Meu tempo é hoje e com ele me resolvo da melhor maneira que consigo, o que significa estar no presente e não me ocupar com aquilo que não está materializado ainda. Seja enfrentado desafios, me capacitando e buscando condições de me inserir em contextos com os quais me alinho. Mesmo que isso não seja totalmente possível, eu encaro o entorno e sigo bravamente dançando.

A atualidade exige resiliência para encarar as exaltações sem medida, cancelamentos absurdos e vida de comparações onde o “outro” te dita quem você é. E quase que você esquece de sua essência. Essa frequentemente substituída por necessidades outras que te tiram o foco, te enchem de ansiedade e te faz sentir com um buraco existencial maior do que ele é.

Somos indivíduos faltosos, e isto posto, contamos com a energia vital e individual que nos impulsiona para o desejo, desafio e ação. Entretanto a atenção tem sido desviada para o “esburacamento” comparativo que nos diminui, confunde e desqualifica, ao invés da celebração da conquista.

No mundo do trabalho a perversão é gigante, os insultos e ridicularização das pessoas passam quase desapercebidas pelas entre linhas do olhar, avaliações que não se explicam, comparações mediante condições desiguais e uma falta de empatia geral, para com a individualização das formas de ser e agir. E talvez esse seja um dos motivos pelos quais as pessoas querem andar em bandos, pertencer a uma tribo e se igualar aos demais, quase como ficar invisível.

O que tem feito as avaliações de desempenho ao retirar ou minimizar a competência de um indivíduo sem explicações razoáveis é desumano, pois se instala a supremacia de uns sobre os outros. Quase sempre, aquele que é o portador da má notícia do não “mérito” ou promoção é aquele mesmo, que sem saber o que fazer não sustentou a defesa de seu funcionário. Carrega uma culpa quase teatral e peso de ser medíocre, não tendo feito o papel necessário e importante de acompanhar o ciclo do trabalho e verificar chances de evolução. É aquele que em última instância e no apagar das luzes foca na falta, ao invés de afirmar e confirmar as boas entregas.

Comportamento inadequado e imaturo de vários gestores continua contribuindo para o sentimento de falta de pertencimento e exclusão, e porque não dizer adoecimentos. Fora todo o cancelamento que compactua com intolerâncias várias no que diz respeito a etnia, etarismo, gênero, condições físicas e intelectuais especiais.

Capacitar funcionalmente e emocionalmente o profissional para um desenvolvimento compatível com suas atribuições e pertencimento aos seus desafios, jamais estarão fora de moda, mas caiu em desuso totalmente.

Hoje o funcionário entende que já entra sabendo o que fazer, não importando o que esteja fazendo. Com uma liderança por vezes despreparada há um extremo desconforto na abordagem de assuntos como aprendizagem, treinamento, desenvolvimento e avaliação. Seja porque os funcionários se recusam a ouvir e processar para avanços, seja porque o gestor não tem qualquer paciência ou vontade de ser didático e pedagógico. Uma etapa importante foi quebrada nessa relação.

“Eu finjo que você sabe, e você finge que sabe fazer”. A máscara sugere uma relação pernóstica de intolerância, mentira e desassossego.

Quando isso acontece, há conceitos oportunos do qual estamos falando, que não tem eco nos dias de hoje como transparência, delegação e mensuração objetiva dos resultados alcançados. Eu delego uma tarefa, acompanho, e verifico o que foi e como foi entregue o produto, serviço. Caso eles estejam positivos eu reconheço, se não estiverem bons eu anuncio e continuo fazendo parte da solução encontrando alternativas para mudança do cenário apresentado.

Se não ocorrem etapas no processo de acompanhamento do indivíduo produtivo desde a sua entrada na organização, também não haverá maneiras para mensurar com exatidão.

A competência do indivíduo está diretamente ligada ao entendimento e percepção do valor agregado de suas entregas técnicas e relacionais, é único e diferenciado, e desta forma poderá ser recompensado.

Mesmo se levarmos em consideração o conceito de meritocracia, no fundo a discussão é particular e de um indivíduo para com seu espelho, sem perder de vista que sujeitos diferentes, são o tempo todo comparados. Urge a necessidade de mudança nos processos avaliativos e compreensão que sujeitos diferentes precisam ter tido condições iguais para que as comparações ocorram, e sejam tratados com uma mesma avaliação. Não podemos esquecer dessa oportuna informação.

Boa parte das empresas perderam o rumo quanto a sua filosofia de trabalho que rege comportamento, trabalho em grupo e regras, dessa forma passamos a assistir ou ter notícias de vários desencontros nas relações de trabalho.

A urgência diária e falta de atenção negam condições básicas de muitos processos tais como selecionar, integrar e orientar o novo funcionário, o que gera um distanciamento surreal para o entendimento dos processos internos da organização. Não renunciar a elementos tão essenciais traria uma entrada mais honrosa aos profissionais, que estão aprendendo a trabalhar em contextos tão nervosos, exigentes, pouco acolhedores e sem interação.

A captação de profissionais e sua integração à empresa é o primeiro passo para uma manutenção mais saudável desse individuo à organização, da mesma forma que contribui para que um dia ele possa ser bem avaliado em suas entregas e evolução, e sobretudo sair pela porta da frente, e não como um devedor com contas impagáveis.

Outro processo nos traz notícia do quanto ainda é pouco tratado, as demissões, um momento difícil para qualquer individuo produtivo, dentro da vida profissional. É um ato de exclusão, expulsão, quebra de ciclo. Põe o sujeito à margem. Dessa forma encará-la com verdade de forma direta e objetiva, sem mimos desnecessários, mas com um bom apoio pós saída é o que poderá distinguir uma ação de outras. Qualquer formato diferente disso é enganoso, imaturo, manipulador.

O Doutor sempre dizia: criança se trata como criança, adultos se trata como adulto. Tratar adulto como criança é imbecilizá-lo. E eu acrescento é fragilizá-lo!

Será que pensamos nesses assuntos quando uma vaga é aberta, quando é gasto um tempo extraordinário fantasiando um perfil que atenda a empresa, com detalhes condizentes com perfil do herói?

Há indivíduos ótimos que se encaixam no suposto perfil e trabalham anos com grande chance da invisibilidade absurda!

Ambientes frios, minimalistas e sem emoção, tem dado lugar a uma emoção individual que explode diante dos computadores, nos corredores vazios ou nos banheiros, banhada de sangue incolor e inodoro, controlada por pílulas que instantaneamente te fazem voltar para o lugar, até a próxima explosão. Não há distração da vida moderna que te ajude nesse estágio, porque o retorno te encontrará logo ali imóvel e absurdamente devorador.

Qual o plano de carreira para um bom par de anos, tão afetado pelo imediatismo ilusório da corrida a lugar algum.

Avaliar exige dedicação, atenção, objetividade e análise. Há de se ter pressa na revisão dos parâmetros pelos quais avaliamos pessoas.

Precisamos incentivar as escolas de formação e informação, discutir exaustivamente a questão, treinar e treinar conceitos e práticas que mesclem competência e individualidade, para poder ser capaz de mensurar. E que façamos isso urgentemente antes que essa possibilidade também nos seja tirada.

Nos vemos já! Já!