“Quando uma música marca a vida de alguém, é lembrada em qualquer instante em que algo ligado a ela acontece. Pode ser uma pessoa, uma situação, uma viagem ou uma amizade. Não importa o que aconteça, sempre haverá uma música que fará parte da trilha sonora da sua existência”. – Luiz Augusto Rodrigues

Quem nunca teve uma música preferida ou uma playlist cheia de canções que mais marcaram sua vida? A música tem o poder de nos transportar para lugares imaginários e realidades paralelas, onde ficamos por horas perdidos em pensamentos e emoções.

Algumas canções marcam pelo ritmo, mas no geral, o que deixa lembranças mesmo são as letras que as compõem. Pensando nisso, que música seu corpo cantaria? O londrinense Luiz Augusto Rodrigues resolveu ajudar a gente a responder essa pergunta ao fazer o projeto Música na Pele, uma coletânea de cliques retratando pessoas com as letras das suas músicas favoritas escritas na pele.

Quando criança, Luiz Augusto Rodrigues queria ser jornalista, mas a vida decidiu o diferente e ele acabou enveredando pelos caminhos da fotografia. Começou ainda amador, mas recebeu tantos elogios que resolveu se aprofundar ainda mais nessa arte. Em 2012, uma ideia surgiu. Luiz escreveu no braço o trecho “I admit it’s getting better” de uma canção dos Beatles e tirou uma foto de si mesmo. A partir disso, ele decidiu montar um álbum no Facebook com apenas trinta fotos com esse tema. O que era apenas uma brincadeira, acabou se espalhando e ele começou a ser procurado por muita gente que também queria ser retratada da mesma maneira.

Luiz começou com um pessoal do meio musical, inclusive famosos como Zeca Baleiro, Roger Moreira (Ultraje a Rigor) e Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii). Depois muitos amigos, amigos de amigos e até desconhecidos acabaram entrando no projeto, que foi intitulado Música na Pele. Sem patrocínios ou incentivos financeiros, Luiz topa fotografar qualquer um que queira fazer parte do projeto, desde que dê uma carona pra ele. “O foco são as pessoas e o que a música significa para cada uma delas”, diz.

Para Luiz, trabalhar fotografando pessoas trouxe para sua vida o dom de enxergar além do óbvio. De ver até mesmo o que as próprios modelos não vêem em si mesmos, como se tivesse a capacidade de transformá-los em algo que eles sequer sabem que são. Com relação a seu projeto, ele considera gratificante extrair essa beleza oculta, como se pudesse dar voz a sentimentos inaudíveis através de um simples verso de música. Nesse sentido, ele consegue deixar registrado para sempre pequenas ou grandes histórias na vida de cada indivíduo captado por suas lentes. Tal qual uma tatuagem que se guarda na memória.

A escolha do tema do projeto tem um pouco a ver com uma certa frustração. A música está entranhada na vida de Luiz, mas ele se sente incapaz de compor ou cantar qualquer canção. Dessa maneira, fotografando pessoas para o Música na Pele, ele de certa forma conseguiu exorcizar os demônios da sua incapacidade musical.

Com o projeto, Luiz pode vivenciar momentos incríveis, onde escutou histórias felizes e tristes, fez amigos e também ganhou fãs. Um dos fãs adquiridos com o Música na Pele foi o músico Lobão, que incentivou o fotógrafo a dar continuidade ao belo trabalho.

O projeto deu tão certo e os elogios foram tão positivos na carreira de Luiz que ele decidiu transformá-lo em livro. Ao todo, foram 528 fotografias e a produção do livro foi bancada pelo próprio fotógrafo. Quem leva um exemplar para casa encontra uma página em branco, onde pode guardar uma foto com seu próprio trecho de música escolhido. Para ele o projeto nunca vai acabar, “…não é mais meu, é das pessoas. A maior recompensa são as pessoas e as histórias que eu conheci”, conta.

Para mais informações: www.facebook.com/musicanapele