Foi Eugênia Calábria quem riscou em mim a centelha deste relato, que só agora inicio, sobre o eterno retorno. Mesmo enquanto eu apenas o cogitava, já tinha resolvido dedicá-lo a ela, na esperança de que Eugênia o lesse algum dia. O que eu sabia improvável. Ainda que ela o soubesse, não se lhe afiguraria senão uma espécie de apelo, de fastidiosa adulação. Ademais, a impacientavam a retórica, o pedantismo, os flatus vocis contemporâneos, como a ouvi dizer uma vez, zombeteira e mordaz. Doeu-me reconhecer que contribuí para isso, e que minha epígrafe com seu nome jamais a alcançaria. Mas admito que então, no fundo, eu só queria impressioná-la. E o que era improvável tornou-se impossível desde que ela se foi. Hoje sei que, como perdoar, a gratidão é antes de tudo uma espécie de solene, mas íntima aceitação.

Eugênia, antes indócil e doravante ausente, tornar-se-ia agora o centro deste relato, no qual o eterno retorno passou a orbitar. Assim, deixou de ser um discurso meramente teorético quando passei a dever a ela não só a centelha mas também o enredo. Porque desde então aquela doutrina passou-me a sugerir sobretudo que seu trágico fim fora apenas o desenlace de um ciclo prévio a um recomeço milagroso, uma simulada ou provisória despedida. E que para além da gratidão da dedicatória, agora eu posso crer que nos reconciliamos, como um aceno de boas vindas por trás do arrependimento ou do adeus.

Já estávamos afastados, eu e Eugênia, quando o acaso nos reuniu no clube após um congresso de economia política no qual, disfarçando a surpresa, achamos lugar disponível junto à mesa de um amigo em comum, Gregório Fortunato. Voluntariei-me a ir buscar bebidas porque era premente apaziguar meu desconcerto com uma dose máxima de conhaque sem gelo no estômago vazio sem que ela visse. Voltei com ele falando que estava cursando engenharia elétrica, ou algo do gênero. E foi aí que depois de pedir sushi Eugênia lhe perguntou descontraída algo sobre uma das leis da termodinâmica1.

Nunca soube que aquilo lhe interessara, a ela que sempre preferira as humanidades, assim como meses antes me havia dito detestar “a moda de peixe cru, após tantos séculos passados desde a invenção do fogo e dos talheres”. Talvez algum palestrante houvesse comentado algo sobre as leis da física durante um de meus cochilos no auditório repleto, pensei. De pronto Fortunato respondeu, sem se dar conta da capciosidade ou da troça da pergunta: “na prática, quer dizer que não existem motores perfeitos, sempre desperdiçam energia quando esquentam”. Ao que ela complementou dizendo que sim, “... o calor, e portanto, a incandescência, ou seja, a luz”. E como se dissesse para si mesma, me lembro, misteriosa, altiva, imprevisível, deslumbrante num corpete azul claro:

— O que torna impossível o eterno retorno, já que é inconteste que a luz dissipada não tem como voltar ao estado de partícula do combustível que gerou ela.

Contive-me esperando que ela me olhasse, que dissesse algo sobre Nietzsche, sobre entropia, sobre antigos ritos órficos. Como nosso amigo pareceu estar boiando na história, ela desconversou. Vacilei, indeciso. Concordando ou não com ela, não me arrisquei a errar o tom adequado. Mas o fato foi que desde ali simpatizei com o eterno retorno. Não por achar que a contrariar seria como emitir um sinal de que eu ainda pelejava. Pensei no efeito retardado do conhaque em minhas artérias esfaimadas. Entorpecia-me a ideia de que Eugênia voltaria a me querer algum dia. Agarrei-me à hipótese, vil talvez, de que uma fatalidade do destino a havia magoado, não eu.

