Vivemos em uma era de velocidade, onde o fazer se tornou imperativo e o sentir, muitas vezes, é deixado para depois. Somos ensinados a “resistir”, a continuar mesmo quando o corpo grita por pausa, e a seguir em frente como se cansaço fosse fracasso.
Mas existe uma sabedoria mais sutil — um fio de ouro que atravessa as tradições espirituais, os caminhos do corpo e os gestos simples da alma. Esse fio nos convida a perguntar:
Estou em resistência… ou em reverência?
Essa pergunta mudou minha vida.
A resistência: quando o ego luta.
A resistência surge quando tentamos forçar a vida a seguir nossos moldes mentais. Ela se instala nos ombros tensos, na mandíbula cerrada, no coração apressado.
Como nos ensina Um Curso em Milagres:
A resistência é a tentativa do ego de preservar a separação, criando conflito com o que é. Resistimos ao tempo, ao corpo, às emoções. Resistimos à dor — e sem querer, resistimos também à graça
A reverência: quando a alma escuta
A reverência é outra frequência.
Ela não é rendição passiva. É escuta profunda.
É o gesto interior de honrar o momento — não porque ele seja perfeito, mas porque ele é.
Como dizia Thich Nhat Hanh:
Quando você caminha com reverência, cada passo se torna uma oração.”
Reverência é quando o corpo se inclina, a respiração desacelera, e há espaço para o sagrado se revelar.
Como cultivo a reverência
Ao longo dos anos, descobri práticas que me reconectam com esse espaço de reverência:
Visitar igrejas vazias e deixar o silêncio me acolher.
Caminhar ao redor do rio, sentindo a fluidez da vida.
Entrar em museus como quem entra em templos.
Rezar com meu rosário, com presença em cada palavra.
Contemplar, simplesmente, sem culpa — só por estar viva.
Esses gestos me devolvem ao tempo da alma.
Eles me lembram que reverência não é um luxo — é uma necessidade espiritual.
Transmutar a resistência
Se hoje você sente o corpo contraído, a mente agitada, a alma inquieta — talvez não precise fazer mais nada.
Talvez o convite seja outro.
Coloque uma mão no coração, outra no ventre.
Respire.
E pergunte a si mesma:
Como posso transformar essa resistência em reverência?
O que posso honrar neste exato momento, mesmo que ainda esteja em construção?
A cura mora na postura interior
Se a única oração que você fizer na vida for ‘obrigado’, isso já será suficiente.
(Mestre Eckhartole)
Essa é a essência da reverência: um corpo que agradece, mesmo no escuro.
Uma alma que escuta, mesmo quando tudo está silencioso.
E você?
Está disposta a caminhar com reverência hoje?
A reverência nos reconecta com o sagrado
A reverência é uma escolha silenciosa.
Ela não exige cerimônia.
Ela é um gesto interno, um inclinar-se para a vida, como ela é.
Cada passo com reverência pode se tornar uma oração.
(Thich Nhat Hanh)
Reverência é quando o corpo escuta.
Quando o espírito respira.
Um lugar suave para aterrissar
Existe um lugar muito suave para aterrissar.
Não é um conceito.
Não é uma técnica.
Muito menos um objetivo.
É uma presença.
É um respiro.
É um reencontro silencioso consigo mesma.
Acontece quando você para de correr.
Quando você para de reagir com medo.
Quando deixa de atuar força — e começa a permitir espaço:
Espaço para a criatividade.
Espaço para a autenticidade.
Espaço para a expansão.
Minhas portas de acesso
Eu aterrisso nesse lugar quando danço.
Quando escrevo.
Quando crio sem pressão, sem ruído.
E toda vez que chego lá, sinto o abraço gentil de uma terra fértil interior.
Um lugar onde as coisas crescem, não porque eu as forço,
mas porque eu as permito.
Às vezes, estou tensa. Rígida. Enredada nos pensamentos ou no fazer.
Então, algo sagrado me chama:
um provérbio, um salmo, uma escritura sussurrada.
Eu paro.
Eu respiro.
E nesse pequeno gesto de atenção...
Tudo muda.
Meu corpo suaviza — e se fortalece.
Meu caminho se realinha.
Meu coração retorna ao seu ritmo.
Esse solo suave não fere.
Não julga.
Não rejeita.
Esse solo é seu.
Sempre foi.
Não espera sua perfeição.
Apenas sua presença.
Reflexão para sua semana
Onde você aterrissa, quando para de correr?
O que floresce em você, quando você oferece espaço?
Talvez hoje, reverência signifique apenas isso:
Voltar ao seu próprio centro e respirar ali por alguns instantes.
Com ternura e luz,
Gisela Rocha
Destaques inspiracionais
- "Estou em resistência… ou em reverência?"
Essa pergunta pode mudar o tom do seu dia inteiro.
"Resistimos até à graça, quando tentamos controlar o incontrolável."
"A reverência não é passividade. É presença que escuta."
"Cada passo com consciência pode se tornar uma oração." (Thich Nhat Hanh)
"Reverência é quando o corpo se inclina, e o espírito se lembra."
"A resistência contrai. A reverência abre espaço para o milagre."
"Entrar em uma igreja vazia, caminhar ao redor do rio, admirar uma obra de arte — tudo isso pode ser oração."
"Não estou fugindo da vida quando rezo. Estou me alinhando com ela."
"Reverência não exige cenário. Exige escuta."
"Coloque uma mão no coração, outra no ventre. Respire. Diga: 'Hoje, escolho reverência.'"
"A cura começa quando mudamos nossa postura interior."
"Contemplar sem culpa é um ato de amor à alma."