Colecionar é uma filosofia de vida. É um hábito salutar, que educa e fascina. Compreendo seu poder transformador, que nos remete a arte do belo, da educação e da preservação da história. O ato de colecionar é mais que juntar objetos: é viver pelo prazer das grandes descobertas.
Desde os primórdios da civilização, o ser humano tem o impulso de guardar, organizar e preservar objetos que considera valiosos — seja por beleza, raridade, memória afetiva ou importância histórica. Esse impulso deu origem ao que conhecemos como colecionismo, uma prática que ultrapassa séculos e fronteiras, conectando culturas, épocas e indivíduos em torno da busca por significado através de objetos.
O que move um colecionador?
O colecionismo é, antes de tudo, uma forma de expressão pessoal. Para alguns, colecionar é uma forma de preservar a história. Para outros, é um exercício de nostalgia, ou ainda um investimento financeiro. Independentemente da motivação, o ato de colecionar exige dedicação, paciência e conhecimento. É uma atividade que transcende o simples acúmulo — é uma curadoria pessoal do mundo.
O psicanalista Sigmund Freud, por exemplo, era um ávido colecionador de antiguidades greco-romanas. Ele acreditava que os objetos tinham o poder de conectar o presente ao passado e de provocar reflexões profundas sobre a identidade, o tempo e a mortalidade. Muitos estudiosos consideram que o ato de colecionar também pode ser uma tentativa inconsciente de dar ordem ao caos ou de preencher lacunas emocionais.
As maiores coleções do mundo
Ao longo da história, algumas coleções se destacaram tanto por seu tamanho quanto pelo valor cultural que carregam. Muitas delas hoje compõem os acervos dos maiores museus do mundo, mas suas origens remontam a colecionadores individuais.
Museu do Louvre (França)
Originalmente o acervo pessoal da monarquia francesa, o Louvre abriga hoje mais de 380 mil objetos, entre pinturas, esculturas, moedas, armas e relíquias arqueológicas. A Mona Lisa de Leonardo da Vinci é o ícone máximo da coleção, que começou a tomar forma no século XVI.
Museu Britânico (Reino Unido)
Fundado a partir da coleção pessoal de Sir Hans Sloane — médico, cientista e colecionador —, o museu possui hoje cerca de 8 milhões de peças. Destaques incluem a Pedra de Roseta, os Mármores de Elgin e artefatos egípcios milenares.
O Vaticano e sua coleção de arte sacra
Com séculos de acúmulo, o Vaticano abriga uma das maiores e mais valiosas coleções de arte religiosa do mundo. Obras de Michelangelo, Rafael e Caravaggio fazem parte do acervo, que reflete o poder da Igreja Católica na história da arte ocidental.
A coleção privada de Paul Getty
O magnata americano J. Paul Getty fundou o Getty Museum, na Califórnia, a partir de sua coleção pessoal. Apaixonado por arte clássica, Getty construiu uma das mais ricas coleções privadas do século XX, com obras que vão de esculturas gregas a pinturas renascentistas.
Grandes colecionadores da história
Lorenzo de Medici (1449–1492)
Conhecido como "Lorenzo, o Magnífico", o governante de Florença foi um dos maiores mecenas do Renascimento. Sua paixão por livros, manuscritos e arte transformou Florença num dos centros culturais mais importantes da Europa.
Catherine de Médici (1519–1589)
Rainha consorte da França, foi uma grande colecionadora de arte e relojoaria. Seu amor por objetos sofisticados moldou os gostos da corte francesa e influenciou o design europeu por gerações.
John Pierpont Morgan (1837–1913)
O banqueiro americano era também um colecionador incansável de livros raros, manuscritos, artefatos e obras de arte. Sua coleção formou a base da Biblioteca Morgan, em Nova York, hoje aberta ao público.
David Rockefeller (1915–2017)
Filantropo e colecionador, David Rockefeller possuía uma coleção de arte avaliada em mais de US$ 800 milhões. Em 2018, após sua morte, sua coleção foi leiloada, arrecadando cifras recordes e reafirmando o valor do colecionismo como ativo financeiro.
O colecionismo no século XXI
Com a era digital, o colecionismo ganhou novas formas. Itens como carros em miniatura, cards digitais e até memes passaram a ser colecionáveis. Plataformas como eBay e marketplaces especializados facilitaram o acesso a itens raros, tornando o colecionismo mais democrático e global.
Por outro lado, a valorização de itens físicos não diminuiu. Relógios de luxo, moedas antigas, gibis raros, selos e brinquedos vintage continuam despertando fascínio e movimentando um mercado multimilionário. Em 2021, por exemplo, um exemplar da primeira edição do Superman foi leiloado por mais de US$ 3 milhões.
Mais do que objetos, histórias
Somente os colecionadores compreendem o sentimento de observar uma moeda da Roma Antiga, um brinquedo dos anos 1920, um item de raro valor. No fim das contas, colecionar é contar histórias — sejam elas pessoais, culturais ou universais. Cada objeto guardado carrega consigo uma narrativa, uma memória, um pedaço de tempo congelado. O colecionismo é, portanto, uma ponte entre o passado e o presente, entre o individual e o coletivo.
Em um mundo cada vez mais efêmero e digital, o poder do colecionismo reside justamente na permanência, na preservação e na valorização daquilo que o tempo poderia apagar. Seja em museus monumentais ou em prateleiras caseiras, o ato de colecionar continua sendo uma das mais humanas — e poderosas — formas de se conectar com o mundo.








![Pessoa lendo no gramado. Na verdade, a ficção (sintetizando eu neste singular o plural dos contos) encerra-se sobre si própria. Antes de mais, autodefinindo-se como “apenas um traço amarelo e letras de alfabeto desconhecido” de um “[Eu que] aqui estou” (OE, p. 64) em sucessivas auto-inscrições](http://media.meer.com/attachments/d30f5af7b6fdb946a5494e803ea33efbaacb7e58/store/fill/330/186/f0c1a586ee9dd48d484e30872aae815d9de60bc5fc276d55baf042d6cfbb/Pessoa-lendo-no-gramado-Na-verdade-a-ficcao-sintetizando-eu-neste-singular-o-plural-dos-contos.jpg)






