Friends, Gossip Girl, The Vampire Diaries e Reign são as minhas séries favoritas de todos os tempos. Pode passar o tempo que for que sempre reassistirei alguma delas, em qualquer época do ano, vivo presa numa nostalgia para matar saudades e buscar conforto.

A maioria dessas séries fizeram parte da minha adolescência e assim como meus livros acabaram me moldando um pouco, acrescentando em meus sonhos o sonho da vida que queria para mim. Neste momento voltei a ver Gossip Girl, sem nenhuma razão aparente, uma vez ou outra acabo por me lembrar de uma forma saudosa do enredo, da época em que assisti e dos sentimentos que despertam em mim, por isso sigo maratonando um pouquinho a cada dia após o trabalho ou tarefas da vida adulta.

Falei em séries, mas eu amo ler, eu amo música, filmes e amei também a telenovela juvenil Rebelde (2006), se pensar mais a lista de tudo seria enorme, podemos dizer que vivi cada fase da minha vida com alguma obra como guia, e não me entendam mal aqui não é a síndrome de Peter Pan. Eu cresci, ainda longe da vida dos sonhos, mais abracei cada nova fase, com amor, com ódio, medo, alegria e tristeza, faz parte assim como a arte, sempre foi uma forma de terapia para mim, meu combustível secreto para não desistir e lembrar de quem sou.

Já adianto que de todas as séries mencionadas minhas personagens favoritas são as malvadinhas ou vilãs se preferirem o termo, Katherine Pierce de The Vampire Diaries, Blair Waldorf de Gossipi Girl, Roberta Pardo de Rebelde, Monica Geller que não chega a ser malvadinha ou vilã, mais que tem muitas características que enxergo em mim mesma e por último mais não menos importante, Rainha Mary da Escócia, Reign.

Cada uma dessas séries veio em épocas distintas do meu crescimento e amadurecimento como mulher e mesmo sendo ficção cada qual tem suas lições, aprendizados e situações pelas quais também passei. Este último ano tendo como companhia diária e não convidada, a ansiedade. Comecei a perder o foco da vida, guardei meus sonhos e senti um cansaço que não saia de mim, um cansaço de estar viva sem perspectivas que acumulada e mesmo tratada com terapia, exercício físico e desenvolvimento espiritual, virou a temível depressão.

Doenças mentais são uma pauta que hoje é muito debatida, mas ainda pouco compreendida. Por serem doenças muitas vezes silenciosas, com sintomas que disfarçamos (ou achamos que sim), são algumas das piores experiências para qualquer ser humano e digo por mim. Já não me reconhecia e as vezes me pergunto como conseguia cumprir certas obrigações, pois já não existia energia o suficiente para apreciar minha rotina que é uma coisa que prezo muito.

Então aqui estou, fui buscar conforto em histórias antigas, nas minhas séries tão preciosas. A arte é terapia. Achei conforto misturado na nostalgia de épocas que já vivi, juntamente com meus personagens favoritos em situações cômicas. Ao fugir um pouquinho, mesmo que por uns minutos daquela angústia da realidade, comecei a me reconectar comigo mesma, aquela antiga eu, a menina, a adolescente, a mulher, aquela que sabe que o mundo é grande demais, e que quer experimentar e viver as melhores que ele tem para oferecer.

Ainda quero ir em Nova York beber um café no Central Park, conhecer o Upper West Side, ir à Disney para conhecer o Mickey Mouse e os castelos de princesas, esbarrar sem querer num vampiro Salvatore ou quem sabe virar uma Cullen, hello Edward, conhecer a Escócia e mais da história da rainha Mary, ir ao México no show da minha banda favorita, fazer compras como Blair e Serena num verão qualquer em Paris ou me casar com meu próprio Chandler Bing. São tantas coisas da ficção que impulsionaram certos desejos meus, infantis, irreais e até aqueles mais tangíveis.

Agora já na última casinha dos 20 e tantos penso no que já consegui fazer, nas listas que risquei, nas que descartei e nas novas metas que pretendo concluir o mais breve possível. Então sim, morando sozinha num país que não é meu, numa cultura que não é a minha, sem família ou sorte no amor, me apego aos meus livros, aos meus filmes, minhas séries, e amigos, que viraram a família no dia a dia. No meio disso tudo, eu encontro a mim.

A nostalgia é traiçoeira, quanto mais me aventuro nela eu me reencontro com minhas antigas versões e com quem quero ser. Ela é traiçoeira demais, uma desgraçada. Agora estou aqui com a pilha a mil por hora, querendo o mundo inteiro para mim, nunca vou me contentar com o pouco, não posso me acomodar com o pouco, a ambição de querer uma vida melhor ainda está em mim e mais forte que nunca.

I Know, Monica Geller!