Nossa essência é pura, bela e perfeita. Tudo o que vem das mãos do Criador é, por natureza, perfeito. Mas será que nossas turbulências e incertezas podem realmente destruir essa perfeição? Ou será que, na verdade, nos afastamos dela, perdendo de vista a verdade de quem somos?
Onde começam as distorções?
Desde criança, um pensamento me perseguia: “Por que meus pais não são felizes? Temos uma família linda, uma vida ensolarada, cheia de luxo. Mas, por trás da superfície, algo estava fora do lugar.”
Pulando capítulos dessa história, anos depois compreendi que o corpo havia tomado conta, somatizando dores, gritando através de doenças e distorções. Como se a carta de um oráculo tivesse saído invertida — uma simbologia de alerta e desconexão.
No campo psicossomático, sabemos que muitas doenças nascem de pensamentos negativos, estresse crônico e emoções não processadas. É impressionante como o corpo responde ao que cultivamos internamente. Quando nos desconectamos da nossa essência, ignoramos os sinais sutis que o corpo nos envia, desprezando sua sabedoria natural.
Muitas vezes, a raiz dos nossos obstáculos está na forma como valorizamos apenas o concreto, o palpável, o visível. Vivemos em um mundo que exalta o que pode ser medido e materializado, enquanto o abstrato — emoções, energia, espiritualidade — é negligenciado. O que não se vê com os olhos se torna secundário, mesmo que seja o que sustenta nossa vitalidade interna.
A corrida contra a essência
Crescemos, começamos a correr atrás de sucesso, atropelamos nossas necessidades, nos afastamos da alma, criamos máscaras ou seguimos como robôs a maioria. Nossa agenda deixa de ser sentida para ser apenas performada. Casamos para resolver problemas, para agradar a sociedade; ser solteiro é visto como fracasso. E, assim, nos afastamos ainda mais da nossa essência, rumo à depressão, ao burnout, à exaustão.
Mas há um momento para parar. Há solução. Esse brilho interno é uma força invisível, mas poderosa. Não é algo que se conquista de fora para dentro, mas de dentro para fora. Quando cultivamos nossa energia interna, encontramos uma riqueza que não pode ser roubada, uma luz que não pode ser apagada, uma força que nos torna resilientes.
A paixão como caminho de volta
Na dança, encontro uma resposta. A pausa — o silêncio em movimento — revela a essência. É ali, no instante de stillness, que tudo se revela. Quando estou nesse silêncio, percebo que tudo o que preciso já está dentro de mim. Escutar na pausa é acessar um universo interno, um espaço que nos guia de volta à nossa essência. E se, ao invés de resistir ao invisível, nos rendêssemos a ele? Se, ao invés de buscar fora, olhássemos para dentro? Essa rendição é um convite para nos tornarmos artistas da nossa própria vida, criando uma dança onde cada movimento, cada pausa e cada respiração se alinham com a perfeição divina que sempre esteve em nós.
Tornar-se um ser radiante
Viver de forma radiante é uma prática diária. É escutar o corpo, sentir as emoções, honrar os ciclos naturais e viver em harmonia com nossa essência. É um processo de lapidação constante, como uma pedra preciosa que só revela seu brilho após ser cuidadosamente trabalhada.
Se tudo isso parece desafiador, lembre-se de que não é um caminho de negação ou fuga. É atravessar a dor, passar por ela. A autêntica transformação não é negar a sombra, mas iluminá-la, integrá-la. É aprender a sermos mais sutis, a falar menos e escutar mais, a dançar, a sorrir, a criar.
Desde criança, meu destino me tornou uma advogada da luz — alguém chamada a lutar por aquilo que é luminoso, verdadeiro e essencial. Lute pela luz, descubra o que te faz centrada e iluminada. Preste atenção no que te atrai e te faz vibrar. E, novamente, isso não significa negar a sombra ou fugir da dor, mas parar de fazer da miséria um workshop permanente. Há inúmeras maneiras de elevar sua consciência: falar como um poeta ou um sábio, mover-se com elegância, corrigir sua postura, rir com leveza, servir ao próximo e oferecer sua energia com generosidade.
Saia do ciclo limitado do "eu, eu, eu" e se abra para doar mais. Ofereça um momento diário para começar a incorporar essas qualidades — um instante de silêncio, de gratidão ou de conexão genuína com alguém. Quando essa prática se torna parte de quem você é, sua vida começa a se transformar em abundância e plenitude.
Para concluir essa reflexão, pergunto: Como está sua guerra interna? Sua mente, seu corpo — estão identificados com guerra ou com paz? Será que vivemos em constante luta contra nós mesmos, nos debatendo entre expectativas, medos e frustrações? Ou conseguimos cultivar momentos de paz genuína, mesmo em meio ao caos?
Se sua realidade parece mais com uma batalha do que com um estado de harmonia, talvez seja hora de inverter essa ordem. Podemos começar desacelerando, ouvindo nossos sentimentos sem julgamentos, buscando práticas que nos reconectem com a nossa essência e cultivando pensamentos que nos elevem.
Transformar guerra em paz é um processo diário, um ato de presença e escolha consciente. E você, está disposto a dar esse primeiro passo para viver mais próximo da sua verdadeira luz?
Com respeito a sua escolha religiosa , vamos nos informar :
A frase "Let there be light" ("Haja luz" em português) é encontrada na Bíblia, no livro de Gênesis 1:3. É uma das primeiras frases registradas nas Escrituras Sagradas, atribuída diretamente a Deus durante a criação do mundo:
And God said, Let there be light: and there was light.
(Gênesis 1:3, King James Version)
Esse versículo simboliza o poder criador da palavra divina e o despertar da luz como um princípio essencial da vida.
Passos para uma vida menos fragmentada:
Prática da presença: reserve momentos diários para parar, respirar e se reconectar consigo mesmo. Pode ser um simples minuto de atenção plena ou uma breve meditação.
Escuta do corpo: aprenda a ouvir os sinais sutis do seu corpo — ele fala através de sensações, tensões e desconfortos. Respeite seu ritmo e honre suas necessidades.
Espaço para o silêncio: crie pausas no seu dia para silenciar a mente. O silêncio não é ausência de som, mas a abertura para escutar sua própria essência.
Expressão criativa: dançar, pintar, escrever ou qualquer forma de expressão autêntica é uma maneira de acessar seu mundo interno e liberar bloqueios.
Espiritualidade viva: cultive práticas que alimentem sua conexão com algo maior — seja através da natureza, da contemplação ou de práticas espirituais. Lembre-se: não é sobre religião. Para Nietzsche, superar o peso da existência e se tornar leve é um ato de transcendência. O dançarino exemplifica isso em cada movimento.
Dançar é uma celebração da vida. É superar a gravidade não apenas do corpo, mas da alma. É viver com a seriedade de quem brinca e com a liberdade de quem acredita que o divino também sabe dançar.
"O movimento do universo começa no centro do nosso ser," dizia Isadora.