Olá, caro leitor!
Se você por algum momento já leu minha biografia aqui na Meer, deve ter visto que sou professor do ensino básico, mais precisamente ensino fundamental e médio. Atualmente, estou com a indigesta missão de compartilhar meus conhecimentos de educação financeira, finanças, economia e investimentos para alunos da periferia de São Paulo. Chamo de indigesta, pois, geralmente, passamos a querer compreender sobre o dinheiro após os 30 anos. Então, ensinar jovens com idade de 12 até 15 anos é uma missão para lá de complicada.
Entretanto, como dizia Capitão Nascimento “missão dada é missão cumprida, meu parceiro”. Então, eu fui com a cara e a coragem. Em um outro momento, contarei para você as dificuldades dessa missão especial. Nesse momento, quero compartilhar contigo algumas observações que fiz em diferentes aulas e com diferentes turmas e que podem nos indicar uma possível mudança para os bancões e banquinhos.
Em uma das aulas, solicitei aos meus alunos que me falassem o nome de diferentes bancos que eles conheciam ou lembravam. Para mim, seria extremamente natural que eles citassem os mais tradicionais como Bradesco, Itaú, Santander e afins. Então, para minha surpresa, as empresas mais citadas foram: NuBank, Inter, PicPay. Em alguns casos apareceram Itaú e Banco do Brasil.
Essa insistência nessas três empresas despertou minha curiosidade. Tirando o NuBank, que teve um trabalho de marketing mais intensivo num passado recente, Inter e PicPay me pareciam forasteiros em meu entendimento. Então, comecei a formular algumas teorias, pois estou vendo uma mudança transgeracional nos bancos e principalmente no marketing. Notemos que, os bancões perderam o fôlego em passar o seu nome a diante.
Então, essa análise que faremos juntos, na mão de um bom especulador poderia fazer algumas pessoas a adquirirem ROXO34. Ou até derrubar ainda mais as ações do BBDC3 e BBDC4. Assim como poderia trazer estabilidade para o ITSA4. Só que, não queremos especular nada, deixa isso para durante a semana. Aqui, eu quero fazer algumas considerações.
Então, vamos lembrar um pouco a trajetória dessas empresas e discutir as questões sociais dessas crianças. Primeiramente, as três empresas citadas, tirando o NuBank são conhecidas como facilitadoras de pagamento, seja através de PIX ou maquininhas. Assim como, vendem a simplicidade de se investir com um único clique ou criar uma caixinha para reserva de emergência. Enquanto os bancos tradicionais seguiram os seus modelos elitizados e complicados para o brasileiro médio.
O NuBank é uma exceção a regra aos bancos Fintechs. Entretanto, ele começou de uma maneira bem parecida com os demais, a única diferença é que ele criou o modelo, os demais só replicaram. Em seus primórdios, o banco tentou criar uma identidade visual e quase um estilo de vida. Afinal, quem não queria um cartão roxo? Quem não queria o roxinho? Eu tenho o meu, não uso, mas tenho. Em um momento em que os bancos tradicionais não davam bola para mim, por inúmeros motivos, o roxinho topou me liberar um cartão de crédito, o limite era ridículo, mas era alguma coisa.
Então, já temos um ponto para começar a traçar um ponto que pode mostrar essa grande preferência pelo NuBank e amigos. Como eu disse, estamos na periferia, local onde a grande maioria das pessoas recebem benefícios do governo e possuem pouco poder aquisitivo. Então, as crianças provavelmente estão apenas replicando as preferências bancárias de seus pais.
Lembremos que a pandemia demonstrou que boa parte dos brasileiros não eram bancarizados. A criação do pix como uma forma de pagamento com custo zero, provavelmente trouxe para essas pessoas uma possibilidade de realizar transferências e fazer seus pagamentos. Tudo isso, mais a possibilidade de possuir um cartão de crédito, só por possuir um número de CPF, pode ter feito a diferença para essa comunidade. Poderíamos discutir que essa estratégia dos banquinhos foi extremamente eficiente para captar aqueles CPFs que eram simplesmente ignorados pelos bancões.
Você pode até pensar o seguinte “mas não vão ser esses CPFs que irão trazer o lucro que os bancões querem”. O Bradesco já possui alguns relatórios que está com dificuldade de atrair clientes e que está com problemas de inadimplência. Entre os bancos que possuo conta, de longe é o pior em tudo: app, serviços, marketing etc. Será que vale a pena disputar clientes com o Itaú?
Eu, por exemplo, possuo contas em diversos bancões e banquinhos. Praticamente, os únicos que utilizo são: C6 Bank, XP e Mercado Pago. Veja, nenhum é bancão, tudo banquinho ou instituição de pagamento. No meu caso, eu utilizo o melhor de cada instituição. Já o brasileiro médio, vai buscar aquela que lhe traga mais comodidade e facilidade na hora do uso.
Falando em facilidade de uso, os bancões possuem aplicativos extremamente complicados. Enquanto as Fintechs, são aplicativos simples e redondinhos. É inegável, o brasileiro médio não quer serviços e produtos financeiros complexos. O brasileirinho quer apenas um cartão de crédito para se endividar, uma conta para fazer a movimentação do dinheiro através do pix e alguns, algum tipo de segurança para guardar um dinheirinho no fim do mês.
Se é o começo de uma nova tendência, é difícil de cravar, mas podemos dizer que toda essa massa de gente dificilmente irá migrar para os bancões. Não adianta patrocinar e-sports, fazer comerciais com pessoas jovens ou mudar a linguagem. As pessoas vivem de hábitos, se o banco dificulta a vida do cliente, ele vai para aquele que simplifica a sua vida.
As fintechs estão conquistando cada vez mais espaço, principalmente entre as comunidades periféricas, por oferecerem facilidade e acessibilidade. Enquanto os bancos tradicionais precisam se reinventar para acompanhar essa tendência, as fintechs continuam a se adaptar e a ganhar a preferência do público. A mudança transgeracional no setor bancário é evidente e deve ser observada de perto pelos investidores e entusiastas da economia.