Terapia refere-se a um processo ou tratamento utilizado para lidar com questões emocionais, comportamentais ou psicológicas.
Faz pouco mais de um ano que comecei a fazer terapia de forma regular, 1x por semana todos os últimos meses. Decidi fazer log depois de ter meu limite estourado, parar numa emergência achando que iria enfartar e descobri que tive uma crise aguda de ansiedade. Antes disso á conversava comigo mesma sobre meus traumas, medos e a forma de encarar, sabia no íntimo que já não funcionava bem e estava à beira de um colapso emocional.
Falar sobre emoções reprimidas em voz alta e perceber que tudo tem um porque, cada loucura uma cura e cada ação no presente vêm de uma bagagem do passado. Crises isoladas acabam de certa forma moldando nossa personalidade, nossos sonhos, relacionamentos e o que consideramos família. Hoje, após uma terapia de emergência em meio às férias, escutei mais que falei.
O que me deprimia ontem, a angústia presa que carrego comigo não pode definir quem eu sou. As vezes acabamos só nos concentrando nas partes ruins, porque é mais fácil, dar resposta apressada ao sentimento daquele momento, em uma situação específica. Por isso que uso e sempre usei a escrita como uma válvula de escape, só assim, conseguia ver com clareza tudo, sobre mim e todos a minha volta. Ando me culpando muito por tanta coisa, pelas relações fracassadas e por deixar as pessoas terem acesso a mim, apenas para usar e descartar.
Sei bem que não sou perfeita, tenho falhas e quero ser uma versão melhor de mim, de alguém que já fui. Parar de me enfiar em ciclos falidos na lembrança dos bons momentos. No fim eu saio arrasada, o ego ferido, me sentindo a pior pessoa do mundo. Acho que está na hora de voltar a ficar no meu castelo de gelo e só abrir o coração e o meu eu, para quem realmente importa, faz questão, quer estar, queira apreciar os dois lados desse meu castelo.
Minha psicóloga diz que estou bem mais madura para lidar com certas situações que antes me parecia o fim do mundo, consigo até mesmo reconhecer o que me afeta, como me afeta, só preciso aprender a recuar antes que a coisa me derrube de uma vez, aprender a dar logo o ponto final quando meu alarme começa a apitar, pegar o poder para mim e por mim. Não tenho controle das ações dos outros, do que pensam e do porquê agem, mas cabe a mim decidir até onde eu vou permitir. Parar de me culpar e aprender a me reconhecer como alguém boa demais, com sonhos cheios demais para me deixar ser diminuída. Não posso forçar meu tamanho dentro de uma caixa e sim encontrar uma maior para mim.
A cada sessão me sinto mais leve, antes não via sentido algum falar e falar sem parar por quase 1h. Hoje é minha muleta para me direcionar e para que não esqueça o que eu quero para minha vida. Quando os dias estão pesados e escuros acabo por esquecer dos meus objetivos pessoais. Estamos numa corrida chamada, vida, só passaremos aqui essa vez, essa chance de ir nos acertando, nos reinventando e não desistir, não esquecer. Claro que em teoria tudo é mais fácil e lidar com a corrida Vida e os obstáculos diários que cada um de nós enfrentamos não é fácil.
Espero bem que a positividade de tudo que vem sendo trabalhado e dito hoje não me abandone. Que consiga me reconectar com minha energia antiga, não ultrapasse meus limites para deixar a vida de ninguém, exceto a minha mais confortável. Eu sou minha prioridade, ainda quero o mundo para mim, lugares para explorar, coisas a ganhar, o trabalho dos sonhos a ser conquistado, viver histórias, me tornar história, criar lembranças, e só assim, depois de tudo isso, com as emoções nos seus devidos lugares, se sobrar alguém por aí para mim, eu direi: aceito, porque desse jeito eu mereço.
Recentemente eu vi o filme - A lista da minha vida, e acho que ele resume basicamente como a correria da vida acaba nos anulando, vamos deixando-a nos coordenar quando tem que ser o contrário. Somos nossos próprios protagonistas, narrador e roteiristas, ainda que tenha um furo ou outro. Nesse filme a mocinha está perdida após uma tragédia e foi se conformando com tudo que iria aparecendo, até que com uma lista escrita anos atrás, ela relembra, quem era, o que sonhava e o que merecia, no trabalho, com a família e no amor.
Apesar de ser uma chorona e uma romântica um tanto fria, achei a história emocionante e que assim como ela eu consiga me encontrar e riscar aos poucos, na medida do possível todos os itens que um dia ditei para mim mesma.
Terapia não é mágica, é um processo, de entendimento, internalização e ação; para que possamos através das nossas emoções achar um meio para nossa cura pessoal, e só assim conseguirmos ir criando nossas listas de sonhos de maneira saudável e consciente.