Passando pelo feed do Instagram, despretensiosamente, me peguei interessada em uma postagem de uma influenciadora que sigo, falando sobre um texto que ela havia escrito essa semana sobre como ela utilizava a arrumação das gavetas do seu armário como uma terapia no meio do caos e da rotina intensa do dia a dia, fazendo um paradoxo maravilhoso entre a arrumação das gavetas e dos seus pensamentos ao mesmo tempo. Nesse mesmo texto, a autora e influenciadora, faz a seguinte pergunta aos leitores: Há quanto tempo você não organiza o seu armário?. Foi assim que fui procurar sobre algo que sempre repeti, talvez só para mim, mas muitas vezes: Se minha casa não estiver arrumada eu também não estou. E não digo a casa arrumada como uma coisa perfeita, mais limpo que um centro cirúrgico, com tudo no seu devido lugar, pronto para tirar uma foto de revista e ser premiado. Eu falo sobre olhar para o lugar que você chama de lar e ver um cenário em paz, e não que parece que um tornado passou arrebentando tudo há anos e ninguém fez nada. Nos dias que acordo um pouco confusa mentalmente, desanimada e sem foco, lavar a louça que deixei da janta um dia antes, já me ajuda e começar algumas tarefas e seguir em frente.

Foi então que fui procurar relações do morar bem, e com a casa organizada, com uma boa saúde mental. Encontrei algumas matérias que evidenciam o que para mim já era óbvio, espaços bagunçados, desarrumados e abandonados impactam negativamente em mentes sobrecarregadas com estresse e ansiedade. E quem experimenta a sensação de organizar um ambiente no seu lar pode experimentar a sensação de se sentir melhor quase que instantaneamente. Uma matéria da revista Forbes, do Brasil, relatou que um estudo do ano de 2020, feito na Coreia associou condições habitacionais precárias com sintomas depressivos. E participantes de um estudo de 2021 na China eram mais propensos a relatar boa saúde quando viviam em casas arrumadas.

Não é coincidência que a profissão de organizadores profissionais, de armários de quartos, cozinhas, dispensas e lavanderias vem tomando o mercado brasileiro. Muitos arquitetos também já oferecem esse serviço. É uma forma de mostrar como a boa utilização dos espaços planejados pode trazer benefícios não só estéticos como também de comodidade. Além da saúde mental, uma casa arrumada e limpa está diretamente ligada a saúde física dos seus moradores. O acúmulo de poeira e sujeira pode acarretar a doenças respiratórias, alergias e dermatites. Manter o espaço limpo elimina bactérias e traz uma sensação de bem-estar para todos.

Vejo o papel da arquitetura nesse assunto como essencial. Quando visitamos um lugar a venda, raramente vamos nos deparar com bagunça e sujeira, certo? Isso porque seus proprietários querem causar uma boa impressão e efetuar a venda. No momento da visita a um possível novo lar, nossos olhos e sentidos se sentem atraídos por aquele lugar belo e organizado e conseguem imaginar uma vida boa e feliz lá. Essa relação só prova o quanto somos visuais, e nossa mente reage a estímulos positivos visualizando um ambiente organizado e esteticamente favorável. É claro que o oposto, apresentar a um possível comprador uma casa ou espaço qualquer cheia de lixo e bagunça, não seria nada atrativo e consequentemente o comprador não faria a compra.

Escrevendo esse texto me sinto cada vez mais pronta para fazer aquela arrumação grande, tirar tudo dos armários, renovar as energias, doar o que não será usado mais, mas pode ser aproveitado por outra pessoa, consertar o que precisar e colocar tudo de volta no seu devido lugar. E no final de tudo, mesmo cansada, olhar tudo aquilo organizado com uma sensação de paz e plenitude, pensando: gavetas de casa e da cabeça em ordem.