Nas agitadas noites subsequentes revisitei aquela cena. O que ela disse, insinuou, o que dissimulou. Deduzi que o destino lhe ofertara a chance de ostentar seu distanciamento de mim, do meu mundo, por mais que me tentasse a ideia de uma sedução esnobe. Acrescentei-lhe inúmeras interpolações, desfechos, possibilidades. Inclusive a de que naquele dia ela já não era mais a mesma Eugênia querida, ou fingia não ser. Daí o proposital sushi, seu conveniente interesse por física, a indiferença pelo nosso recente entrevero no beijo maquinal que fez questão de me resvalar no rosto ao se despedir. Mas só tempos depois, no abismo de uma cama de hospital, é que me tocaria o cinismo da cientificidade daquela sua negação do eterno retorno, de que havia sido uma forma sutil de ela deixar clara a impossibilidade de voltar a me amar.

Por três meses não a vi, desde o tal congresso em meados de agosto; e justo quando supus que este era o prazo máximo que eu suportaria, a espera se estendeu até o infinito. Porque no dia vinte de novembro Gregório Fortunato telefonou-me com a notícia fatal. Num crescendo, a ideia do eterno retorno ajudou-me a suportar meu calvário. Busquei no livro do Eclesiastes aquele versículo que ensina que o que foi voltará a ser, o que aconteceu, ocorrerá de novo, o que foi feito, se fará outra vez; não existe nada de novo debaixo do sol. Eugênia opusera-se ao aspecto material, atômico, dessa profecia. A Fortunato, que arcava com os estudos consertando compressores de refrigeração, e que dias mais tarde me segredou que a última mensagem de Eugênia dizia a um namorado recente: “venha logo, tô sangrando muito”, importava unicamente a aplicação técnica, experimental da teoria. A mim, passou a absorver seu lado emocional e, por conseguinte, místico, metafísico.

Até então, para mim, o eterno retorno não passava de um esquema filosófico ou esotérico como tantos outros, mas foi se convertendo em uma espécie de sensação, de fenômeno, como aquela intuição que às vezes nos ocorre ao contemplarmos os entardeceres sentindo que algo parece estar prestes a se revelar. Interessei-me pela teoria teosófica sobre os chamados registros akáshicos. À procura de um diagnóstico, soube que a própria postulação do eterno retorno era cíclica, que sua origem podia estar na percepção de um mundo decadente cujo criador sucessivas vezes o conflagra para então voltar a instaurá-lo. Os dias e as noites, as estações, a roda da fortuna, a circunvolução das ondas, nascimento-vida-morte, as vicissitudes do destino, e tantas coisas, seriam emblemas daquela corrupção e regeneração rotatórias e permanentes maiores.

Com Eugênia aprendi a suspeitar dos sofismas por trás das metáforas, mas tenho para mim que ela mesma nunca esteve imune àqueles signos de revivescência, como no réveillon de noventa e nove, quando então muitos temíamos os maus presságios sobre o fim do milênio, e ela me presenteou com uma edição da Eneida na qual anotou no anverso da contracapa, resoluta e enamorada: “a salvo estão do fim-do-mundo os que têm amor, nele estão Deus e a eternidade”. Pouco antes dos fogos da meia noite de ano novo, ‘bêbados e febris`, desdenhamos do Apocalipse dançando entrelaçados o famoso bolero sobre o amor além da vida na voz de Julio Jaramillo.

Encaixotando livros para mudar para um espaço menor quando afinal me convenci de que Eugênia não voltaria mais nesta vida, sopesei a edição da Eneida que ela me dera. Uma vez mais examinei sua caligrafia esguia gravada em azul. Folheei o volume atrás daquele trecho em que o herói desce ao Elíseo para rever o pai falecido, e este lhe conta que a metempsicose e o esquecimento asseguram a perpetuação da raça humana. Refleti se a ideia de reencarnação não podia ser um matiz do eterno retorno, menos herético, quem sabe, mais passível de redenção até; mas menos alentador para mim, que pressentia que não encontrar Eugênia em um mundo diferente seria muito mais doloroso do que reavê-la em circunstâncias iguais ainda que com o vício de ter de voltar a perdê-la. Endossei a teodiceia que em princípios do séc. XVII postulara que, apesar do mal, esta versão do mundo seria a melhor possível. Procurando os rastros desses sentimentos, dei apenas com sua historicidade — lógica, literária ou religiosa —, sugestiva mas sempre vaga.

