Portugal, um país situado no extremo sudoeste da Europa, faz fronteira apenas com a Espanha a norte e a leste, sendo banhado pelo Atlântico a sul e a oeste. Com um clima mediterrâneo, é, sem dúvida, um país com paisagens de tirar o fôlego e um património cultural riquíssimo. A sua localização e beleza tornam-no um destino turístico popular, e, à primeira vista, um lugar com grande potencial para o desenvolvimento. No entanto, a realidade que muitos portugueses vivem diariamente dista muito das promessas feitas sobre crescimento económico e melhoria da qualidade de vida.

Como em muitos outros países, o custo de vida em Portugal tem aumentado de forma significativa, especialmente no que diz respeito a bens essenciais como habitação, alimentação e transportes. A promessa de uma economia crescente acaba por esbarrar num mercado de trabalho instável, com salários baixos e um aumento das desigualdades sociais. O país parece estar sempre à beira de um grande crescimento, mas nunca o alcança de forma plena, o que gera um sentimento de frustração e desânimo na população.

A promessa de prosperidade económica raramente reflete nas condições de trabalho ou nos salários dos portugueses. Além disso, a falta de oportunidades para os jovens, especialmente para aqueles com formação académica, é uma das maiores dificuldades do país. A “falsa potencialidade” torna-se clara quando vemos que, apesar de tantas promessas de um futuro melhor, a maioria das pessoas não vê essas promessas materializarem-se, criando um ciclo de expectativas frustradas.

Nos últimos anos, Portugal tem sido retratado como um país em crescimento, com um setor turístico próspero, novas startups foram surgindo e uma recuperação económica em curso. Porém, muitas dessas promessas parecem ser ilusórias, uma vez que o crescimento não é refletido de forma equitativa nas condições de vida da população.

O turismo, que sempre foi apontado como um motor de crescimento, já dá sinais de esgotamento nas grandes cidades. Embora tenha contribuído significativamente para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o setor tem gerado problemas como a gentrificação, o aumento de preços e a precarização do trabalho. Cidades como Lisboa e Porto estão a ser fortemente impactadas pela especulação imobiliária, com os preços das casas a subir a níveis insustentáveis. A promessa de um turismo sustentável parece cada vez mais distante, dado que o setor depende, em grande parte, de mão-de-obra temporária e mal paga. A solução talvez passe por olhar para regiões menos densamente povoadas, onde há mais espaço para um desenvolvimento mais equilibrado.

Embora o governo tenha implementado algumas reformas, como melhorias nas infraestruturas e iniciativas para fomentar a inovação, muitas pessoas sentem que essas mudanças não têm impacto direto no seu dia a dia. A modernização do país e o apoio ao empreendedorismo são frequentemente elogiados, mas a maioria dos cidadãos não vê essas melhorias a refletirem-se. O sentimento geral é de que as promessas de uma economia mais dinâmica e inclusiva são constantemente adiadas, sem que as reformas aconteçam a uma velocidade que acompanhe as necessidades da população.

O ritmo lento das mudanças em áreas essenciais, como educação e saúde, faz com que muitas pessoas sintam que o país está preso em ciclos de promessas vazias, onde as situações são apenas "remendadas" em vez de serem realmente transformadas. A falta de reformas significativas leva a uma sensação de estagnação, criando um ambiente onde as promessas de um futuro melhor não se concretizam. A geração mais jovem, por exemplo, tem sido uma das mais afetadas por essa "falsa potencialidade", sendo obrigada a emigrar em busca de melhores oportunidades de vida e trabalho.

Outro problema importante é a falta de coesão territorial, que agrava a disparidade entre as grandes cidades e as regiões do interior, mais despovoadas. As promessas de desenvolvimento económico e social muitas vezes não atendem às necessidades das áreas mais rurais, que continuam a ser negligenciadas, sofrendo com a falta de investimentos e infraestruturas. A emigração de jovens altamente qualificados, que procuram oportunidades no exterior, é uma realidade constante nessas regiões, onde não há empregos nem perspetivas de futuro.

No entanto, há territórios menos densos, mas com um grande valor cultural, biológico, geológico e gastronómico, que se destacam cada vez mais num mundo globalizado. Valorizar as aldeias e vilas, onde o ritmo de vida é mais "intenso" e saudável, poderia ser uma excelente estratégia para contrabalançar as disparidades regionais e promover um desenvolvimento mais equilibrado.

Portugal é frequentemente visto no exterior como um país com grande “potencial”. Mas essa perceção externa nem sempre corresponde à experiência vivida pela população, que sente que o país está preso em ciclos de expectativas não cumpridas. O "potencial" que nos é prometido parece cada vez mais distante e intangível, enquanto a maioria das pessoas luta para lidar com um mercado de trabalho precário e um custo de vida crescente.

No fundo, o que se vê em Portugal são muitas promessas vazias, frequentemente usadas durante campanhas eleitorais para conquistar votos, mas que raramente resultam em um compromisso verdadeiro com a mudança. As promessas de prosperidade, de um mercado de trabalho mais justo e de políticas públicas que melhorem a qualidade de vida acabam por se dissolver em soluções superficiais e de curto prazo. A falta de um plano estratégico de desenvolvimento sustentável, a longo prazo, contribui para a sensação de que o "potencial" do país nunca chega a se concretizar.

Este cenário reflete a grande discrepância entre a imagem de Portugal como um país em crescimento e a realidade de um povo que, cada vez mais, questiona as promessas feitas pelas elites políticas e económicas. O grande desafio para o futuro será transformar esse “potencial” ilusório em algo concreto, que beneficie toda a população e faça justiça ao verdadeiro valor do país e que não seja somente uma “falsa” potencialidade.