Três neurônios ainda passeiam frequentemente no meu hipocampo e no meu córtex. São eles o Al, o Zhei e o Mer, que não podem se unir na minha mente — um cérebro fértil e mal aproveitado — com exceção de junções de dois, alternadas: Alzhei, que provoca lufadas de significado búlgaro em meu cérebro — olá, ei — o que me faz gostar de conhecer pessoas; já a união que resulta de Al + Mer, "Almer", traz uma conotação que remete ao árabe: amargo. Assim, por meio da análise combinatória, busco exercitar a mente enquanto convivo com agruras políticas e a insensatez do que se diz humano no Brasil, evocando lembranças do primeiro amor, das primeiras professoras, que invariavelmente se tornaram nossos primeiros amores, dos sabores da boa comida — adoro a culinária mediterrânea —, dos bons vinhos e de tantas amizades; ah, e das surras.

Nossa! Lembro-me de ter levado uma surra de murro, outra de corda, e eu nem era tão levado assim. Imagine uma criança cuidada na casa de parentes do pai, que provocava reclamações por gostar de vender balas e doces na rua, jogar bola fora dos horários de almoço e jantar — sempre havia arroz e feijão na mesa de minha mãe de criação. Aos 11 anos, magrelo, era espancado por um pai forte e, talvez, bêbado. Acho que a causa foi ele ter me carregado, criança, por mais de três anos Brasil afora, e eu me tornei, novamente talvez, um estorvo, por conta da separação daquela mulher amada, quando eu tinha 3 a 4 anos de idade. São reminiscências já aterrorizadas pela junção de outro neurônio aniquilado, teimoso e acusador.

Nunca poderá ocorrer a combinação dos três neurônios; aí será uma desgraça. Se ocorrer, me vejo no telhado olhando a vizinha na piscina — idêntica à atriz inglesa Rosamund Pike. Essas siglas, que nomeiam meus neurônios, provocam uma masturbação mental com minhas hipóteses sobre a Teoria da Ponte de Rosen-Einstein, na qual indico que sofremos como felinos, que têm sete vidas. A cada morte, pegamos um novo rumo e damos sequência a partir daquele instante, continuando a crescer, viver e morrer nas dimensões que Rosen e o famoso Einstein indicam no tempo e no espaço. Daí, ficamos surpresos com o constante 'déjà vu', pelo menos comigo, quando você tem certeza de já ter passado por aquela situação, o que na verdade está simultaneamente seguindo a vida por duas, três dimensões em várias pontes. Creio que ainda tenho cinco pontes de sobra; quem viver, verá!

E o que vou dizer, se os neurônios se unirem numa vingança espetacular e formarem o Alzheimer? Enquanto não se unem, questiono o que poderia falar também da Síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional, que não aceitava o mau profissional ao meu lado, quando em agências de publicidade, de marketing, assessorias de imprensa. Apresentava quadro de "distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultantes de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade". Vi várias vezes ele usando cocaína e barbitúricos que o levavam muitas vezes a agressões homicidas e suicidas. É uma escolha. Estou fora dessa, diria em Salvador, uma das capitais que amo — sou cidadão do mundo.

Tenho vivido na junção dos neurônios que remete ao amargo. Não nos preparamos para a velhice. Não nos contentamos com as marcas dos anos.

Não nos contentamos com as marcas dos anos. Não nos aceitamos fracos, tampouco esquecidos. Não enxergamos certos modismos como uma fábula dos sonhos; ao contrário, vemos formas belas e cabeças inúteis: camarões rosas são um belo exemplo de parte da juventude doutrinada nas faculdades brasileiras e também no exterior. Eles representam um problema mundial dos que apenas comem e dormem, impondo-se como o meio e fim, certos de seus direitos a partir de suas próprias concepções do mundo. Isso é ageísmo, etarismo e idadismo, que expressam a discriminação e o preconceito em razão da idade das pessoas. E aí vem o medo imposto pelas ações joviais do século XXI, que devem achar normal um homem fazer cirurgia de 'cuzariana' realizada por um 'TransPai'. (Sic?)

Hoje, vou me permitir raciocinar apenas com o neurônio 'Al', que remete à palavra All, 'todos' em inglês. Vejam que o cérebro entendeu melhor que a IA e acrescentou um L; entendam bem, não fui eu quem fez o L: aqui no Brasil, quem o fez é considerado demente, apelidado de jumento...

Prefiro acreditar que minha mente fervilha e se encanta pela Língua Portuguesa, a mais linda do mundo; tenho uma admiração profunda, que me lembra a professora Malource: singular, simples, transmitindo dos olhos reluzentes paz, acuidade e postura materna. Ela foi requisitada por Deus ano passado diante de tantas blasfêmias de jovens no céu. Com sua doçura e encantamento baianos, ela deve estar ensinando Português até para o Criador. Doutora em Semântica, a 'pró' Malource, aos 80 anos, provocava inveja, admiração e notabilidade, um sinal de infinito aos que eram e são próximos. Perdi a mão tentando buscar apoios para a publicação do livro de sua autoria 'Língua Portuguesa no Uso da Semântica – Nova Ortografia, 1ª Edição', que ocorreria em dezembro de 2011 e seria um ótimo guia para a norma de Língua Portuguesa adotada no Brasil desde 2002, e ignorada pelos países signatários.

