Finalmente, o verão!

Quatro anos morando fora, num país que não é meu e com estações do ano mais definidas, que a época mais aguardada do ano é o verão. É nesses três meses do ano que tudo acontece, é por aqui que minha história toma algum sentido.

No outono e inverno com chuva, vento e frio e com as temperaturas baixas, o baixo astral é geral. Com o frescor da primavera, os dias começando a ficar longos e sol virando companhia, o nosso humor por aqui vai de 0 a 100 rapidamente.

Para cada estação existe uma personalidade e gênero musical ao fundo. Acaba a temporada de agasalhos, preguiça, vitaminas c, d em pílulas e agora longas caminhadas ao pôr do sol, ler livros em jardins, banho de sol e contemplar a vida na natureza sempre que possível. Abraços que curam a alma, um novo capítulo pronto pra ser vivido.

O verão está quase a bater na porta e já me coloquei como protagonista de um filme clichê de comédia romântica, com direito a trilha sonora própria, pôr do sol, biquíni, praia, drinks e festas pra celebrar a época do ano em que mais sinto a vida pulsar e acreditar que tudo vale a pena, como consequência espero mais amores de verão e novas memórias ao lado dos meus amigos.

No dia 21 de junho, data oficial da temporada. As ruas já vibram na espera da estação, aqui no Porto o que marca oficialmente a temporada é a noite de São João, cuja festa dura a noite inteira e todos entram numa harmonia como numa noite de ano novo. Pra mim, o verão é aquele momento em que o sol e calor se torna a minha direção de recarregar de energia pessoal. Lembro que quando morava em Recife, reclamava daqueles dias quentes, suor e não poder usar maquiagem que durasse, aqui com tantos meses longos de frio, sem mergulhos no mar e todo o resto, percebo que uma filha do sol, como eu, nordestina raiz, não consigo ser tão feliz como sou no verão.

Europa, europa, eu – ro- pa, quem diria?

Já alguns anos por aqui e é mais que evidente como a mudança do clima afeta no humor das pessoas, incluindo o meu. Meu estado de letargia passa e o pulsar de vida, reacende. As ruas começam a ficar mais cheias, bares abertos até mais tarde, uma crescente onda de turismo que ajuda a preencher cada canto da cidade, ajudando a economia de todo o Distrito. Portugueses, Brasileiros, Italianos, Franceses, Alemães e por aí encontramos um pouco de tudo, cultura dentro da cultura, rever a cidade por uma nova perspectiva, uma energia de vida e que tudo é possível.

Começam os festivais de músicas e gastronomia, festas aguardadas durante o ano todo, os casacos guardados e as cangas de praias retiradas para uso quase diário. Com os dias longos, as praias se enchem até mais tarde, se não para pegar um bronze, todos correm pra admirar o pôr do sol, seja no calçadão ou numa mesa da esplanada. O país todo vibra. Assim como no Porto, as demais cidades de todo o continente europeu celebram o tão aguardado verão.

Paris, Madri, Barcelona ou Roma, não importa o lugar que perceberá a mudança drástica de temperatura e costumes. Europeus, sendo muito mais reservados que nós brasileiros, também se rendem a euforia fora de época. Sei agora que morar fora e aprender apreciar cada pequeno momento de um dia bonito, me faz perceber a quão brasileira eu sou e como minha brasilitude tá aqui presa dentro de mim. Eu gosto de rir alto com meus amigos, ser simpática, sociável e dar um jeito em tudo, mesmo quando nada parece ter solução.

O morar fora é isso. Uma eterna escola da vida nos mostrando que não importa onde se esteja, sempre estaremos rindo diante do caos que é toda a confusão do mundo adulto, a intensidade nas relações, o afeto, o carinho de ter bons amigos que se tornam nossa nova família. No verão eu lembro com muito mais orgulho que eu sou, eu sempre serei brasileira, vinda de um país tropical, de um estado caloroso em todos o sentidos.

Eu sinto uma falta tremenda de casa, porque nada é tão nosso quanto nosso país, nosso lar, onde estão as pessoas que eu mais amo, e mesmo já não sendo minha realidade, eu estarei no mundo celebrando o verão em países europeus da melhor forma que posso fazer, cheio de tudo que o jeitinho brasileiro tem. Não posso me esquecer disso nunca, que meu coração pulse vida nessa estação e nas próximas.

Já se vão quase 6 meses do ano, tão pouco tempo e ainda assim tão cheio de tudo. A vida acontece nos intervalos a cada instante, fazemos tantos planos pra tudo e somos tão cheios de sonhos que nos movem, mas é nesses instantes que a mágica acontece. Aqui estou a espera oficial de um novo capítulo, numa nova estação, presa no meu próprio filme e na espera dos momentos maravilhosamente inesperados, são eles que nos impulsionam pra frente, o resto é detalhe.