Petit Gabi
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Entre letras, notas e vidas: quem é Gabriela Tognini

Meu nome é Gabriela Tognini — mas muitos me conhecem como Petit Gabi, nome que carrega ecos de uma juventude que não se perde com o tempo e que me acompanha como assinatura de vida. Sou paraense, filha do calor e do cheiro de terra molhada da Amazônia, marcada pela intensidade do sol do Norte e pela simplicidade acolhedora de Marabá, cidade que hoje é meu lar. Foi aqui que escolhi viver uma nova temporada da minha história, junto ao meu parceiro da vida, Daniel, e ao nosso pequeno grande amor chamado Gael — um ser humano de quase seis anos que me ensina diariamente a olhar para o mundo com frescor e curiosidade. Nossa casa é ainda mais viva pela presença de quatro gatos: Panicat, Paulinho, Pipoca e Petita recentemente adicionada à família após a perda da nossa amada felina Pobi Any.

Mas minha história não cabe apenas nos limites geográficos. Vivi quase vinte anos em São Paulo, cidade que me moldou com sua pressa, suas luzes, seus encontros e desencontros. Foi lá que construí parte essencial da minha identidade adulta, formei minha família e fui desafiada a crescer em todas as dimensões possíveis: profissional, afetiva, cultural. Ali, encontrei dores e delícias, e aprendi que mudanças, quando abraçadas, se transformam em capítulos indispensáveis.

Sou formada em Publicidade e sempre me reconheci na palavra escrita. Desde menina, fui fascinada por diários, contos, histórias inventadas que escapavam de meus dedos como se já estivessem guardadas em mim antes mesmo de serem escritas. Comecei a escrever ficção aos doze anos, e durante onze anos, dos doze aos vinte e três, cultivei diários que me serviram de abrigo, espelho e confidente. Eles registraram não apenas os fatos de minha vida, mas sobretudo as dores e a intensidade do que se sente ao atravessar o mundo em formação.

Em meio a essa paixão, mantive blogs, escrevi em portais como a Obvious Magazine e o Ativar Sentidos, experimentando estilos, formatos e linguagens. Escrevi sobre cultura pop, sobre cotidiano, sobre a leveza e o peso dos dias. Escrevi para sobreviver, para me reinventar, para não me perder. E escrevi também para me encontrar. Hoje, sei que todos esses registros — diários, blogs, artigos e rascunhos — são sementes que ainda podem germinar em livros, ensaios ou romances que sonho compartilhar com o mundo.

A música, tão essencial quanto a palavra, também compõe meu universo. Sou fã devota de Chico Buarque e Maria Bethânia, vozes que me ensinaram a costurar poesia e emoção. Sou amante de músicas dos anos 80 e 90, épocas que carrego como trilha sonora de minha vida. E, em paralelo a essa nostalgia, me rendi a novos encantos: o universo dos k-dramas, onde histórias profundamente humanas me atravessaram. Foi assistindo ao drama coreano Tomorrow que decidi iniciar uma nova graduação — Psicologia. Ali, entre lágrimas e reflexões, percebi que minha vocação não era apenas escrever sobre pessoas, mas também compreendê-las em profundidade.

A Psicologia me trouxe de volta à sala de aula, mas, sobretudo, me ofereceu uma lente nova para olhar o humano. É como se os livros de ficção que tanto li — com Cem Anos de Solidão no topo da lista dos meus favoritos — se encontrassem com os livros científicos e acadêmicos. Entre realismo mágico e dados empíricos, descobri um equilíbrio que me inspira: viver com fé no inexplicável, mas também com respeito pelas evidências.

Minha trajetória profissional também reflete essa paixão por gente. Durante quase uma década, mergulhei no mundo corporativo, especialmente em Customer Experience e Gestão de Pessoas. Passei por posições que me permitiram não apenas liderar, mas sobretudo desenvolver talentos, incentivar carreiras, fortalecer identidades. Descobri que minha maior vocação não era executar tarefas, mas sim lapidar pessoas, ajudando-as a reconhecer seus potenciais e a brilhar.

Hoje, além de estudante de Psicologia e escritora em essência, atuo como mentora de mulheres em busca de autoconfiança e autoconhecimento. Tenho orgulho de ser um ponto de apoio para aquelas que, em meio às transições de vida ou carreira, precisam de um olhar empático e de alguém que as lembre de que são capazes de reescrever suas próprias narrativas. Ser mentora é unir minha escuta à minha paixão pela escrita: é escrever capítulos junto com outras mulheres, mesmo que com canetas diferentes.

Meu interesse pelo universo feminino também me levou a criar um podcast. Gravei seis episódios sobre arrependimento materno, um tema delicado, muitas vezes escondido, mas que precisava ser nomeado. Esses áudios nasceram como cartas abertas para mulheres que, como eu, carregam a complexidade da maternidade — feita de amor profundo, mas também de sombras. A maternidade me transformou radicalmente: abriu novos caminhos de pesquisa, reflexões e narrativas que ainda quero expandir em textos, estudos e diálogos.

E, entre viagens externas e internas, também cultivo memórias. A cidade que mais me fascinou até hoje foi Londres. Caminhar por suas ruas foi como transitar entre capítulos de livros que eu já havia lido, como se cada esquina fosse uma metáfora esperando ser vivida. Londres me marcou como uma experiência estética e literária, uma viagem que permanece como inspiração constante para a mulher e a escritora que sou.

Aos 41 anos — ou, melhor, no auge da maturidade dos 40 anos — sinto que vivo uma fase de síntese. Já mudei de pele tantas vezes quanto os personagens dos romances que amo. Fui menina, estudante, profissional, líder, mãe, esposa, aprendiz de novo. Hoje, não preciso mais correr atrás de versões ideais de mim mesma: encontro alegria em ser quem sou, exatamente onde estou.

Carrego comigo valores que guiam não apenas minha carreira, mas minha vida: empatia, paixão, responsabilidade e influência. Acredito que não se trata de colecionar títulos ou cargos, mas de tocar vidas. E é isso que quero seguir fazendo: escrever, orientar, compartilhar, inspirar.

Entre letras e notas, vivo em busca da magia que se esconde no cotidiano. Acredito que felicidade não é ausência de dor, mas o encontro entre as pequenas alegrias e a coragem de encarar as sombras. Sou uma mulher que acredita tanto na poesia quanto nos dados, que coleciona diários e também gráficos, que se emociona com canções antigas e se deixa surpreender por narrativas modernas.

Sou Gabriela Tognini. Escritora por vocação, psicóloga em formação, mentora por paixão, mãe por amor. Mulher que escreve, que escuta, que sente e que transforma. Uma vida feita de capítulos intensos, linhas inacabadas e páginas em branco sempre prontas para serem preenchidas.

E, se minhas palavras chegarem até você, que seja como um convite para olhar para si mesma(o) com mais ternura e coragem. Porque no fundo, somos todos personagens tentando dar sentido à própria história.

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