O mundo mudou! Esta realidade é a máxima quando nos deparamos com as atribulações do mundo moderno, cada vez mais tecnológico e desumano. Marcado pelo individualismo e pela velocidade das relações humanas, a solidariedade ressurge como um valor essencial à convivência, à justiça social e à construção de uma sociedade mais empática e equilibrada. Muito mais do que um ato pontual de ajuda, a solidariedade é uma arte — uma forma sensível e consciente de se conectar com o outro, reconhecer suas dores e agir em prol do bem comum.
Muitos questionam o valor da solidariedade. Ser solidário é, antes de tudo, um exercício de humanidade. Significa sair de si, olhar para o mundo ao redor e perceber que há vidas que clamam por atenção, dignidade e acolhimento. Essa postura não exige grandes gestos ou recursos materiais: muitas vezes, o simples ato de ouvir, de oferecer tempo, ou de estender a mão já transforma realidades.
Seria a solidariedade uma arte? Sim! Ela é a arte que se manifesta nas pequenas ações do cotidiano — no voluntariado, na doação, na empatia com um colega de trabalho ou com um desconhecido na rua. Ela também se amplia em movimentos sociais, campanhas humanitárias e políticas públicas voltadas ao bem-estar coletivo. Em todos esses níveis, a solidariedade revela sua potência de unir pessoas, reduzir desigualdades e promover esperança.
E o que ela nos ensina? Em tempos de crise, como pandemias, desastres naturais ou conflitos, a solidariedade se torna ainda mais visível e necessária. É nesses momentos que a capacidade humana de cuidar uns dos outros se revela com força. A ajuda mútua, a cooperação e a compaixão tornam-se ferramentas de resistência e reconstrução.
A solidariedade é, ainda, um ato de transformação interior. Ao ajudar o outro, aprendemos sobre nossas próprias fragilidades, desenvolvemos empatia e ampliamos nossa compreensão do que significa viver em sociedade. A arte da solidariedade, portanto, não é apenas uma prática externa — é um caminho de crescimento humano, social e espiritual.
Em suas palavras, Victor Hugo já dizia: “Ser bom é fácil; o difícil é ser justo.” Essa justiça social, em sua forma mais sensível, se realiza na solidariedade: quando alguém se mobiliza pelo sofrimento do outro. Martin Luther King Jr., por sua vez, declarou: “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar.” Essa frase reforça a ideia de que a solidariedade não é apenas generosidade, mas um compromisso com a equidade e a dignidade de todos.
A falta de sensibilidade e solidariedade
Porque existem tantas pessoas que não praticam empatia? Por que tantas têm raízes de insensibilidade? A falta de sensibilidade e solidariedade em algumas pessoas tem margens complexas, que envolvem fatores psicológicos, sociais, culturais e até históricos. Aqui estão algumas das principais razões pelas quais isso acontece:
Algumas pessoas têm mais dificuldade natural ou desenvolvida em perceber e compreender o sofrimento alheio. Isso pode vir de traumas não resolvidos, educação falha, ambiente familiar hostil ou condições como narcisismo ou sociopatia.
Pessoas emocionalmente reprimidas, por exemplo, podem ter bloqueios empáticos porque nunca foram ensinadas a lidar com seus próprios sentimentos.
Vivemos em uma sociedade que frequentemente valoriza mais o sucesso individual, a aparência e o desempenho do que a compaixão, a escuta e o cuidado mútuo. Isso gera atitudes como:
“Cada um com seus problemas”.
“Se a pessoa está sofrendo, é porque merece”.
“Eu me virei sozinho, os outros que façam o mesmo”
Essa lógica desumaniza, isola e enfraquece o senso de comunidade.
Com a exposição constante a tragédias (violência, fome, guerras, desastres) nos meios de comunicação e redes sociais, algumas pessoas se tornam insensíveis como forma de autodefesa emocional. Isso leva ao famoso “não é comigo”.
Muita gente está tão ocupada em sobreviver — trabalhando, lidando com dívidas, pressões e responsabilidades — que se torna insensível não por maldade, mas por esgotamento. Quando se vive em estado de alerta constante, o cérebro prioriza a autoproteção e pode “desligar” a empatia.
Pessoas que cresceram em ambientes onde a solidariedade não foi valorizada tendem a repetir esse comportamento. Se desde cedo não se ensina a importância do “olhar para o outro”, é provável que a insensibilidade seja reproduzida por gerações.
A falta de solidariedade é um problema real — mas não é um destino fixo. É resultado de escolhas, contextos e ausências. Por isso, a solução também está na educação, no afeto, na escuta e na construção de vínculos reais. A sensibilidade não é um dom de poucos — é uma responsabilidade de todos.
Exemplos históricos
Ao longo da história, muitos movimentos sociais e figuras públicas mostraram que a solidariedade é capaz de transformar realidades. Durante o regime do apartheid na África do Sul, Nelson Mandela tornou-se um símbolo mundial de resistência e união ao lutar, não apenas por si, mas por todo um povo oprimido.
Na Segunda Guerra Mundial, organizações como a Cruz Vermelha prestaram ajuda humanitária a milhões de pessoas. Mais recentemente, durante a pandemia de COVID-19, vimos redes de solidariedade espontâneas se formarem ao redor do mundo — de vizinhos ajudando vizinhos até campanhas virtuais de doação alcançando milhares de famílias.
Esses exemplos provam que a solidariedade ultrapassa barreiras políticas, culturais e religiosas, revelando a capacidade humana de se unir em torno da compaixão e do cuidado mútuo.
Perspectivas sociais e filosóficas
A solidariedade constitui um pilar essencial das relações humanas, sobretudo em sociedades marcadas por desigualdades socioeconômicas. Do ponto de vista filosófico, ela é compreendida como uma virtude moral que transcende o altruísmo espontâneo, implicando responsabilidade e compromisso ético com o bem comum.
Do ponto de vista sociológico, a solidariedade também pode ser vista como um elemento estruturante das instituições sociais, contribuindo para a coesão, estabilidade e justiça social. Assim, promover a solidariedade não é apenas uma ação voluntária, mas um imperativo para o fortalecimento da democracia e dos direitos humanos.