Nada mais entediante que as dezenas, centenas, centenas de milhares (Ops! Olha o exagero! Exagero?) de expressões chavões que encontramos nas redes sociais! Alguém resolve descrever em quatro palavras ou duas linhas uma situação política, social, econômica, cultural ou qualquer outro tema que apresente diversas camadas de complexidade e termina a frase com a melhor conclusão de todas: “Simples assim!”, como se fosse a chancela síntese para a incrível constatação que acabou de descrever. Quando ouço este bordão tremo, entro em curto-circuito e imediatamente desqualifico tudo que acabei de ler ou ouvir. Imagino de imediato “Puta que pariu! A pessoa realmente acredita que isto é algo “simples assim”?!”. “Sonhando alto” imaginam realmente que tudo é “simples...”, não vou repetir. (Ops! Usei outro bordão!).

Alguém numa viagem especial dispara “Sonhando alto!”. Poderia descrever o que te impressionou no local, a paisagem, as pessoas, a cultura, um detalhe específico do lugar, uma planta, um edifício, uma história, o porquê de estar se sentindo feliz naquele local, mas prefere “sintetizar” no “Sonhando alto”. Seria realmente a melhor expressão? A pessoa teve dinheiro ou utilizou o seu crédito para realizar aquela viagem. Está desfrutando o que é possível desfrutar, por que seria “sonhar alto”? Sonhar alto não seria ganhar na Mega Sena? Namorar a Gisele Bündchen ou o Brad Pitt? Ou qualquer outra coisa bem difícil (quase impossível) de materializar? Para que banalizar o “sonhando alto”?

“Tá pago!”

A primeira vez que vi esta fiquei sem entender! Pensei: A pessoa não tinha pagado a mensalidade da academia? Só conseguiu pagar agora? Comprou o equipamento de ginástica? A roupa? O tênis? O que finalmente foi pago? Minha esposa então me explicou que significava que o treino estava pago. Pensei “Pagou o Personal Trainner”? Continuei sem entender e voltei a questioná-la o que significava exatamente. Então ela foi mais didática e explicou que a pessoa se sentia pagando um compromisso com o seu próprio corpo em função do treino realizado, saldando uma dívida. Então entendi, mas confesso que ainda me soa sem sentido!

Ora, se escolho um esporte deveria gostar de praticá-lo. Por que raios me sentiria “pagando”? E antes que alguém comente “Ah! as vezes praticamos um esporte que não gostamos”. Não seria mais fácil trocar até encontrar aquele que tenha afinidade? Movimentar-se é função crucial do corpo. Mas tudo bem “tá pago” “viralizou”!

E as “trends” corporativas... risos, muitos risos... estas são horripilantemente hilárias! Fico sempre imaginando “será que quem diz acredita neles?” e “os que ouvem, acreditam?”. Como um grande eco (eco, eco), ressoam como um pandemônio de papagaios “Loro! loro, dá o pé loro! Curupaco! Curupaco! Dá o pé loro!” Não acredita? Então, te convido a “pensar fora da caixa!”, “focar no resultado”, “vestir a camisa”, “agregar valor”, “ter proatividade” e “mentalidade de crescimento”.

Ah! Mas, na maioria das vezes, não pense realmente tanto “fora da caixa”, pois corre o risco de tornar-se “disruptivo” e talvez não seja bem-visto. O convite do “pensar fora da caixa” costuma significar apenas para ser empático com ideia que o chefe está lhe apresentando. “Simples assim” (ops! Ato falho!). E os posts encantados da rede virtual profissional? Um capítulo adicional... “Nesta semana estive no encontro... “, “Parcerias sólidas...”, “Aprendi muito com...”, “Reflexões sobre...”, “Dicas para...”

Ainda está aqui? Parabéns! Você aguentou firme, afinal este texto “não é sobre” criticar os chavões do mundo virtual, mesmo do real; “é sobre” refletir sobre o excesso da sua utilização. Tenho certeza de que a minha professora de redação do ginásio (atual fundamental 2) tiraria alguns pontos da minha redação se iniciasse um texto desta forma. O “Não é sobre.... É sobre...” parece o bolorento “Venho por meio desta...” das antigas correspondências, que se fossem escritas por nossos avós ainda transformavam o “desta” em plural e incluíam um “mal traçadas linhas” neste arcaico vício linguístico. Realmente precisamos dele? Outro dia, na tentativa de se atualizar na comunicação com os netos a minha sogra disse “bloguei!” para se referir que tinha ficado confusa. Automaticamente meu filho a corrigiu e sorrimos.

Alguns chavões nem são tão novos assim, parecem apenas reciclados no mundo virtual... "É cada uma que me aparece...", "Pode vir quente, que eu estou fervendo!", "A vida me fez assim...", "A vida é uma caixinha de surpresas", "Tudo acontece no tempo certo", "O importante é ser feliz"...

Nem vou me enredar nos bordões televisivos, pois todos são “Monstros sagrados!”.

"Sei como você se sente, mas..."

"Se você não concorda, não me segue"

"Se não gosta, senta e chora"

“Pronto, falei!”

Muitos “memes”?

“Bugou”?

Tudo bem! Nem tudo está perdido! Podemos sempre pedir socorro a Santa IA. Abaixo solicitei a ajuda do ChatGPT para me definir o que seriam os bordões:

Os bordões da internet são expressões, frases ou palavras que ganham popularidade e se espalham rapidamente entre os usuários das redes sociais, fóruns, chats e outras plataformas digitais. Eles surgem de memes, vídeos virais, programas de TV, jogos, influenciadores ou acontecimentos marcantes e, muitas vezes, ultrapassam o ambiente virtual, entrando no vocabulário cotidiano.

“Simples assim!”

Que tédio!