Nordeste - terra rica em tradição, cultura, história e base brasileira. A região é responsável por parte do repertório tradicional brasileiro, do Forró ao Cangaço, do Frevo a Capoeira, de Luiz Gonzaga a Alceu Valença, da Rapadura até o Baião. O sertão brasileiro, regado por muito esforço de seus moradores, que lutaram e lutam contra fome, seca e preconceito. O Nordeste tem uma presença marcante no imaginário coletivo do país.

A estética nordestina se percebe com presença marcante, a herança vibrante e diversa que influencia a cultura local. O forró, típico gênero musical da região, conquistou o país inteiro e é apreciado mundo afora. Ritmo animado e único, marcado pelo trio - sanfona, zabumba e triângulo. É um orgulho levar essa peça cultural única. Com letras verdadeiras, felizes, apaixonadas, amarguradas ou apenas dançantes, o forró revelou muitos nomes que são tesouros nacionais. O Rei do Baião - Luiz Gonzaga, dono de sucessos atemporais, ensinou que de Pai para Filho o nordeste vive. De geração em geração os brasileiros repassam suas músicas com apego emocional. Se fôssemos elencar cantores e musicistas nordestinos talentosos com presença nacional não teria fim, citaria Belchior, Alcione, Dorgival Dantas, Ivete Sangalo e tantos outros ícones frutos de uma região produtora de talentos.

Aos estudantes não se passa batido nas aulas de história o cangaço, com o mais famoso cangaceiro Lampião e sua mulher Maria Bonita. Ou então os conflitos que ajudaram diretamente no movimento separatista brasileiro, como a Batalha do Jenipapo no Piauí, ou a Revolução Pernambucana. A independência do Brasil não se deu apenas com o grito de independência ou morte e as interferências do Sul e Sudeste. Ildeu de Castro Moreira, professor do Instituto de Física e do programa de pós-graduação em História das Ciências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) diz que:

Esquece-se que grande parte do processo de independência se fez também através da luta e da morte de piauienses, baianos… etc. Tem uma história por trás disso.

Muitos preconceitos foram instalados aos nordestinos, principalmente na crença irracional de falta de saberes e conhecimentos. A literatura nordestina é um marco nacional, e deve ser constantemente exaltada por escritores e obras tão fascinantes e notórias no campo literário. Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado são apenas alguns dos nomes que trouxeram a voz nordestina para o cenário literário brasileiro. São alguns dos escritores que abordaram a essência do nordeste de diversos aspectos e visões diferentes. Você pode escolher ler sobre a pobreza e dificuldades, sobre a luta pela sobrevivência, pode escolher ler histórias cômicas como as Aventuras de Pedro Malasartes, ou pode conhecer poemas sinceros e emocionantes.

No cinema nacional e produções audiovisuais são muitos os sucessos da região. Mas é impossível não mencionar o mais implacável de todos, outro tesouro nacional, O Auto da Compadecida. O filme de grande impacto no cinema, que trouxe grande valorização na cultura nordestina, já que conta com personagens engraçados, folclóricos, personalidades da cultura regional e críticas sociais feitas de maneira inteligente. O longa foi baseado na obra de Ariano Suassuna e dirigido por Guel Arraes, foi o filme de melhor estreia brasileira, levando 2 milhões de espectadores aos cinemas e até hoje estando em praticamente todas as listas de melhores filmes nacionais.

Os nordestinos não se baseiam só na música, na gastronomia, ou na arte e seus artistas, muitos são os nomes nos campos acadêmicos e da ciência. Nathalia Bezerra, pesquisadora da UFPE, ganhou destaque com sua pesquisa que visa utilizar a química para estender a durabilidade do cimento, já que o produto possui um prazo de validade muito curto, gerando prejuízo econômico. Esse ano o Nordeste teve maior número de notas mil na redação do Enem, mas não surpreende já que em todas as edições a região se destaca no Exame Nacional do Ensino Médio. O Nordeste foi a região que mais conquistou medalhas na 10ª edição da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB). São muitos os feitos nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e ciência, podem até tentar, mas não conseguem parar o Nordeste.

Portanto, ao reconhecer a importância do Nordeste e sua herança cultural, na verdade só revelamos o que muitos buscam esconder: é terra de história rica, quanto mais se sabe da região e de seu povo, mais se tem orgulho. Orgulho esse conquistado por muita luta, passando por cima de estereótipos e preconceitos, a sociedade muitas vezes procura menosprezar quem na verdade só agrega. A herança que não se mede, herança que não se vende, herança de força e resiliência. O Nordeste é maior que qualquer preconceito.