Volto a falar sobre meus filmes favoritos. Há um tempo escrevi sobre o filme que, na minha lista, ainda está em primeiro lugar Um Sonho de Liberdade (The Shawschank Redemption). Agora, venho para contar minhas percepções sobre o segundo lugar: Viva – a vida é uma festa (Coco).
Sou um pouco crítico em relação a filmes e a seus conteúdos. Por isso, me deparar com uma animação, algo voltado mais ao público infanto-juvenil, que traz uma série de fatores culturais e, de certa forma, religiosos. O site Adoro Cinema, apresenta a sinopse da animação de maneira genérica. Afirma que:
Em Viva - A Vida é uma Festa, Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
Uma das coisas que me agrada em escrever sobre os filmes é ter a oportunidade de reassisti-los, com calma e olhar de quem quer escrever sobre ele.
Algumas percepções
No início do filme, é apresentada uma breve história da genealogia do personagem principal, onde o próprio Miguel faz uma crítica à sua história. Segundo ele, após abandonarem a música, a família decide se dedicar à arte da sapataria. “Podia ter escolhido qualquer outra coisa, mas escolheu sapatos”, afirma o personagem com tom de voz decepcionado.
A partir disso, o enredo se desenrola com o personagem principal lutando por suas raízes, tentando ser encaixado na família, como um músico. Até confecciona seu próprio violão e um altar dedicado a Ernesto de la Cruz, um reconhecido músico.
Miguelito decide, no Dia de los Muertos, fazer uma apresentação musical em praça pública. Porém, sua família quebra o seu violão improvisado, o que o obriga a tomar medidas mais drásticas. O jovem personagem rouba o violão do próprio Ernesto de La Cruz, localizado na capela onde o cantor está enterrado. A partir disso, ele é levado ao mundo dos mortos, por ter “violado” uma das regras deste mundo.
E, a partir disso, começa a sua aventura, que o leva a conhecer sua família, um amigo chamado Hector e o próprio artista Ernesto de la Cruz.
Em busca de suas raízes, Miguel faz amizade com Hector, um personagem que está sendo esquecido por sua família no mundo real e que sonha com que sua foto seja colocada em algum altar para, no Dia de los Muertos, ter acesso ao mundo dos vivos.
Ao longo do caminho, Miguel descobre que o seu ídolo Ernesto de la Cruz não é o que ele pensa ser. Miguel conhece uma imagem mais malévola do cantor, ao saber que ele e Hector formaram uma dupla musical, que foi interrompida com a morte precoce de Hector, causada por envenenamento. Tal envenenamento foi proposital, realizado pelo próprio Ernesto de la Cruz.
A partir daí, o primeiro plot twist foi divulgado, ao contar que a música Lembre de mim, sucesso de Ernesto de la Cruz, é uma composição de Hector.
E, quando Miguel e Hector são jogados no fundo de um poço, acontece o segundo plot twist. Miguel descobre que seu amigo Hector é, na verdade, seu tataravô. A missão de Miguel, ao saber e conhecer sua história, passa a ser propagá-la, devolvendo a música para sua família.
A animação, além de trazer diversão, a meu ver é rica em detalhes. Como musicista, gostei de ver que as músicas tocadas na animação realmente estão corretas. Os acordes feitos, as notas dedilhadas no violão, a afinação dos instrumentos. Tudo era condizente com a vida real. O que estou querendo dizer é que, se fosse um filme no estilo live action, os atores fariam os mesmos movimentos nos acordes e notas tocadas, principalmente no violão.
Além disso, a riqueza em detalhes da cultura mexicana mexeu muito com meus sentimentos. Pela primeira vez na história, uma animação buscou raízes mexicanas sem ser pejorativa ou desrespeitar a cultura do país. Ainda, o filme estreou em primeiro lugar no México, justamente nos dias em que o Dia de los Muertos estava sendo celebrado. Somente pouco menos de um mês depois o filme estreou nos Estados Unidos.
Outro detalhe que me chamou a atenção é a tecnologia usada no mundo dos mortos. Os personagens usavam realmente aparelhos considerados “mortos” em nosso tempo, como walkie-talkie, computadores mais antigos e, até mesmo com alguns defeitos. Ou seja, nesse mundo tudo é morto, até os aparelhos.
Uma das coisas que não me agradou muito foi o fato de ver, na versão norte-americana, o título das músicas, placas e escritos em inglês. Em minha opinião, poderia ser mantida a versão em espanhol, nos títulos, para reforçar ainda mais o valor da cultura que estava sendo vivenciada na animação.















