Relacionamentos abusivos são uma realidade alarmante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, cerca de 29,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais sofreram algum tipo de violência, seja ela psicológica, física ou sexual. Este dado representa 18,3% da população adulta do país, revelando a magnitude do problema.

Reconhecer os sinais de alerta é crucial para prevenir e proteger-se de situações abusivas. Este conteúdo irá guiá-lo na identificação desses “sinais”, ajudando você a manter relacionamentos saudáveis e evitar cicatrizes emocionais e mentais que podem durar a vida toda.

Nem sempre há agressão física

Contrariamente à crença popular, a violência em relacionamentos abusivos não se limita à agressão física. A justiça reconhece cinco formas de violência doméstica: física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. A violência psicológica, por exemplo, atingiu 27,6 milhões de brasileiros em 2019, demonstrando sua prevalência significativa.

Relacionamentos abusivos não acontecem apenas com mulheres frágeis

O estereótipo de que apenas mulheres "fracas" são vítimas de abuso é prejudicial e enganoso. Personalidades famosas como Whitney Houston e Reese Witherspoon vivenciaram relacionamentos abusivos, ilustrando que a força ou o sucesso não imunizam ninguém contra o abuso.

Fato é que podemos ficar vulneráveis a esse tipo de relacionamento por inúmeras razões. O mito de que isso acontece com mulheres “fracas” é prejudicial, causa vergonha e pode dificultar a busca de ajuda e a exposição do que estão passando.

Não acontece só entre casais

Infelizmente, a violência doméstica também pode existir entre pais, filhos e outros membros da família que vivam na mesma casa. Principalmente abuso psicológico. Dados mostram que 72,8% dos agressores são pessoas conhecidas da vítima, incluindo 25,4% de companheiros e 11,2% de pais ou mães

A universalidade do abuso

O abuso não discrimina classe social, educação ou status. Um estudo revelou que mulheres que se declararam pretas ou pardas foram as maiores vítimas de violência. Isso destaca a importância de compreender que qualquer pessoa pode se encontrar em uma situação abusiva, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica.

A violência doméstica não acontece apenas com mulheres que estão distantes da sua realidade

Conheço uma mulher que, ao decidir abandonar seu casamento ruim, enquanto ela juntava todos os pedaços quebrados de si mesma, o marido cancelou todos os seus cartões de crédito, retirou o dinheiro da conta conjunta e, antes que ela percebesse, ela não mais tinha algum dinheiro, nada. Segundo a Justiça, eles se casaram em comunhão de bens e ela tem direito a diversas coisas, mas a Justiça demora muito e nem sempre as recupera. Ela é uma mulher de classe média, com uma família que a sustenta, educação e trabalho.

Em outra ocasião, outra conhecida que abandonou o marido e o denunciou por agressão, teve fotos manipuladas em páginas de prostituição com seu telefone pessoal. Ela havia perdido o emprego por causa dele e, como não conseguia sustentar os dois filhos, perdeu-os para o pai abusivo.

Qualquer mulher pode estar nesta situação, pois a justiça nem sempre funciona como deveria. Compreender direitos, contratos e educação financeira é uma base importante para que você tenha escolha caso se encontre em um lugar que não deseja estar.

Você precisa de vários pontos de apoio para sair de uma situação abusiva, e o dinheiro é um deles A série Maid da Netflix é baseada em uma história real de um relacionamento abusivo. Sem dar muitos spoilers, em determinado momento da série, é dito que mulheres que vão para abrigos, fugindo de relacionamentos abusivos, podem retornar até 7 vezes, até conseguirem abandonar definitivamente seu agressor.

A complexidade de sair de um relacionamento abusivo

Sair de um relacionamento abusivo é um processo complexo que frequentemente requer múltiplas tentativas. Fatores como dependência emocional, baixa autoestima, dependência financeira, medo e vergonha contribuem para a dificuldade em deixar o agressor. Estima-se que mulheres que buscam abrigos podem retornar até 7 vezes ao relacionamento abusivo antes de conseguirem sair definitivamente.

A violência econômica, uma forma de abuso muitas vezes negligenciada, pode deixar a vítima sem recursos para escapar. Em 2019, 18,6% das mulheres relataram ter sofrido ofensas verbais, 8,5% ameaças de violência física, e 6,3% violência física real.

Reconhecer os sinais de alerta em relacionamentos abusivos é crucial para prevenção e proteção. É importante lembrar que a violência doméstica é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada. Educação, conscientização e apoio são fundamentais para combater este problema social persistente. Ao compreender melhor a natureza dos relacionamentos abusivos, podemos trabalhar coletivamente para criar uma sociedade mais segura e equitativa para todos.

Você já se viu em uma situação em que não queria estar, mas da qual se sentiu incapaz de sair? Abuse Is Not Love, programa de ajuda e apoio ao combate à violência, e que conta com a colaboração da Fundação Ana Bella. Violência que não incide apenas no casal, mas também em outras relações abusivas que podemos sofrer com amigos ou familiares.