Todos os processos que se configuram como opostos decorrem de mediação. É o acerto, a complementação que cria dissidência, que cria oposição. Essa instabilidade do acordo gera, na esfera individual ou psicológica, ansiedade e medo, pois o que não se completa e solidifica sempre insinua brechas. Os relacionamentos acabam, são transformados, negados e afirmados em outras dimensões. Os pontos de polarização, as influências e acordos se metamorfoseiam. É o crescimento, é o processo natural do estar-no-mundo-com-os-outros.

Havendo antítese (contradições e oposições) existe mudança - é a dialética do processo. Entretanto a oposição surge quando há continuidade da mediação, algo equivalente a: de tanto suportar e conter o diferente, o contrário surgem similitudes, mediação que edifica as contradições. O grupo submetido se torna livre, pois a continuidade de submissão apresenta outra estrutura que ao final neutraliza e antagoniza os processos de submissão. Familiarizar-se com o danoso, o despersonalizaste estrutura outra antítese, gerando autonomia à medida em que difere dos processos de submissão. É assim que a toda exteriorização de regras surgem limitações das necessidades.

Os próprios sistemas ditatoriais criam suas antíteses, tanto quanto as próprias participações liberais e democráticas também, elas confluem para ilhas de verdades mantidas e assumidas, acertos que começam a funcionar como polos exemplares ou dogmas. Os sistemas se destroem ou se constroem não só pela entropia, mas também pela sua exequibilidade. É como a vida: quanto mais se vive, mais se prepara a morte. Esse não se esgotar em si mesmo propõe outro naturalmente diferente de si e consequentemente a sua antítese, desde que é a continuidade de mediação configurada pelos postos e apostos, posteriormente acrescentados.

Toda confrontação é sempre mediadora desde que inserida na globalidade que a enseja. O oposto a A se faz ao configurar B, sua antítese, responsável pelo resumo mediador de infinitas decorrências prolongadas.

Os pontos de união são resumos arbitrários e contingentes de inúmeras oposições. Difícil configurar saídas e soluções nesse labirinto processual. O ver de fora, o ser outro significa não ser campo polarizante dessas oposições. Nesse sentido, as globalizações e questionamentos terapêuticos possibilitam sair de contingências, neutralizar posicionamentos e assim resgatar a oposição: o medo que congela, a inveja e a ganância, regras e ajustes que exibem ação. Viver contingenciado é uma forma de ajuste. É o apoio que ajuda mas imobiliza. A necessidade de caminhar, de se movimentar obriga a questionamentos, obriga a ampliar espaços. Esse movimento - alargar perspectivas - é a mediação necessária para questionar oposições esmagadoras.

Quando os processos - a dialética - se instalam, se instalam também as mediações necessárias para configurá-los, para ampliá-los. A não percepção das mesmas cria o vencer ou vencer, assim como o ser ou não ser, o saber ou não saber alienadores. Quebrar é uma maneira de deixar intactos os dados processuais responsáveis pelo ser e não ser, pelo fazer e não fazer, pela omissão, pela participação. Esses antagonismos só são mediados, resolvidos, quando se percebe, quando se globaliza o que ocorre. Não existem direções apontadas, apenas sobra indicação de por onde ir, onde caminhar. Escolher saídas implica em ter portas fechadas, caminhos agora obstruídos que antes eram facilitadores de refúgio.

Sempre que há oposição, existe mediação, ou seja, o impasse aponta para sua solução. Toda vez que o problema é configurado, a solução é atingida. A problemática é configurada como possibilidade, daí a necessidade de questionamento, de antíteses, de outro diante de si, nem que seja por renúncia ou artifício do próprio indivíduo.