O presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Conhecido popularmente e também “impopularmente” por seus discursos rígidos e polêmicos, e também por apoiar o Regime Militar que se estabeleceu no Brasil em 1964, há aqueles que afirmam que a democracia no Brasil acabou. E um novo período da história será marcado novamente pela volta dos militares ao poder.

Entretanto, é interessante tentar refletir sobre quando foi exatamente, em qual período da história do país, tivemos de fato uma verdadeira democracia. Porque até onde eu consigo me lembrar, o que sempre existiu no Brasil foi uma Ditadura mascarada por uma falsa democracia onde as pessoas acreditam fielmente que possuem o poder da escolha. Mais ou menos como os 52 tipos de sorvete descritos por George Carlin em Freedom of Choice (vídeo disponível no Youtube). Você tem o poder da escolha. Você pode escolher entre 52 tipos de sorvete para comer. Porém você só tem sorvete para comer. E nada mais.

No Brasil hoje existem questões delicadas a serem debatidas. Legalização das drogas. Legalização do aborto. Legalização do casamento gay (a união estável é aceita para registro civil, entretanto o oficio do casamento ainda não). A legalização das armas. Da eutanásia. Da prostituição. Do jogo de azar. Tudo isso deveria ser debatido por plebiscito. Por votação. Do povo. Não de um ser que foi eleito por voto e qual você não conhece dez por cento da vida dele.

Se realmente no Brasil existisse uma democracia então toda vez que o Senado ou o Judiciário precisassem de um aumento de salário este seria votado pelo povo. E não pelos próprios senadores e juízes! Você consegue entender o tamanho da gravidade da situação aqui?

Como que alguém que foi eleito apenas apresentando meia dúzia de propostas pode representar uma pessoa na íntegra? O jeito de pensar? As necessidades? Os valores? Não. O sistema do Brasil nunca foi democrático. E quando debatido, os grandes “gênios” com seus Phd’s e seus títulos insistem em afirmar que vivemos em uma democracia. E que o povo tem o direito a escolha.

Como ensinado por Aldous Huxley:

“A ditadura perfeita terá as aparências da democracia. Uma prisão sem muros no qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor a sua escravidão. E defenderão com a vida a qualquer um que tente abalar esta estrutura”.

Huxley nasceu em 1894 e faleceu em 1963. E seus ensinamentos já demonstravam o quanto o filósofo britânico podia prever a sociedade que viria a existir nos tempos de hoje.