seja conhecida apenas em um velho retrato na parede.
Isto é, para mim, algo bem difícil de imaginar. Logo eu que nasci num lugar onde as frutas eram tão fartas que caíam aos montes pelas ruas, com muita variedade, e que comia quem queria. Mas sejamos otimistas, uma fruta tão forte e de onde se aproveita tudo não será facilmente vencida. Pode o homem vir com as suas bestiais alterações, que a famosa fruta responderá com as suas mais variadas facetas.
Por exemplo, eu conheço mil e uma maneiras de utilizar esta joia (quase rara). Espia só: da casca, eu faço desde uma saborosa farofa a uma cheirosa salada; do fruto, podemos fazer desde bolos até mesmo uma biomassa que pode ajudar na diminuição da circunferência abdominal — neste caso, com a banana ainda verde.
Quer mais? Pegue as cascas e deite-as naquela massa do tempurá, depois é só levar ao óleo fervente, o resto você já sabe.
Esta fruta tão gigante, que já esteve nas mesas de gigantes como Alexandre, o Grande, e como eu e você, merece muito mais do que cuidado e respeito, merece viver, e variedades e opções de consumo para exaltar e deixá-la viver não nos faltam. Se ainda você tem dúvidas, se mexa e vá até a feira mais próxima. É bem provável que você ouça gritos do tipo: pode chegar, freguês, pois nós temos da terra, d’água, anã, ouro; e ainda temos São Tomé, Pitogo. Agora, se a freguesa quiser variar nas cores, pode levar também a roxa. Ela é tão nutritiva e saborosa quanto as outras.
Quem vai querer comprar banana? Então, façamos um trato: sempre que você se sentir um tanto triste e abstrato, coma uma dessas variadas formas de energia inesgotável e saia encarando a vida de peito aberto e gritando aos quatro cantos do mundo: nós temos banana para dar e vender.















