Quando a gente começa um novo hábito, seja ele qual for, a gente começa com as ferramentas que temos disponíveis ao nosso alcance. Se quisermos começar, por exemplo, uma atividade física, considerando a possibilidade de não ter condições de pagar por uma academia ou um professor particular, vamos nos arriscar a fazer uma caminhada pelo bairro ou em algum parque próximo. Caso tenhamos interesse em continuar, vamos nos aperfeiçoando e até investindo nesse novo hábito.

No meu caso, a leitura, comecei como eu achei que era: pegar um livro que me interessasse e simplesmente ler. Com o passar do tempo, senti a necessidade de ter algo a mais daquela leitura como se parecesse que o livro me falasse muito mais do que eu estava lendo e eu não estava conseguindo ter ouvidos o suficientemente abertos para escutá-los. Então fui pesquisar como os leitores faziam.

Adentrei em um universo sem fim. Universo esse que envolve muitos post-its, canetas marca-texto e marcadores de páginas. Eu, que sempre gostei de papelaria, não achei ruim. Além disso, após realizar uma leitura, comecei a pesquisar vídeos sobre pessoas que tinham lido o mesmo livro para saber se tinham entendido a mesma coisa que eu tinha entendido. Que delícia poder encontrar pessoas que estão falando algo que você sentiu e percebeu! E a vontade de dizer: “Eu também notei isso e achei que o autor quis dizer isso!” ou “Você não percebeu aquilo?”.

Entrei para clubes de leitura, mas minhas experiências não foram como eu esperava. Ou a escolha dos livros era excelente, mas a mediação era insuficiente ou a mediação era ótima, porém a escolha dos livros não era do meu gosto. Com relação a escolha do livro não ser do meu gosto pessoal, eu até me arrisco pois sei que posso me surpreender em alguma leitura, afinal “não devemos jamais julgar um livro pela capa”, não é mesmo?

O que aconteceu depois da pandemia é que os produtores de conteúdo se reinventaram e as ofertas ficaram variadas. Atualmente eu sigo quatro canais e consigo escolher pela leitura que me interessar. Um canal oferece leitura conjunta e os outros três oferecem curso aprofundado com base na leitura, alguns são pagos então dependendo do autor e da obra eu invisto tempo e/ou dinheiro; diferente do que acontecia anos atrás em que eu estava presa em um clube de leitura por um plano mensal ou anual.

À medida que fui desenvolvendo meus hábitos de leitura, comecei a sentir a necessidade de compartilhar as minhas impressões de leitura, porém sou muito tímida para fazer vídeos e acho que sou muito melhor escrevendo pois posso revisar várias vezes antes de publicar. Então estabeleci para mim mesma que ia compartilhar nas minhas redes sociais as minhas resenhas literárias. Não é exatamente o tipo de conteúdo que faz sucesso como cachorros fofinhos e paisagens belíssimas com corpos esculpidos por atividades físicas de alta intensidade (ou por milhões gastos em clínicas de estética), mas de longe era o meu objetivo ganhar relevância com isso até porque meu perfil é fechado. Se eu influenciasse pelo menos uma pessoa do meu círculo a ler aquele livro que eu li pela minha resenha, eu já estava bem satisfeita.

Você sabe como se faz uma resenha?

O que é uma resenha?

É um artigo de trabalho que exige certo conhecimento a fim de estabelecer comparações com outras obras que sejam da mesma área e certa maturidade intelectual para poder ser feita avaliação e opinar.

Estrutura da resenha

A resenha precisa seguir algumas condições estruturais que ajudam a dar clareza e organização ao texto. A delimitação é o primeiro passo: consiste em apresentar a obra, sua edição, o contexto em que foi publicada e qual parte dela será analisada. Em seguida, vem a análise textual, que observa como o texto foi escrito, a sua organização, estilo e se os argumentos são consistentes.

A temática mostra quais são os principais assuntos abordados e qual é a ideia central defendida pelo autor. Já a parte interpretativa corresponde à leitura crítica feita por quem escreve a resenha, relacionando a obra a outros contextos ou referências. A problematização é o momento de levantar questões, destacar limites e trazer comparações que enriquecem a reflexão. Por fim, a síntese pessoal fecha a resenha com a opinião do leitor, indicando as contribuições e relevância da obra de forma clara.

Uma boa resenha se apoia em partes essenciais. Primeiro, a identificação da obra, que traz as informações básicas do livro. Depois, as credenciais do autor, que situam quem escreveu a obra e sua relevância no tema. Em seguida, o conteúdo, em forma de resumo (conciso) ou digesto (segue mais de perto a estrutura da obra), apresenta as principais ideias do texto. A crítica vem logo depois, trazendo a avaliação do resenhista sobre pontos fortes, limites e contribuições. Por fim, a indicação mostra para quem a obra é recomendada e em que contextos pode ser útil. Importante lembrar que a resenha aceita juízo valorativo, ou seja, a opinião do resenhista tem espaço, desde que esteja bem fundamentada.

Claro que o foco aqui nesse artigo é resenha literária, mas a resenha pode ser feita a respeito de um filme, uma peça de teatro, exposição de arte, entre outros.

Compartilhar as minhas resenhas, sejam literárias ou de filmes que assisti, é o meu jeito de espalhar as histórias que me tocam. Espero que alguma resenha toque também quem estiver lendo e incentive a mergulhar na obra que me emocionou.