Visitar museus é sempre um objetivo quando estou em outro lugar e o primeiro museu que visitei na Grécia, o Novo Museu da Acrópole em Atenas, foi muito especial. Talvez porque toda a viagem era especial, afinal esse era o meu destino dos sonhos desde que tinha iniciado meus estudos de grego no início dos anos 2000 e era a comemoração do depósito da minha dissertação de mestrado. E, coincidentemente, em 2009, no mês em que o museu foi inaugurado, eu estava na Grécia sob aquele sol e azul de verão inconfundíveis.

Modernoso por fora e aconchegante por dentro, o Museu da Acrópole é considerado um marco importante na museologia e preservação da cultura material do país. Sua arquitetura o integra à paisagem além de propor uma perfeita simbiose entre as escavações feitas no terreno do museu e as colunas de sustentação do prédio, pelas quais os visitantes podem caminhar pelo chão de vidro da entrada do museu.

Apesar de todo glamour e também de possuir objetos magníficos da Acrópole, parte do museu que deveria me impressionar, no fundo gerou em mim uma angústia e me deixou com muitas perguntas: a Galeria do Parthenon com parte da sua reconstituição em gesso. É inegável a importância de que, desde 1801, data do saque do Lord Elgin, essa era a primeira vez que todo o friso do Parthenon de 160 metros e 115 blocos estava disponível para a apreciação de todos.

Entretanto, o friso mais importante de todos os tempos e que traz a narrativa das Panateneias, festas em homenagem à deusa Atena, não pertence aos gregos em sua completude; apenas 50 metros. Outros 80 estão no British Museum em Londres, um bloco no Louvre e outros fragmentos espalhados em museus de Palermo, Vaticano, Würzburg, Viena, Munique e Copenhagen. Se os rumores estiverem corretos, quando os gregos pediram aos Britânicos os blocos de volta, eles alegaram que não o fariam porque não havia na Grécia um local adequado à preservação das peças. Com esse museu, qual é a alegação?

Ver os 80 metros do friso em uma sala imponente do British Museum dedicada à rainha foi, sem dúvida, o amargor da minha visita a Londres. Por anos eu ansiei por visitar o maior museu britânico, mas devo confessar que não tem como não pensar no saque. Tais objetos, bem como milhões de outros em milhares de museus do mundo, estão fora do lugar. Em outro contexto. Ressignificados. Mas será que eles pertencem ao lugar de origem ou ao mundo? Saí do British Museum com essa pergunta latente e ainda não sei se tem vilão e mocinho nessa história dos frisos do Parthenon ou se eu deveria me conformar que, da mesma forma que nos movemos no espaço e as circunstâncias nos moldam com o tempo, assim também acontece com a cultura material dos povos.