A Galeria Madragoa tem o prazer de anunciar Desta maneira não a primeira exposição individual de Anna Schachinger na galeria, apresentada no espaço Encima. A figura de um mergulhador (Mergulho) nadando sob a água convida o observador a imergir na vibrante matéria pictórica e imagens luzentes de Anna Schachinger, neste caso diretamente estimuladas pelo ambiente circundante.

Esta nova série de pinturas foi concebida e executada em 2019, durante a residência da artista no Lago Millstatt, no seu estúdio com vista para a água, cuja superfície transparente e tremeluzente se reflete nas telas. Um corpo estranho, preso numa pose desarticulada e rígida, o mergulhador desliza para a água, enquanto formas biomórficas - tentáculos, ondas, algas marinhas, corais - criadas através de pinceladas fluidas e sinuosas, se sobrepõem e envolvem a sua figura plana. Alguns sinais coloridos também evocam fragmentos de letras que dão voz a um alfabeto distante e incompreensível, como um discurso subaquático. Ideias de alienação, de (se) ser ou sentir estranho, ecoam no grupo de pequenas pinturas desenvolvidas no rasto da figura do mergulhador, em referência a uma dupla dimensão que opõe o indivíduo e o ambiente, o mundo real e o fantástico e, de um ponto de vista formal, elementos figurativos e motivos abstratos. Estes dois reinos são nesta série representados metaforicamente pelo mundo sobre e sob a água, duas dimensões que se fundem e tornam indistinguíveis na tela que, agindo como a superfície do lago, devolve uma imagem deformada dos homens e da paisagem em si espelhada e, ao mesmo tempo, deixa vislumbrar o que habita as suas profundezas.

Mais do que uma crítica, Schachinger convida a uma reflexão aberta à alegre multitude caleidoscópica de pontos de vista, onde criaturas maravilhosas e turistas europeus coexistem. A sequência de três pinturas intitulada A Marina Está De Férias retrata, como uma banda desenhada ou um storyboard, um viajante em diferentes situações de férias; a sua dimensão verticalmente alongada lembra a paisagem aquática em camadas, que toma forma no papel tornassol, bem como a técnica batik, muito popular na cultura hippie dos anos sessenta, e que representa um clichê de um estilo de pintura exótico. Testemunha dessa troca de olhares e perspectivas, as pequenas telas de Schachinger são feitas em linho que a artista comprou durante uma viagem à Índia, mesmo que a impressão da etiqueta na margem diga “Pure European Linen”.

Anna Schachinger (Viena, Austria, 1990) vive e trabalha em Viena. Schachinger recebeu o seu diploma da Academy of Fine Arts Vienna em 2018. Participou no programa de estudos maumaus em Lisboa em 2017 e estudou na School of the Art Institute em Chicago entre 2010 e 2012. As suas exposições individuais e em duo incluem: Pensive State com Irina Lotarevich, Sophie Tappeiner, Viena (2019); Holderinnen, Brennan and Griffin, Nova Iorque (2018); Lost in Thoughts, fourteen30, Portland (2018); alles, Lulu, Cidade do México (2017); white crocodile, fAN Kunstverein, Viena (2016). As suas exposições coletivas incluem: Prince.sse.s des villes, Palais de Tokyo, Paris (2019); Supervulcanos, Tarsia, Nápoles (2019); La peinture abstraite, La Maison de Rendez-vous, Bruxelas (2019); Use your Illusion, Herald Street, Londres (2018); At Large at Reyes Projects, Detroit (2018).