Ser mãe de um adolescente nunca foi uma tarefa fácil, mas ser mãe de um adolescente da geração atual, a chamada Geração Alfa, tem suas peculiaridades. Quem pensaria que a tecnologia, um grande aliado da educação e da comunicação, também se tornaria um campo minado de desafios diários, onde o “tão perto e tão longe” se tornaria a realidade mais constante dentro de casa?
Geração Alfa são os jovens nascidos a partir de 2010. Eles são os primeiros a nascer em um mundo completamente digital, onde o celular, o tablet e as telas fazem parte do seu cotidiano desde os primeiros anos de vida. E isso transforma completamente a experiência de ser mãe.
A primeira grande diferença está, claro, na comunicação. Antes, as mães de adolescentes se preocupavam com as birras, com as saídas com amigos, com as roupas, com os toques de celular e com as redes sociais – mas tudo isso ainda se dava em uma troca de olhares e conversas. Hoje, o universo do adolescente está em constante expansão, e as trocas de olhares foram substituídas por mensagens no WhatsApp, fotos no Instagram e vídeos no TikTok. Parece até que os adolescentes da Geração Alfa se comunicam mais com o mundo virtual do que com os próprios familiares.
E como mãe dessa geração, você se vê nesse cenário de desconexão, mas ao mesmo tempo de uma proximidade física que pode ser, às vezes, sufocante. Seus filhos estão ali, ao alcance de um olhar, mas estão, ao mesmo tempo, tão longe quanto as telas de seus celulares e laptops. Eles passam horas e horas mergulhados em um mar de informações, memes e interações online. Às vezes, você se pega tentando arrancar uma palavra deles, tentando uma conversa que, no fim das contas, mais parece um monólogo. O que aconteceu com aquela troca espontânea e simples de palavras? Com aqueles momentos de olhar nos olhos e sentir que, de fato, a mãe e o filho ainda estavam no mesmo espaço?
O segundo grande desafio, talvez o mais complexo, é a constante pressão que esses jovens enfrentam em um mundo digitalmente hiperconectado. O bullying online, os desafios de autoestima com filtros e padrões irreais de beleza, a cobrança de ser perfeito e bem-sucedido, o culto à imagem e ao consumo instantâneo. Como mãe, você vê seu filho se comparando com pessoas que ele nunca viu, e muitas vezes, isso gera uma ansiedade ainda maior. Antigamente, o maior medo de um adolescente era ser excluído do grupo de amigos da escola; hoje, o medo é ser cancelado na internet, ter um post mal interpretado ou sofrer com a pressão de ser “perfeito” em um mundo de aparências.
Por outro lado, a Geração Alfa também é mais consciente de questões sociais, políticas e ambientais. Eles estão mais informados, mais questionadores, e buscam mudanças em todos os aspectos da vida, muitas vezes levando suas mães a refletir sobre práticas e valores que até então passavam despercebidos. Eles têm uma visão de mundo mais crítica e, de certo modo, mais madura do que se espera para sua idade. E isso, em muitos momentos, exige que a mãe se reinvente e se atualize, se adeque a esse novo modelo de vida e, muitas vezes, aprenda a ouvir, mais do que falar.
E aí está o verdadeiro desafio: ser mãe de um adolescente da Geração Alfa é entender que, para educar nesse contexto, você não precisa ser a dona da verdade o tempo todo, mas sim uma guia, alguém que os ajude a navegar por esse mar de informações, a distinguir o real do virtual, a fazer escolhas conscientes e a cultivar sua individualidade em meio ao bombardeio de opiniões e influências externas.
As redes sociais e as novas formas de interatividade podem criar um abismo entre gerações, mas também oferecem oportunidades incríveis. Você começa a perceber que o seu filho, aquele que antes parecia tão distante, tem algo a dizer, tem um ponto de vista que, de algum modo, pode contribuir para o mundo em que vivemos. Ele pode ser mais crítico, mais engajado, mais criativo, e, ao mesmo tempo, ainda precisar de sua proteção e orientações.
Como mãe dessa geração, você vive em um dilema constante: precisa equilibrar os benefícios e os perigos da tecnologia, educá-lo para ser um ser humano íntegro, responsável, mas sem sufocar sua necessidade de liberdade e autonomia. Você se encontra muitas vezes tentando proteger seu filho de armadilhas digitais, mas ao mesmo tempo, você precisa permitir que ele cresça, explore e aprenda com os erros – como em qualquer outra fase da vida.
No fim das contas, ser mãe de um adolescente da Geração Alfa é ter a constante sensação de que, mesmo quando o mundo parece estar desmoronando, você é um ponto de referência, uma âncora em meio ao turbilhão de mudanças. E, apesar de todo o caos da conexão digital, há algo reconfortante nisso: o amor, o abraço apertado, a conversa às vezes desconexa, mas cheia de significado. Eles são diferentes, mas ainda precisam de você. No fundo, a conexão verdadeira nunca se perdeu.