Num mundo rápido e altamente tecnológico como o nosso, o pensamento criativo é uma competência crucial para o sucesso e realização pessoal. E, para muitos, esse caminho começa na infância.

Sou mãe do Amorim, que fez em Novembro 3 anos.

Não tenho uma preocupação excessiva que ele não use o telemóvel e o tablet, até porque como gestora de RH na área tecnológica, contrato e pago muito bem a pessoas que usam desde crianças os computadores e telemóveis dos pais e a maior parte das vezes às escondidas dos mesmos.

No entanto, tenho a preocupação de dar vários estímulos ao meu filho para que ele saiba que no mesmo mundo em que a tecnologia é rainha, também são reis os animais e as plantas. Por isso temos cá em casa 4 gatos, um cão e muita horta e árvores de fruto. E assim, ele acaba por relativizar o tempo com os aparelhos tecnológicos.

Tenho uma preocupação como mãe: que ele cresça em liberdade, com amor, com respeito. E que cresça para ser quem quiser ser sem qualquer preconceito ou pressão social para que seja diferente ou para que caiba num padrão qualquer que outra pessoa inventou.

Assim, o meu tempo com ele, o tempo do pai dele com ele, o tempo em família, é para que ele possa crescer bem, criativo, atento e envolvido com as coisas. Gostamos muito de estimular o pensamento criativo e ainda não tem 3 anos e já fala mais do que eu e o pai dele juntos!

Estimular o pensamento criativo nas crianças não só promove o desenvolvimento cognitivo, mas também fomenta a capacidade de resolver problemas, incentiva a autoexpressão e prepara os mais pequenos para enfrentar os desafios do futuro com confiança.

Neste artigo, tento, como psicóloga, mas também como mãe, explorar estratégias e atividades para nutrir a imaginação das crianças e ajudá-las a tornarem-se pensadoras criativas.

Fomentar a curiosidade

A curiosidade é a base do pensamento criativo. Para incentivar este traço, os adultos devem encorajar as crianças a fazer perguntas, explorar o mundo à sua volta e procurar respostas. Isso pode ser feito através de passeios pela natureza, visitas a museus, leitura de livros interessantes e discussões abertas sobre diversos temas. Os pais e educadores podem ser modelos, demonstrando um interesse genuíno pelo aprendizado e pelo questionamento.

Proporcionar ambientes estimulantes

O ambiente físico em que as crianças passam a maior parte do tempo desempenha um papel crucial no desenvolvimento do pensamento criativo. Um espaço que favoreça a criatividade deve conter uma variedade de materiais, como papel, lápis de cor, argila, blocos de construção e outros recursos que incentivem a exploração e a experimentação. Além disso, a organização do espaço deve permitir que as crianças tenham acesso fácil a esses materiais, de modo a poderem utilizá-los espontaneamente.

Por exemplo, cá em casa temos espaço aberto e caixa (4 neste momento) cheias de brinquedos - pedagógicos e só lúdicos alguns - para o Amorim de forma livre, brincar.

Encorajar a brincadeira livre

A brincadeira livre é uma das maneiras mais naturais e eficazes de promover o pensamento criativo nas crianças. Quando as crianças têm a oportunidade de brincar sem regras rígidas ou orientações constantes, podem explorar e expressar a sua imaginação de forma única. Isso não só fortalece a criatividade, mas também desenvolve competências sociais, emocionais e cognitivas importantes.

Expor as crianças às artes

A arte é uma forma poderosa de expressão criativa, e a exposição precoce às artes visuais, música, dança e teatro pode inspirar o pensamento criativo nas crianças. Levar as crianças a museus, galerias de arte, concertos e peças teatrais permite que elas vivenciem diferentes formas de expressão artística e estimula a sua própria criatividade.

Além disso, fornecer materiais artísticos em casa para que as crianças possam criar as suas próprias obras de arte é uma maneira eficaz de encorajar a expressão criativa.

O pai do Amorim é designer, às vezes fotógrafo e é apaixonado por música: ele ficou com a responsabilidade das artes e tem feito um trabalho incrível. Eu fiquei com a “ciência” para crianças e cultivar a literatura, a emoção e a argumentação.

Sou apreciadora de várias artes, sobretudo música e literatura, mas dividimos “competências” ainda que todos cá em casa cultivem as artes.

Promover a leitura

A leitura é uma maneira poderosa de alimentar a imaginação. Ler para as crianças desde cedo e incentivar a leitura independente são maneiras de expandir o seu repertório de histórias e ideias. Além disso, discutir livros e histórias com as crianças pode abrir portas para discussões criativas sobre personagens, cenários e possíveis desfechos.

Como o Amorim me vê a ler todos os dias, também ele lê os livros dele. Lê para ele e adora ler para os gatos.

Estimular a resolução de problemas

O pensamento criativo está intrinsecamente ligado à capacidade de resolver problemas de forma inovadora. Para desenvolver esta competência, é importante apresentar às crianças desafios e quebra-cabeças que as estimulem a encontrar soluções criativas. Isso pode ser feito através de jogos de quebra-cabeça, enigmas matemáticos, projetos de construção e outras atividades que exijam raciocínio lógico e criatividade.

Celebrar a diversidade de ideias

É fundamental ensinar às crianças que não existe uma única resposta certa para todas as perguntas. Celebrar a diversidade de ideias significa valorizar as contribuições individuais e encorajar o pensamento fora da caixa. Quando as crianças se sentem livres para expressar as suas ideias, mesmo que sejam diferentes das dos outros, estão mais propensas a desenvolver o pensamento criativo.

Promover a colaboração

A criatividade muitas vezes floresce quando as crianças têm a oportunidade de trabalhar juntas em projetos e atividades colaborativas. Isso incentiva a troca de ideias e a resolução de problemas em grupo, ao mesmo tempo em que permite que cada criança contribua com as suas próprias perspetivas criativas. Atividades como projetos de grupo, teatro improvisado e jogos cooperativos são excelentes maneiras de promover a colaboração criativa.

Cá em casa cozinhamos todos juntos: eu, o Alex (o pai do Amorim) e o Amorim. Tem um banco Montessori onde, ao nosso nível, vai “cozinhando”: colocar temperos, pincelar formas são as preferidas dele.

Estabelecer tempo para o tédio

Embora pareça paradoxal, o tédio ocasional pode ser um catalisador para o pensamento criativo. Quando as crianças não têm atividades programadas o tempo todo, têm a oportunidade de explorar a sua própria imaginação e criar as suas próprias diversões. É importante que os pais não preencham o tempo ocioso das crianças com dispositivos eletrónicos ou atividades estruturadas em excesso.

Apoiar o erro e a experiência vezes sem conta

Por fim, é fundamental ensinar às crianças que o erro faz parte do processo de aprendizagem e da criatividade. Encorajar a experimentação e mostrar que cometer erros é uma oportunidade para aprender e crescer é essencial para que as crianças desenvolvam confiança na sua capacidade criativa.

O pensamento criativo é uma competência valiosa que pode ser cultivada desde a infância. Ao criar um ambiente que fomente a curiosidade, a imaginação e a expressão criativa, os adultos podem ajudar as crianças a desenvolverem esta competência vital.

Promover o pensamento criativo não só prepara as crianças para um futuro cheio de desafios, mas também as capacita a explorar o mundo com uma mente aberta e criativa, o que é um presente que as acompanhará ao longo da vida.

Portanto, invistamos tempo e esforço para nutrir a imaginação infinita das crianças, pois elas são o futuro da inovação e da criatividade.