Mergulhado no mundo puramente físico da cosmologia newtoniana, por volta de 1871 Auguste Blanqui propôs o que chamou de recorrência eterna. Segundo ele, ainda que imensurável, a quantidade de combinações possíveis entre limitados elementos no tempo e no espaço infinitos configurariam diferentes mundos até que se esgotassem tais arranjos inéditos e elas passassem a repetir modelos anteriores. Por essa época, a eterna recorrência vinha sendo citada nos Cursos de Filosofia, de Eugen Dühring; por J. G. Vogt, em Die Kraft; por Gustave Le Bom, em L'homme et les Sociétés; e na poesia desde Heinrich Heine. Assim como fora mencionada de passagem pelo Diabo no Livro XI, Cap. 9, em Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski. Parece que foi aí que sem atinar, como Blanqui, que a ideia de ciclo, por definição, exclui a aleatoriedade, Nietzsche extraiu uma filosofia moral: a de que uma dessas versões de mundo (a da sua própria loucura) seria propícia a uma ética que rompesse ou reiterasse o encadeamento cíclico perpétuo do mundo ou da vida dos indivíduos.

Eu, que não podia contar com o Juízo Final, com o grande ano cósmico platônico e tampouco com um ciclo que prescindisse de infinitas variações, abracei um eterno retorno pitagórico, onde os eventos do mundo giravam numa ciranda onde passado, presente e futuro fossem recíprocos e simultâneos em distintas esferas. Nessa roda atemporal, momentos de alegria anulavam os de penar, eram sincrônicos ao de minha ruptura com Eugênia. Inventei que o simbolismo mágico dos pores e nasceres do sol nos movimentos do escaravelho, tidos pelos antigos egípcios como uma menção oculta à recorrência cíclica do Cosmos, constituía uma noção sobre o tempo circular mais feliz que as de Blanqui e Nietzsche, e que ao mesmo tempo as refutava melhor que o dispositivo de rodas coaxiais girando em diferentes velocidades proposto no final do Dezenove por Georg Simmel para impugnar o eterno retorno, melhor que a sagaz declaração de minha cara Eugênia sobre a dissipação irrevogável da luz.

Contra a insânia de assumir meu fado como uma espécie de Sísifo contente em rolar eternamente sua pedra pela enganosa ladeira do destino, eu benquis a exegese espírita e de alguns antigos credos hindus segundo as quais sucessivas vidas servem para que as almas evoluam e encontrem a libertação ao atingirem a plenitude. Mas justo neste momento foi que eu, aprendiz contumaz, numa agonia lastimei ter de reencarnar outras vezes para retomar duras lições desde um início imemorial. Era começos do outono quando sofri um grave acidente doméstico. O teto da garagem em que eu havia escalado pra acessar o telhado desabou. Tive um traumatismo ao bater a fronte no piso de concreto e um vergalhão perfurou-me o intestino.

Num domingo Gregório Fortunato apareceu no hospital. Eu já convalescia, embora ainda meio sedado. Meia hora de cordialidades depois, o assunto, por mais que eu tivesse evitado, chegou ao nome de Eugênia. Tentando me alegrar, contou várias das artimanhas dela. Sua perspicácia, suas teimosias, seus sestros. Foi aí que, rindo meio comovido, lembrou daquele nosso encontro no congresso em agosto passado, e disse — tentando entendê-la, sem a menor ideia do que aquilo significava para mim —, que naquele dia, assim que eu sai para ir buscar as bebidas, Eugênia lhe pedira para que combinassem que ela lhe perguntaria algo sobre as leis da termodinâmica aplicada aos motores de compressão, que era para ele responder como quisesse, porque ela queria me pregar uma peça. Senti o baque, mas recuperei o humor amarelo com que despistei Fortunato quando ele se calou esperando eu lhe revelar o que ela tinha aprontado afinal.

