No Brasil de hoje ficou decretado que é o país perfeito para os poderosos corruptos. A justiça e o sistema judiciário se transformaram na maior palhaçada de todos os tempos. Podemos observar os recentes casos de João de Deus, o “médium-monstro” do interior de Goiás, e Paulo Maluf, ex-prefeito e também ex-deputado pelo estado de São Paulo, ambos presos em regime domiciliar.

João de Deus e também no [link] foi condenado por violação sexual envolvendo oito mulheres, além das condenações por porte ilegal de armas e falsidade ideológica. A pena soma mais de 64 anos em regime fechado, porém, por determinação da “justiça”, o médium-monstro vai cumprir a pena em regime domiciliar ., como vinha cumprido no último ano de 2020, sob o pretexto da avançada idade de 78 anos e também o risco de morte por pertencer ao grupo de risco do covid.

Paulo Maluf foi condenado a mais de 7 anos de prisão em regime fechado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, além do desvio de centenas de milhões de reais, quais poderiam ter sido investidos de forma adequada nos setores públicos. Entretanto, devido a idade de 85 anos e condições graves de saúde, foi autorizado pelo Ministro do STF, Dias Toffoli (porque eu não estou surpreso...) que ele, assim como João de Deus, cumpra sua pena em regime domiciliar.

Existe uma série da Netflix que eu gosto muito titulada “O Mecanismo”, onde em um dos episódios, quando os empreiteiros corruptos estão presos e definhando na prisão, a delegada Verena da à ordem para tirar o cobertor de um dos empreiteiros. Porém, o agente da polícia federal se recusa a tirar, e alega que aquilo é uma prisão, e não Guantánamo. Daí vem o narrador e diz assim: “os caras matam na fila do INSS, matam nas favelas sem esgoto, matam na guerra urbana sem fim, e depois vem posar de vítima, como se o problema do Brasil, fosse excesso de justiça...”.

Em países sérios pessoas como João de Deus e Paulo Maluf apodreceriam na cadeia. E em países mais sérios ainda, eles nem estariam mais aqui pra contar história. Mas não. Brasil é o país da mamata. Onde as penas são reduzidas por “bom comportamento”, idade avançada e problemas de saúde. Onde bandidos podem sair da cadeia em dias de feriados para aproveitarem o momento com a família.

E daí vem à tolerância. Temos que ser tolerantes e compreensivos com as pessoas que um dia foram um dos maiores criminosos da história de um país. E daí eu pergunto ao Dias Toffoli e a justiça de Goiás: vocês seriam tolerantes com João de Deus caso ele tivesse violado a sua filha? Ou com Maluf, caso o seu filho tivesse morrido por falta de atendimento em algum hospital?

Em 1990 Fernando Collor de Mello, ex-presidente do Brasil, prometeu acabar com os “Marajás”. Trinta anos depois, em 2020, Jair Bolsonaro prometeu que “a mamata iria acabar”. Mas como podemos perceber, a mamata no Brasil ainda vai durar, e muito, arriscando-me a afirmar que, para sempre.