Pensar na justiça social é algo fundamental. Por vezes, valorizamos mais a caridade. A caridade é um valor religioso central, essencial, seja do cristianismo, seja de outras religiões. No entanto, é primordial que a dimensão da justiça social tenha prioridade, uma vez que as pessoas não precisam viver de esmolas e sim terem condições mínimas de estudo, para assim se prepararem bem, para exercerem na sociedade os mais diversos papéis sociais com dignidade.

Justiça social não é comunismo, mas sim condições mínimas para que todos tenham sua dignidade humana preservada. John Rawls em A justiça como equidade trabalha a ideia da equidade no sentido de que aqueles que estão nas piores condições estejam em condições mínimas de dignidade. Diferenças sociais fazem parte do sistema capitalista e da própria lógica da justiça de dar a todos conforme seu merecimento; no entanto, a meritocracia absoluta é alvo de questionamentos na medida em que as pessoas não partem das mesmas condições para disputarem espaço na sociedade.

Neste contexto, é de grande importância que pensemos na questão da justiça social que deve ser mediada pelo Estado. No contexto neoliberal, apregoa-se um Estado Mínimo quando se trata de investimentos em saúde e educação e outras situações sociais, mas quando se trata de atender empresas donas de grandes segmentos no mercado, a proteção às empresas é máxima. É comum ver manchetes de jornal que o governo de tal país irá ajudar tal banco a superar uma crise financeira ou uma empresa que está a falir. Ajudar bancos é facultativo para o Estado atender a esta demanda? Se for para atender demandas sociais, o Estado está falido e deve ser mínimo.

Justiça social é efetivada na medida em que todos os cidadãos tenham condições de se educarem para o exercício da cidadania e para a prática do mercado de trabalho. Às vezes, alguns países preocupam-se em manter programas sociais assistencialistas por períodos muito longos, sem preocupar-se em superar gargalos do sistema educacional. Immanuel Kant afirmava que a pessoa humana é o único ser que precisa ser educado e isso além de essencial é fundamental para uma sociedade sempre lembrar. A educação é sempre transformadora na medida em que abre espaço para aprimorar aptidões, desenvolver a liberdade e possibilitar uma existência a partir de valores éticos fundamentais. O direito à educação é um direito humano fundamental para que as pessoas deixem de precisar de caridade e possam, ao contrário, contribuir com ações caritativas que sempre são bem-vindas.

Menos assistencialismo é fundamental para a independência das pessoas, mesmo que seja algo a longo prazo. Ao contrário de assistencialismo, seria fundamental que os governantes se preocupassem em gerar empregos. Sem gerar empregos, não há desenvolvimento. E aqui entra o papel fundamental da educação, na medida em que, é pela educação que as pessoas podem se desenvolver integralmente, pessoal e profissionalmente.

Diminuir impostos é uma questão de justiça social também, porque os impostos podem tornar a população quase como que escrava de situações de opressão na sociedade. Válido ressaltar que é preciso questionar altas taxas de impostos que não revertem-se em melhorias para a população. Do exposto neste artigo, queremos destacar que é preciso sim respeitar a liberdade, o mérito pessoal, mas é preciso garantir que todas as pessoas na base tenham as mesmas condições iniciais de iniciar uma jornada de desenvolvimento pessoal e profissional. Assim, que superemos a supervalorização da caridade em lugar da justiça social. É necessário ajudar os mais desfavorecidos, mas também é necessário questionar as situações de desigualdade na sociedade. É preciso um Estado que pode ser mínimo para os pobres, mas que seja mínimo também para as grandes corporações capitalistas. E pensar numa sociedade com justiça social é entender a relevância da mesma para a constituição de uma sociedade democrática, justa e que dê condições para que todos tenham vida e vida em abundância.