Rendo homenagem à 'minha mestra com carinho', porque professora baiana do nível da 'pró' Maria de Lourdes de Cerqueira Albergaria não nasce, estreia!

Ansiedade

A vida é breve devemos vivê-la;
Porém, ter muito cuidado para não cair
Em um lamaçal profundo, onde se grita, se clama.
E não há ninguém para ouvir.

Os dias neste mundo são difíceis; mas, são bons;
Só que é misterioso... tudo o que há ao nosso redor
É sempre duvidoso... a cada dia que passa, sempre vem a ansiedade.
Em todas as horas nada é certeza
O será predomina em tudo e às vezes vem a tristeza.

Corações geralmente vazios... sem
esperança, sem muito amor, sem felicidade;
Não se sabe o porquê de tanta frieza; pais com filhos, irmãos com irmãos,
Parentes, amigos, colegas, marido, mulher
Sempre aquela mesma ansiedade; até nas mínimas coisas
Sempre estamos ansiosos...

A dúvida sempre presente; serão dias amargos ou ditosos?
Enfim, existe algo muito importante,
Que pode o problema resolver
É confiar em Jesus Cristo, o grande mestre,
Esperemos nele, para só vencer!

(Malource: Maria de Lourdes de Cerqueira Albergaria - Salvador, BA, 1986.)

Portanto, hoje em dia mantenho usualmente o neurônio All ativado, que me traz muitas lembranças, ótimas e perfeitas, tal qual um orgasmo cósmico na criação do mundo, perpetrado na ejaculação e gozo feminino.

Antes de começar este artigo, estava me debatendo com uma das frases dos tantos livros da escritora Virginia Woolf, aqui reproduzo a do livro 'Orlando, a Biografia':

"Olhares e pensamentos são invisíveis, porém encarceram com mais frequência e severidade que prisões implacáveis. Para desfazer esse feitiço, temos que nos lembrar de sua natureza imaterial. Sim, porque os olhares dos outros só se formam em imagem se refletidas nas rejeições que nutrimos; e os pensamentos dos outros só nos alcançam porque os refletimos em recalques e inseguranças em nosso próprio pensamento. O tempo todo, temos a chave desta prisão e gaiola nas nossas mãos. O olhar do outro só é um calabouço, e o pensamento do outro só é uma masmorra, se você não perceber que a sentença é sua, que o juiz é você... Conceda a si mesmo um habeas corpus, ('que tenhas o teu corpo') ou melhor dizendo, um habeas anima ('que tenhas tua alma')."

Vou continuar a leitura para uma resenha após a conclusão do artigo; falta apenas um detalhe, sem meter o dedo na ferida humana do 'suicídio'...

Certa feita, quando ainda jovem pulsante, cunhei a frase "o sol é a brasa do baseado de Deus", pontuando as lisergias promovidas pelo que não é bom para a cabeça, memória, mente e raciocínio, mas sou entusiasta da criação em seu esplendor; do contrário, não aplaudiria a alvorada, tampouco o pôr do sol no Arpoador, praia de Ipanema aqui no Rio — detalhe: a única droga que uso se chama Heineken, nos fins de semana ou quando me dá na telha, sorvo com o esmero de um bon vivant.

Então, posso me dar ao luxo, enquanto idoso, de ser jovem o mais velho possível, ignorando as rejeições 'fique calado', 'pare de falar', 'fala muito' e, a pior delas, 'ignorado' quando você comenta o assunto em debate e não é ouvido. A partir desse ponto, vou para minhas interjeições, minha ordem, minhas emoções, minha razão: posso falar do amor, das declarações de amor nas minhas músicas, poesias, às mulheres lindas que ainda me cativam. Sou idoso, muito jovem rumo aos 100; afinal, nasci no meio do século XX e estou muito próximo do meio do século XXI. Que se danem os estranhamentos, porque frequento locais 'específicos' para jovens — eles acham, não creem; eu creio e não acho. Perto de meus 69 anos, me deram uma bagagem colossal de palavrões contra determinadas agressões que merecem retorno ao oponente, imbecis. E uma delas pulou na admiração de gringos no Brasil, quando eles têm acesso ao acervo e linguagem comuns desses palavreados; gostam muito quando retrucamos: 'arrombado'!

A junção dos três, meus neurônios, vai aguçar o Alzheimer, uma doença cuja causa ainda é desconhecida, mas que creio ser a causa ignorada. Com muita ironia, vejo que os coitados proprietários de laboratório, chamados big techs, precisam sobreviver dos milhões de dólares — cá entre nós, esse diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, é um pulha, verme do dinheiro —, e alguém deve morrer para diminuir a população mundial, que somos nós com renda mínima em unidades de reais, escudos, kwanzas, ienes — sou numismata também.

Vim ao mundo no meio do século passado, ano de 1955, que nasceu num sábado de Lua crescente, e eu numa quinta-feira, 21 de abril. Aos seis meses, fui parar na Ilha de Fernando de Noronha até os 5 anos de idade. Hoje, fervoroso pela vida, mantenho minhas idiossincrasias e petulâncias com as bênçãos de Nossa Senhora da Boa Vida, minha santa predileta.