Como todo final de ano, eu deveria escrever uma crônica fazendo o balanço do ano que termina e, com base nos acertos obtidos, projetar o próximo ano, incrementando, inovando e pensando em novos projetos. Mas não será bem assim essa crônica, sim, tive acertos e erros neste ano que se despede, assim como todo mundo, sim, tenho planos para o futuro, também como todo mundo, mas deixa pra lá.
Na verdade, eu não quero falar sobre o Papai Noel nem seus duendes, pronto, já falei, mas de mim e do que me deixou mais feliz esse ano do que qualquer outra coisa que eu tenha feito. A felicidade é importante nessa vida e me recuso a viver sob o manto da infelicidade, busco ser feliz, insisto nessa ideia e vou às últimas consequências atrás de conquistá-la, e foi o que fiz logo agora no final do ano.
Eu tinha um sonho e achava que ele nunca se realizaria, e ele não era o de comprar um carrão esportivo que vale milhões, meu carrinho popular já me basta, nem de morar em uma mansão com piscina num condomínio fechado com clube privativo, dá muito trabalho e despesa também, já tenho meu apartamentinho onde sou feliz e vivo bem. Meu sonho era bem simples, possível e não muito caro. E realizei!
Talvez tenha sido a minha maior realização da vida, porque era um sonho, mas não um objetivo, pois eu não acreditava que poderia fazer por diversos motivos, um deles a falta de talento para tal, então, infelizmente, invejava quem faz, e a inveja é uma desgraça que recai sobre o invejoso e não sobre o invejado, pois este nem sabe o que se passa na cabeça do outro e leva sua vida numa boa.
Não chegou a ser um sofrimento para mim, mas era uma dor que passava quando eu me punha a escrever e que voltava quando me deparava com o que eu desejava fazer e não fazia, a danada da inveja vinha forte e aí sim era dolorosa como quebrar um osso, eu não me conformava e me roía todo, fazia troça com minha “inabilidade” e, como todo invejoso, até arrancava alguns sorrisos com as ironias dirigidas a mim (?).
Estou fazendo mistério sobre o assunto e nem sei por que, eu acho que já devia ter falado, desenvolvido o assunto e resolvido o texto, mas estou enrolando com o intuito de te prender aqui, afinal na data em que sai essa crônica as pessoas estão mais interessadas nas festas do que em ler um texto de um chato falando sobre o sonho que ele realizou depois de passar quase a vida toda achando que não podia realizar e se roendo de inveja de quem fazia. Que coisa!
Mas fica tranquilo que não vou enrolar mais ninguém, revelo daqui a pouco o que me deixou mais feliz esse ano, mas adianto que não ganhei naquele sorteio do apresentador de televisão que dá um milhão para quem assina o aplicativo, nem assinatura eu fiz, não é pelos vinte Reais, mas porque não me ligo muito nesse negócio de sorteio, jogo e dinheiro fácil, porque tudo o que vem fácil, vai fácil e não adianta especialista de internet ensinar a lidar com dinheiro porque o comichão em gastar é maior do que o de guardar. Um milhão é muito dinheiro e dá para fazer estragos por aí, um dia acaba.
O texto já está na metade e nada de eu falar, ainda não falei coisa com coisa e permaneço enrolando, ou explicando que o que fiz não foi assim uma coisa tão grande, para mim foi, nem precisou de gastar muito dinheiro, o investimento inicial foi de míseros vinte e seis Reais e uns centavos, assim deu para começar meio que na louca mesmo, mas o que são os sonhos se não abstrações loucas que temos?
Enfim, revelo o que quem me segue nas redes sociais já sabe, ou não: comprei pincéis, tinta guache, umas telas de tamanho pequeno e comecei a pintar. Está aqui no meu perfil (se você o leu, sabe também, tinha me esquecido disso). Mas o fato é que durante muitos anos eu disse que não tinha talento para tal, continuo achando, mas isso não tem nada a ver quando você se dispõe a aprender e procura o seu caminho ideal.
Quanto a aprender, estou aprendendo, autodidata que sou, cometo erros e acertos, quanto ao talento, esse dá para enganar, treinando e fazendo o que é possível. Como não sei desenhar, resolvi pegar o caminho da pintura abstrata, figuras geométricas, riscos aleatórios, formas disformes, tudo isso utilizando muitas cores e tentando controlar a tremedeira da mão, essa é instável e nunca obedece a mensagem que o cérebro envia, uma loucura.
Com relação à mão não obedecer à mensagem do cérebro, está tudo certo, porque eu não tenho a pretensão de ser nenhum mestre das artes plásticas, só quero pintar uns quadrinhos e ser feliz, já fiz dez e sinto que meus traços melhoram quanto mais eu pinto, a mão continua a tremer, mas percebi que pintar tem a ver com paciência e tenho me dedicado a cultivá-la.
Eu já passei da idade de me preocupar com o que os outros falam de mim, ou sobre o meu trabalho, já ouvi de tudo nessa vida e mais umas e outras que ouvir não me farão diferença alguma, decidi ser feliz como sou e assim estou vivendo muito bem. A vida é curta, num instante passam anos se você ficar parado pensando na morte da bezerra, analisando besteiras e se preocupando com o que pensam os outros, como eu, são invejosos e não sabem, eu sabia que era e ficava constrangido em ser. Triste constatação.
Sem medo de parecer ridículo, eu posso afirmar neste ponto em que o texto está chegando ao seu final que de todos os acontecimentos desse ano, o que me deixou mais feliz foi começar a pintar. Aviso que já evoluí, comprei telas maiores, um cavalete grande, mais tintas, agora PVA, mais pincéis, dessa vez profissionais e já coloquei no meu status “Artista Plástico” e que se danem os invejosos! Feliz Natal e Próspero Ano Novo! Realize seus sonhos antes que seja tarde!















