O futebol em Portugal tem imenso potencial e algumas mudanças poderiam tornar a experiência ainda mais emocionante e acessível para os adeptos e jogadores, na época passada (2023/24), 4,2 milhões de adeptos assistiram a jogos da I e II Ligas nos estádios, numa subida de 10 por cento face a 2022/23. Destes 4,2 milhões de espectadores, 3,7 milhões referem-se à Liga e 556 mil à II Liga, ocasionando ocupações médias de 66 e 23 por cento, respetivamente.

Atualmente, a Liga Portugal ocupa o 7.º lugar no ranking de coeficiente da UEFA, com um total. Este ranking é essencial para determinar o número de equipas portuguesas que poderão participar nas competições europeias, como a Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência.

A melhoria do ranking é um objetivo que clubes e adeptos têm como meta, pois quanto melhor a classificação de Portugal no ranking, maior será a representatividade das suas equipas no futebol europeu, o que beneficia tanto o desenvolvimento das equipas como a visibilidade do futebol português.

Neste sentido vão ser apresentadas algumas sugestões de como melhorar a competitividade, o aumento dos adeptos, entre outros fatores.

Primeiramente, a revisão do modelo de repartição das receitas das apostas desportivas e/ou televisivas, deste modo, os três grandes, FC Porto, SL Benfica e Sporting CP não “sugariam” estas receitas, outro aspeto que devia ser corrigido seria a diminuição de IVA, atualmente a 23% - taxa normal nos bilhetes sendo consideradas, por exemplo um espetáculo cultural, a taxa reduzida - 6%.

Em segundo lugar, a tecnologia disponível exige uma maior celeridade na utilização do VAR. Não podemos conceber paragens que durem 5 minutos, quando o objetivo é garantir decisões mais rápidas e com menor margem de erro. A implementação de um processo mais célere poderia melhorar a fluidez do jogo e reduzir a frustração dos adeptos.

Em terceiro, o tempo “perdido” de jogo é uma preocupação. A Liga Portuguesa, a Taça de Portugal e a Taça da Liga são competições que, muitas vezes, apresentam uma quantidade considerável de paragens. O árbitro tem uma tendência a apitar com intensidade mínima, o que reduz o tempo de jogo corrido. Neste aspeto, a Liga Inglesa está mais preparada, com um maior foco em manter o ritmo do jogo.

No que diz respeito à Liga Portuguesa, uma alteração importante seria a mudança de horários dos jogos. Atualmente, muitos jogos ocorrem à noite, dificultando a ida das famílias aos estádios. Realizar os jogos ao fim de semana, durante a tarde, tornaria os estádios mais acessíveis para um público mais amplo, promovendo um ambiente familiar e inclusivo. Além disso, ao realizar os jogos nesse horário, as cidades vizinhas aos estádios poderiam beneficiar do aumento do turismo e da movimentação social, promovendo o futebol como uma atividade divertida para todas as idades.

Uma outra medida importante seria a diminuição do número de equipas na 1ª Divisão. Não podemos comparar a área territorial de Portugal com países como Espanha, Inglaterra, Itália ou Alemanha, que têm um maior número de clubes e maior influência no futebol europeu. A redução do número de equipas na 1ª Divisão beneficiaria o calendário e aumentaria a competitividade, ao mesmo tempo que faria com que cada ponto fosse ainda mais precioso, dando aos clubes da parte inferior da tabela uma maior luta pela manutenção.

Em relação à Taça de Portugal, uma mudança interessante seria realizar todos os jogos em casa dos clubes anfitriões, ao invés de em "estádios emprestados". Esta mudança não só daria mais visibilidade aos clubes das divisões inferiores, como também criaria um fator de emoção adicional, ao permitir que as equipas mais pequenas jogassem em casa contra os gigantes do futebol português. A competição ficaria mais imprevisível e emocionante, proporcionando surpresas e histórias épicas. Contudo, seria fundamental assegurar que os clubes menores recebam apoio logístico adequado para equilibrar as condições de jogo. Além disso, promover o Estádio do Jamor como o palco da final da Taça, um estádio emblemático, seria uma forma de manter a tradição e a mística da competição.

No que concerne à Taça da Liga, uma possível solução seria voltar ao formato original, onde as equipas da 1ª e 2ª Divisão se enfrentavam entre si. Isso tornaria a competição mais competitiva e imprevisível, oferecendo uma verdadeira oportunidade para as equipas mais pequenas surpreenderem. Caso este formato não seja viável, uma alternativa seria eliminar a competição para evitar a sobrecarga de jogos e permitir que as equipas se concentrem nas competições mais relevantes. Uma competição mais equilibrada e relevante ajudaria a revitalizar o futebol em Portugal.

Outra sugestão seria aproximar ainda mais os adeptos portugueses que vivem no estrangeiro, organizando jogos em países com uma grande comunidade portuguesa, como França, Alemanha, Suíça ou Luxemburgo. Estes jogos poderiam ser realizados em datas especiais, como o Dia da República (5 de outubro), o Dia da Restauração da Independência (1 de dezembro), ou ainda durante as meias-finais da Taça de Portugal ou Taça da Liga, proporcionando uma ligação mais forte entre o futebol e a diáspora portuguesa.

Para além disto, e de modo aos clubes terem uma sustentabilidade financeira a longo prazo, seria possibilidade cada clube ter, obrigatoriamente, por exemplo 3 jogadores formados no clube inscritos no plantel, neste sentido promover-se-ia os talentos mais jovens e o facto de terem de melhorar a qualidade das suas infraestruturas e academia.

Voltando à essência do futebol, os adeptos, será de valor acrescentado melhorar as condições nos estádios, casas de banhos, acessos, a melhoria de relvados, a possibilidade de álcool assim como a permissão de setores para lugares de pé, não esquecendo as bandeiras, o tambor e o megafone, pois o espetáculo e a melhoria também têm de vir de quem apoia fazendo vibrar qualquer jogador.

Essas mudanças no calendário e na estrutura das competições não só poderiam aumentar a competitividade no futebol português, como também estreitar os laços entre os clubes e os adeptos. O futebol português teria, assim, a oportunidade de se tornar mais atrativo e envolvente, contribuindo para o crescimento contínuo do desporto no país.

O que vai safando o nosso futebol é a paixão do povo, para além do talento. Isto é o futebol português!