Os municípios moçambicanos estão mais uma vez se preparando para as eleições, que ocorrerão em 11 de outubro de 2023. No entanto, esses municípios enfrentam uma série de desafios, que persistem há 48 anos, desde a independência do país. Questões como a falta de transporte, coleta de lixo deficiente, estradas esburacadas, falta de vias de acesso, conflitos de terra e outros problemas continuam sem solução. Essas eleições prometem ser altamente competitivas devido ao fraco desempenho das lideranças atuais que governam esses municípios, especialmente os vinculados ao partido no poder.

A cada eleição, pouca ou nenhuma mudança é percebida, exceto pelo agravamento das já precárias condições nesses municípios. Algumas áreas urbanas, incluindo a capital, viram as ruas se transformarem em locais de desordem, com vendedores informais ocupando passeios públicos, tornando difícil a circulação. A falta de saneamento, iluminação inadequada e vias de acesso deterioradas são problemas urgentes que os futuros líderes desses municípios enfrentarão. Nesse contexto, a oposição tem uma oportunidade significativa de fazer a diferença nessas eleições, capitalizando as lacunas deixadas pelo partido no poder durante o período de campanha eleitoral, que se inicia em 26 de setembro.

O escândalo das dívidas ocultas, que teve um desfecho insatisfatório para a sociedade em geral, abalou os cofres do estado e contribuiu para o aumento do custo de vida em Moçambique. A falta de transparência em contratos de serviços, a subfaturação em obras públicas, obras inacabadas de administrações anteriores e a apropriação indevida de fundos públicos por parte de líderes também são preocupações significativas. Por esses motivos e muitos outros, a oposição tem muito a contribuir nestas eleições. O povo moçambicano sente a necessidade de uma mudança significativa e está consciente de que este é o momento de transformação.

Não faz sentido que, após mais de 48 anos de independência, os municípios moçambicanos permaneçam subdesenvolvidos, enquanto outros países que obtiveram independência após Moçambique demonstraram progresso mais substancial no desenvolvimento municipal. O povo deve comparecer em massa para votar, buscando uma mudança qualitativa. A nação é composta por uma população jovem com projetos e ambições, e é fundamental contar com infraestrutura e lideranças que possam atender às suas necessidades em todas as áreas. É crucial escolher candidatos que apresentem manifestos realistas e alinhados com as aspirações nacionais.

As eleições em Moçambique historicamente foram marcadas por falta de civismo e, frequentemente, resultaram em violência desnecessária durante as campanhas eleitorais. As instituições de administração eleitoral precisam trabalhar em um plano de ação para acabar com essa violência, envolvendo também a polícia de proteção civil. A polícia deve compreender que sua função é servir ao Estado como um todo, independentemente de afinidades partidárias, e evitar agir de forma parcial, o que contribui para divisões sociais e prejudica sua própria imagem. A mudança está ao alcance, e o povo de Moçambique tem a oportunidade de escolher líderes comprometidos com o progresso e o bem-estar do país.

A educação cívica também desempenha um papel fundamental nesse processo eleitoral. É essencial que os cidadãos estejam bem informados sobre seus direitos e deveres durante as eleições, entendam a importância do voto e saibam como avaliar as propostas dos candidatos. Investir na educação cívica contribui para uma participação mais consciente e informada dos eleitores, fortalecendo assim a democracia e a capacidade do povo de fazer escolhas informadas e responsáveis nas urnas.

À medida que a nação se prepara para as urnas, a responsabilidade recai sobre todos nós - eleitores, líderes políticos, instituições eleitorais e sociedade civil - para assegurar que estas eleições sejam marcadas por um processo transparente, pela paz e pelo progresso. A transformação que Moçambique almeja começa nas escolhas que faremos nas próximas eleições, e é nossa responsabilidade coletiva garantir que essas escolhas sejam feitas com sabedoria, visando um futuro mais brilhante para todos.