Uma semana após escrever da possível e hipotética confirmação do acordo de livre comércio entre 'Mercosur y' União Européia, que há 25 anos ou mais, é debatida, comentada e publicitada, já temos acordo! Mas, ainda apenas um acordo intencional. Preciso então será comentar o máximo possível, desta ação macroeconômica moderna:
Primeiramente que, rejeitada no passado em cada lado do Atlântico, por motivos peculiares e relativos às várias vantages comparativas e absolutas destas regiões, se viu obrigada a iniciativa de efetivar-se, devido à geopolítica económica internacional atual e futura que se desenha. Entretanto, o lado mais necessitado de melhorias das suas realidades macroeconómicas, dentre elas produtividade e distribuição de riqueza, sofreu resistências intransponíveis internas. Políticas executadas e apenas estas, para desconstruir ou neutralizar o que depois veio a dar continuidade. Forçados pela realidade moderna das guerras comerciais, cambiais e algumas quase civis - como as até cómicas, entre canhotos e destros - que os próprios provocaram.
Surpreendidos pelas realidades das 'tempestades perfeitas' vieram a se desmentir perante uma antiga geração contemporânea da história, que a nova não conhece e, tecnicamente, nem aqueles. Se não fosse pouco, encerraram os cursos de graduação em 'international business', na mesma década passada, substituindo os dos negócios por graduações de relações internacionais, de estrutura curricular política e portanto, abstrata e sem as disciplinas técnicas, exatas e de raciocínio lógico necessário e fundamental, voltadas ao empreendedorismo de âmbito internacional. Tão importante diga-se de passagem, como foi para aquelas nações que alcançaram uma renda média alta, conquistada com produtividade científica e económica associadas, durante os últimos 40 anos, a exemplo dos Tigres Asiáticos. E que obviamente, serviram de experiência prática para a tal líder regional, segunda maior economia mundial contemporânea, a China.
Suspeita-se até ser proposital e intencional, uma vez que após a globalização moderna dos anos 1990, da qual a União Européia e o próprio Mercosul serão filhotes; além da natimorta ALCA1, também o NAFTA, etc. Uma vez que, o Ministério do Comércio Exterior brasileiro inclusive, era dirigido pelo maior executivo das exportações de carnes de Santa Catarina, a BRF (Brazilian Foods); e o Banco Central foi dirigido pelo antigo presidente do extinto Bank of Boston, quem desvalorizou o câmbio através de swaps cambiais2 inconstitucionais que, tornou as pequenas exportações inviáveis durante todos aqueles anos. Sem contar as exportações de pescados que, continuam impedidas ao mercado Europeu, após a famosa desconstrução deste mercado específico, em 2013, com o fechamento temporário das muitas processadoras no mesmo Estado brasileiro. Tudo correlato e complementar, ou substituto, quando se fala em proteínas.
Assunto que dá algum pano para a manga macroeconómica. Curioso é perceber que tudo isso veio à tona e, concluiu-se décadas após os primeiros indignados escreverem e darem assim o primeiro tônus a está matéria, que já finalmente começa a virar de domínio público, em literatura específica. Para tal, é importante salientar que os países associados ou observadores destas Uniões Aduaneiras, como o são os BRICS e a CPLP3 entre outros, também serão beneficiados direta e indiretamente pelas benesses deste Comércio Exterior. Ao passo que os alimentos do agronegócio poderão alcançar ampliação de mercado e portanto, competir com os concorrentes subsidiados europeus, reduzindo inflação e por conseguinte, preços finais ao mercado consumidor, os industrializados inclusivamente oriundos das mesmas matérias-primas conhecidas por commodities, também baratearão.
A tecnologia por sua vez, sofrerá o mesmo reflexo e provocará maior competitividade e deflação nos produtos industrializados, dos mercados protecionistas de suas indústrias estagnadas e caras, que lucram às custas de impostos acumulados e mão-de-obra braçal e administrativa, antiquadas. Portanto, o custo nacional representado por infraestrutura deficiente, incapacitação intelectual, tributação e Estado ineficientes, sofrerão a imposição da mão-invisível econômica internacional sobre si. Corrigindo estas todas imperfeições que foram construídas artificialmente, e até inconscientemente, muitas vezes por ausência intelectual de conhecimento abrangente e curioso, d'algum manso inquiridor privado. Disse já algum estudo recente português, disponível em inglês e de curtíssima metragem que, este é um revés de origem genética.
Mais curioso ainda é, terem assistido os profissionais aduaneiros e do Comércio Exterior em geral, estes mesmos boicotadores de possíveis avanços nos idos anos 1990, destruirem e impedirem os avanços da época, hoje arvorarem-se em reconstructores do danificado, em que as gerações das décadas perdidas se viram roubadas no tempo. Retardados impostos que, em sã consciência, só poderiam reconfortar-se pacientemente num exílio turístico e, ou intelectual, de aprimoramento e espera. Não faltarão os pregadores do futuro, e do presente, que sequer conheceram ou relembram d'um passado recente. Alguns falam da China moderna, outros dos EUA antigo, muitos de ambos simultaneamente e poucos da interdependência e correlações entre si, desde a década de 1960 quando este futuro começou a ser desenhado, pelos líderes de então. Muitos leigos opinarão com argumentos confusos mas convincentes, que outros leigos acatarão desavisadamente.
Todavia, os escritos técnicos e as análises estatísticas juntamente com os factos legais e ilegais dos casos práticos, comprovarão falácias e más intenções, refletidas no custo eclético dos seus descendentes, vítimas de seus próprios antepassados, crentes em benefícios imediatos e particulares que, novamente o inconsciente venha a recobrar...
Nada que novos ciclos macroeconómicos, digitais, religiosos, bélicos e naturais, não venham a transformar, adiar e postergar, até acelerar ou atrasar, dependentemente das relações transversais que estas humanidades culturais venham a intercambiar ou, evitar. Aqueles líderes morreram, enquanto os novos ainda aprendem e testam, errando. Quiçá estudassem mais, com mais solidariedade e calma madura, para errar menos e com menos tempo hipotecado, que custosamente não volta mais.
Notas
1 Associação de Livre Comércio das Américas.
2 Contratos futuros de câmbio.
3 Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.