Seus belos olhos verdes e o dom de compor canções que falam no íntimo feminino fazem com que ele tenha certo feitiço sobre as mulheres. Com um jeito tímido e voz melodiosa, ele afeta o coração e a alma de quem escuta suas músicas. Conheça agora um pouco da vida e história do poeta, do romântico, do malandro, do político, do amante.

Francisco Buarque de Holanda veio ao mundo em 19 de junho de 1944. Ele é o quarto dos sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda com Maria Amélia Cesário Calvin. Um carioca da gema, que já morou na Itália e tem os pés em São Paulo. Uma mistura de culturas que acabou influenciando a carreira de um dos maiores cantores da Música Popular Brasileira (MPB).

Chico nunca imaginou que um dia seria cantor, muito menos um ícone da Música Popular Brasileira. Mas ao ouvir o lançamento “Chega de Saudade” de João Gilberto em 1959, foi arrebatado de vez para o cenário musical. Nesse mesmo ano ele compôs “Canção dos Olhos” e, depois disso, ele não parou mais de compor. Seu primeiro compacto foi lançado em 1965 e continha duas canções: “Pedro Pedreira” e “Sonho de um Carnaval”.

O cenário no Brasil entre 1964 e 1985 era dominado pela Ditadura Militar[1], e nesse período a censura era quem ditava as regras. Em se tratando da esfera artística, esse momento do país foi bem cruel com cantores e atores. Chico Buarque e outros artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil estevam inseridos nesse contexto e sofriam com as imposições militares, o que prejudicava e muito a produção cultural. Chico participou de vários protestos contra a ditadura, como na Passeata dos Cem Mil[2] e na Campanha das Diretas Já[3].

Em meio a todo o caos causado pela ditadura, os artistas tentavam continuar produzindo e divulgando seus trabalhos. Nesse período, Chico participou de grandes festivais como o I Festival Nacional da Música Popular Brasileira (1965) e o II Festival de Música Popular Brasileira (1966), onde a música “A Banda” empatou no primeiro lugar com “Disparada” de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues. Por conta do sucesso de “A Banda”, Chico lançou seu primeiro LP pela RGE, Chico Buarque de Holanda (1966). Com a música “Carolina” ,ficou em terceiro lugar no II Festival Internacional da Canção (1967) e venceu o IV Festival de MPB da Record (1968) com a canção “Benvida”.

Chico foi casado com a atriz Marieta Severo (1966 a 1999), com quem teve três filhas, Sílvia, Helena e Heloísa. Em 1969 se exilou na Itália e lá compôs canções para os LP’s Per um pugno di samba e Sambas do Brasil. Em 1970 voltou ao Brasil para enfrentar a ditadura e lançar seu quarto LP Chico Buarque de Holanda - Volume 4.

Sempre cercado de bons amigos, Chico realizou algumas de suas grandes obras em parceria com nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Nara Leão, Edu Lobo, Maria Bethânia, entre outros. E além de compor para festivais e projetos próprios, Chico também colaborou com a produção, música e até atuação em alguns filmes, novelas, musicais e peças teatrais. Escreveu as peças Roda-Viva (1967), Calabar, ou o elogio ou a traição (1973) em parceria com Ruy Guerra, Gota D’Água (1975) em parceria com Paulo Pontes e Ópera do Malandro (1977), entre outras.

Fez canções para os filmes Dona Flor e seus dois maridos (1976) de Bruno Barreto e Bye Bye Brasil (1979) de Cacá Diegues. Também compôs, em parceria com Edu Lobo, o repertório para o balé O grande circo místico. Além de seu trabalho como compositor e cantor, Chico se arriscou em papéis como ator e fez pontas em filmes como Garota de Ipanema (1967) e Quando o carnaval chegar (1972). Também compôs músicas para novelas como a canção “Maninha” na novela Espelho Mágico (1977). É autor de 7 livros, entre eles Benjamin e Leite Derramado.

Chico já foi interpretado por grandes artistas como Milton Nascimento em “Beatriz” e Cauby Peixoto em “Bastidores”. Mas algumas de suas canções ganharam um toque especial quando interpretadas por mulheres, principalmente por conta de seu “eu lírico” feminino, que retrata temas a partir do ponto de vista da mulher. Alguns destaques vão para Elis Regina em “Atrás da Porta”, Maria Bethânia em “Olhos nos Olhos” e “Teresinha” e Nara Leão em “Com açúcar e com afeto”.

A discografia de Chico tem em torno de 80 discos, entre solos, parcerias e compactos. E cada canção que compôs, esteve de certa forma, inserida no momento em que o Brasil vivia. “A Banda”, “Samba de Orly”, Pedro Pedreira”, “Roda Viva” e “Apesar de Você” são alguns exemplos. “Construção”, inclusive, é considerada uma das maiores músicas brasileiras já produzidas. Atualmente, Chico Buarque mora no Rio de Janeiro e de vez em quando presenteia os fãs com turnês em algumas cidades brasileiras. É possível acompanhar novidades e agendas e shows em seu site oficial[4].

Curiosidades: Apareceu nos jornais pela primeira vez ao ser preso por roubar um fusca velho para dar voltas pela cidade em 1961.

Para driblar a censura, criou os personagens Julinho da Adelaide e Leonel Paiva para assinar suas canções.

Apresentou ao lado de Nara Leão o programa musical Pra ver a Banda Passar em 1967.

Esteve entre os artistas que cantaram o jingle Lula Lá[5] na campanha de 1989 em que Lula perdeu para Fernando Collor de Melo. Atualmente continua declarando seu apoio ao Partido dos Trabalhadores.

Chico é torcedor fanático do Fluminense.

Namora a cantora Thaís Gulin.

Fontes:

Livro Histórias de Canções (Wagner Homem, ed. Leya, 2009) Site Oficial Chico Buarque: http://www.chicobuarque.com.br/
Wikipédia; http://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Buarque#Int.C3.A9rpretes_de_Chico_Buarque

[1]https://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_militar_no_Brasil [2]http://pt.wikipedia.org/wiki/Passeata_dos_Cem_Mil
[3]http://pt.wikipedia.org/wiki/Diretas_J%C3%A1
[4]http://www.chicobuarque.com.br/construcao/index.html
[5]http://www.youtube.com/watch?v=bbWFXMvhIjE&feature=youtu.be