Este tema me foi sugerido pelos Drs. Professores António's, por alguma curiosidade provocada com tais artigos, mais esclarecimento ou mesmo,a afirmação de certezas que já se possa suspeitar ou, achar que as tenha. Autocrítica importante para de tempos em tempos, nós próprios situarmos em qual estágio humano da vida estaremos, ou já passamos. Os vários Antónios poderão espelhar-se em factos e descortinar outras verdades, que só estavam disponíveis aos detentores da informação. A Diplomacia tem como sua principal característica, deter a informação do ambiente estrangeiro internacional. Quase exclusivamente, dependendo ainda mais da nacionalidade desta, a que serve e, sobretudo o que estejamos a tratar. Como a informação militar ou religiosa, que por praxe torna-se pública, só após tal sociedade ter maior discernimento para interpretá-la e, dependendo claro da sua relevância.
Cada país tem a sua diplomacia bem como, relativamente à sua participação no teatro mundial seja como ator principal, figurante, coadjuvante ou ainda como a vítima, se assim o papel do personagem preferir. Curiosamente - ou não, como diz um ditado em que, coincidências não existem! Ainda para mais, após o advento do algoritmo digital - o acaso literário me apresentou simultaneamente 'quatro' histórias, provenientes de estudos 'ad hoc'1 e relatórios biográficos que, datavam dentre as décadas de 50 à 90, do século passado.
Consequentemente reflectidos hoje, n'alguma pobreza ou miséria diplomática que se observe, lá e acolá.
Primeiramente e, introdutório a este artigo, foi a história da escassez de moradias, insuficientes na antiga União Soviética comunista de 1979 mas, administrada por funcionários públicos, como o é nestes contextos planificados, demasiado controlados e burocráticos. Curiosamente, faltou considerar na política daquela União, o fator principalmente dos divórcios, recentemente legalizados na época e que, ao desmembrar famílias, incrementou a demanda por casas e moradias, inexistentes ou burocraticamente, insuficientes. Tampouco a insuficiente disponibilidade de recursos e mão-de-obra, conseguiu dar vazão à demanda, criando assim um mercado paralelo e dando margem à corrupção.
A segunda, foi a biografia do fundador da Nike, Phil Knight que, desvendou um problema burocrático estadunidense de imposição de barreiras ao livre-comércio, pela precificação aduaneira mínima que favoreceria uma acomodação da indústria local, tentando assim um grave e incompreensível desestímulo à concorrência doméstica, causada por lobby político. Depois de ter sido apoiada e alavancada pelos japoneses, a Nike culminou com sua pioneira produção própria chinesa, naqueles idos anos de 1979 e 1980, em que a própria politica diplomático-económica dos EUA teve papel estimulante e incentivou, com a politica de desenvolvimento pós II Guerra Mundial. Hoje a marca desportiva, é uma das maiores empresas de capital aberto, do mundo.
A terceira, foi a descrição de fatos no último livro do Diplomata norte-americano, Henry Kissinger, Liderança2, que tendo acompanhado contemporaneamente e convivido com os seus pares, descreveu alguns dos mais importantes líderes mundiais da sua história profissional. Especificamente neste contexto foram, um o seu Presidente Nixon que retomou a Diplomacia com a China e o seu reingresso na economia mundial; e outro, um Primeiro Ministro da jovem e pequenina Singapura, Tigre do Sudeste Asiático. Mr. Lee Kuan Yew que, a vários outros líderes de Estados maiores do que o seu, com especial clareza assessorou e consultou sobre a provável geopolítica futura e, da consequente segurança económica internacional, nos mares inclusive.
A quarta, foi a minha própria constatação à época, primeiramente em 1998, ao ter visitado e desenvolvido negócios nestas mesmas regiões, importando e exportando com aqueles destinos e origens, nos períodos posteriores e áureos da proeminente nova globalização, que foram resultantes destes esforços diplomáticos estrangeiros.
Percebendo in loco as várias questões e exemplos que citaram nas suas histórias, consegui ligar novas pontas soltas às quais só a macroeconomia poderia prover. A suspeita do insucesso e fragmentação da URSS comunista, resultante consequentemente numa hibridização capitalista do socialismo chinês e, com apoio comercial, económico e financeiro da Diplomacia Económica internacional, já era percebida e discutida naquelas castas políticas centrais, do globo terrestre. A interpretação e o formato de participação na nova geopolítica fez-se apresentar como está hoje, pelas previsões dos senhores todos, anteriormente citados.
O sucesso e a liberdade do capitalismo, permitiu ao oriente adaptar-se, incorporando parte do que era benefício mas respeitando-se inconsistentes e inaceitáveis características das sociedades ocidentais, naquela cultura. O conceito de liberdade dos diferentes sistemas, permitiu através da diplomacia, alguma criatividade para novas adaptações modernas de culturas contemporâneas e, interdependentes entre si. Os personagens, todos dentro de seu papel e participação nos longo e médio prazos, utilizaram-se das possibilidades e capacidades que as suas vantagens comparativas ou absolutas permitiram.
A condução à paz económica, desenvolvimentista e favorável à criação de iniciativas inovadoras e, a percepção autocrítica internacional de ideias disruptivas, proporcionaram uma maturidade aos povos de vanguarda. A pobreza, o populismo e os discursos sem ação por conseguinte, ficaram para as velhas-guardas. A disciplina asiática sempre liderou algum exemplo no mundo, através da sua cultura confuciana milenar. Não era de esperar que, todas as culturas mais novatas sigam uma mesma sapiência anciã. Por isso, os diplomatas económicos, públicos e privados, continuarão possuindo estas informações antecipadamente. Cabe a eles discernimento, para saberem e poderem fazê-las conhecer... Cabe aos povos os ouvir, ler, compreender ou se preferível for, resistir...!
Notas
1 Específico.
2 Ed. Leya/Dom Quixote.