Assim que ele saiu, desabei compadecido de meu vexame, por não poder me virar de bruços, minhas roupas e livros rotos em uma caixa de papelão, o enxame das picadas de agulha, a humilhação da colostomia, pelo dependente mundo dos estropiados no qual eu agora claudicava. Supus tão ridícula minha situação que me veio uma vontade de engolir o choro e rir alto, sabedor então de que tudo aquilo eu devia ter feito por merecer, que era parte de uma orquestração superior que me engolfava, e que Eugênia se vingava ao tripudiar de mim mesmo depois de morta. Mas esse desdém não foi suficiente para me fazer voltar atrás sobre o eterno retorno. Afinal era uma espécie de consolação. Acho que isso tudo me anestesiou, porque finalmente pude dormir a despeito das luminárias da enfermaria que me cegavam os olhos crispados.

Creio que por me ver estatelado a sono solto depois de tanto tempo, ao visitar meu leito o enfermeiro de plantão não me inoculou a dose noturna de tramal. Devia ser alta madrugada quando despertei convicto de que poucos martírios superariam a dor que se havia apossado de mim. Deplorei habitar um corpo. Eugênia, naquele instante, assim como todos os meus fracassos não passavam de queixumes emotivos, frustrações mentais, angústias autoinfligidas. Clamei, orei em vão. Rompi tudo que me atava e fui atrás de socorro. Recurvado pelos corredores bisbilhotei apagados recintos vazios. Seguindo uma mancha de claridade, desci uns degraus em espiral. Através do vidro de uma porta corrediça distingui um átrio iluminado pelos holofotes de um prédio menor defronte. Entrei, invadi-o, seminu, diante do espanto de duas enfermeiras. Ameacei-as com virulência ao tentarem me obrigar a cumprir protocolos. Um homem que entrou depois rabiscou uma receita apressada. Conduzido a uma sala ao lado, sequer abri os olhos ao sentir resvalarem em mim, com brusquidão; em seguida, com o efeito gradual de um narcótico poderoso. Não sei quanto tempo durou meu torpor. Sei que quando dei por mim eu estava dentro de uma visão muito clara, até lógica, sobre o devenir da história.

Não sei como tão metódica e sistemática percepção possa ser atribuída a um sonho ou a um delírio. Foi como se aquele entorpecimento me houvesse proporcionado apenas o canal, um portal, a ocasião. Era demasiado nítida, coerente, mas inefável. Na linguagem, o “incognoscível” ou o “imponderável” não passam de artifícios para tentar conter em um nome o “inominável”. Tentando recuperá-la, não tive como não rememorar o Aleph de Borges, tentar parodiá-lo. Embora meu caso não fosse o de uma superposição de instantes em um único ponto do espaço, mas o de que na realidade as coisas se sucedem do único modo viável que as engendra, ou seja, em si os intervalos que as antecedem já contém os meios que as condicionam e reproduzem continuamente até atingirem um ponto de dissolução e recomeço.

O que percebi naquele plano oculto era irredutível a exemplos, conceitos. Era difuso e ao mesmo tempo imediato, sem verbos, sem símbolos e, sobretudo, inquestionável. Enquanto durou não busquei, porque não era preciso buscar, significados. Uma espécie de translucidez inteligível apenas aos imersos nela. Não havia acasos, tampouco contingências ou refugos. Sobressaía uma espécie de essência, de síntese, não das coisas em si mas do transcurso que as transforma naquilo que são, e das quais na vigília captamos erroneamente como aparências resultantes de múltiplas possibilidades. Tudo era universal e necessário. Os desdobramentos do mundo obedeciam ao compasso de uma viabilidade sequencial interna que avança, recua ou estagna de forma incessante mas jamais arbitrária, como se regulada pela estrutura de uma equação. Assim, um encadeamento contínuo desde o fogo, da mó, da alavanca, da domesticação de animais, da irrigação, da metalurgia, da bússola, da pólvora, do eletromagnetismo, da penicilina, do laser, dos satélites, se dera na realidade da única maneira intrínseca, espacial e cronológica factível, e do mesmo modo idêntico dar-se-ia quantas vezes o mundo precisasse ressurgir de novo do nada. Essa mesma escalada cadencial seria retomada em qualquer era ou galáxia onde da soma de dois mais dois resulte quatro.

Havia saltos, mas mesmos estes dependiam das próprias condições que os entabulavam. Cada movimento do processo requeria a imediação do estado anterior. Vi nos longos processos que propiciaram o advento de uma catedral gótica ou de um barco a vapor, por exemplo, o concurso de milhares de conjunturas, imprevistos, retrocessos ou inovações técnicas dos quais os de fato imprescindíveis descreviam uma espécie de coordenada pré-definida até sua manifestação e aperfeiçoamento. Eram como que fruto de uma endogenia, de uma homeostase que vai reunindo lentamente sua própria execução desde a disponibilidade de fornos, de sacerdotes, de madeirames, de arquitetos, de instrumentos, assim como a demanda por cada um desses elementos. Tal como sucedera com a música até chegar em Bach; com a história do mundo até desembocar na Reforma, em Churchill e no Onze de Setembro; ou na obra de Shakespeare, no Impressionismo, em Weber, nos astronautas, na internet, e, enfim, para minha lástima, no aborto terrível que vitimou Eugênia querida.

Desperto, perdi o fio daquela percepção. Óbvio que me escaparia a unidade vertiginosa do processo. Pensei em meus atos, em meus desejos e anseios. Talvez à margem daquela estrutura cósmica houvesse lugar para algum arbítrio, para pequenos incidentes que não interferissem diretamente no curso global da história, como o daquele dia interminável em que eu podia ter ido de metrô mas calhou de eu me atrasar e precisei pegar o expresso intermunicipal em que vi Eugênia pela primeira vez, falante, atrevida, arrebatadora.

Lúcido, consolado, como quem desiste de tentar se lembrar de um sonho, pude ao menos refletir sobre seu resultado. Isto me deu minha última versão do eterno retorno. A de que o mito da conflagração e restauração do mundo podia ser uma versão mítica do ciclo tecnológico moderno alarmado pela escassez de combustíveis e eletricidade. Em um mundo cada vez mais virtualizado em que tudo tende a se tornar refém de uma divisão infinitesimal de tarefas cada vez mais interligadas por frágeis circuitos digitais, um colapso energético provocaria a mesma hecatombe de um cataclismo planetário.

Poucas gerações depois, o mundo voltaria uma vez mais ao estado primitivo que se encontrava após sua última glaciação. Com sua memória outra vez reduzida ao plano mitológico ou fossilizada sob os escombros do gelo do esquecimento de como fazer as coisas mais triviais, os descendentes de seus muito poucos sobreviventes precisariam então repovoar a Terra, enquanto lentamente redescobrissem o tacape, a mó, a alavanca, a roda, as espadas, o arado e a escrita.

Da combinação crescente daqueles gens novamente ancestrais, haveríamos então de renascermos todos nós; e eu, em algum ponto deste recidivo fluxo, sem saber que um dia voltaremos a desaprender a escrever palavras na areia, desenharia de novo o nome de Eugênia em letras quadradas nalguma praia do Parnaíba, do Eufrates ou do Mediterrâneo. E no ponto do tempo em que agora estou outra vez, a que agora regresso, pudera eu escrever, imitando-lhe a caligrafia, que o eterno retorno seria uma imagem circular dos sentimentos perenes.

Notas

1 A primeira declaração explícita sobre esse princípio, a de Rudolf Clausius, em 1850, falava de processos cíclicos. Segundo ele, sempre que um trabalho é produzido por uma fonte de calor, uma quantidade proporcional de energia é consumida.