A autora sempre trouxe pequenas e grandes frações de sabedoria, além da poesia.

Desde a minha infância, Cecília Meireles foi uma das poetas que mais tocou meu coração. Primeiro, como esquecer a autora de Isto ou Aquilo? Toda criança passa por dilemas que a vida nos presenteia, e saber que alguém transformou essas circunstâncias em poesia me faz pensar: não sou a única!

Cecília Meireles é uma daquelas pessoas com quem eu adoraria encontrar em uma cafeteria e conversar. Invejo Fernando Pessoa por ter tido essa oportunidade perdida — mesmo que o destino não permitisse, eu tentaria arquitetar outro plano para esse encontro, como um encontro de mentes brilhantes como Taylor Swift.

Para homenagear a obra que impacta minha existência, vou citar cinco lições que podemos aprender com o trabalho dessa poeta, educadora e eterna humana.

Quem foi Cecília Meireles?

Cecília nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro, e sua trajetória deixou marcas profundas na literatura e na cultura brasileira.

Desde cedo, Cecília demonstrou uma sensibilidade única para a poesia. Seu amor pelas palavras e pela expressão artística a levaram a uma jornada extraordinária. Ao longo de sua vida, ela escreveu uma vasta quantidade de poemas, deixando um legado literário riquíssimo.

Uma característica marcante de Cecília Meireles era sua habilidade de transmitir emoções e sensações por meio de suas palavras. Seus poemas abordam temas como amor, natureza, infância e reflexões sobre a vida. Sua poesia tinha um estilo lírico, intimista e delicado, capaz de tocar a alma de quem a lê.

Além de sua produção poética, Cecília também se dedicou ao ensino e à educação. Ela acreditava profundamente no poder transformador da educação e foi uma das fundadoras da primeira biblioteca infantil do Brasil. Seu trabalho como professora e escritora foi fundamental para estimular o gosto pela leitura e pela escrita nas crianças.

Ao longo de sua vida, Cecília Meireles recebeu diversos prêmios e reconhecimentos por sua contribuição para a literatura. Seus poemas ainda são estudados nas escolas e continuam a encantar leitores de todas as idades.

Infelizmente, Cecília nos deixou em 9 de novembro de 1964, mas seu legado continua vivo. Suas palavras continuam a nos inspirar, a nos fazer refletir e a nos conectar com a beleza da linguagem. Cecília Meireles é uma verdadeira referência da literatura brasileira e uma fonte inesgotável de ensinamentos e emoções.

5 Lições de Cecília

Agora que você já conhece um pouco da história dela, vamos às lições:

1. A palavra tem poder

A comunicação tem o poder de unir ou destruir. Descubra como Gandhi inspirou uma cultura não violenta apenas com suas palavras, e suas palavras continuam ecoando até hoje. Martin Luther King iniciou uma revolução racial com seu discurso "Eu tenho um sonho".

Em seu poema Timidez, Cecília fala sobre como uma palavra não dita também tem seu impacto:

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…
– palavra que não direi.

Isso me faz refletir: quantas coisas eu não disse por medo ou vergonha? Quantas experiências deixei de viver?

E a autora nos dá um tapa na cara:

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
– e um dia me acabarei.

2. A liberdade humana vem da educação

A liberdade é um direito adquirido? Se não é, como conquistá-la? Segundo Cecília, é por meio da educação que esse direito é estendido aos cidadãos.

Num regime como o que desejamos, os homens adquirem sua liberdade por meio, justamente, da educação. É preciso facilitar-lhes a evolução, o desenvolvimento, as capacidades.

3. A importância do livro

Mesmo criticando a imensa quantidade de livros contemporâneos, em seu livro Um país no horizonte de Cecília, Cecília fala sobre a visão sublime da leitura na vida humana:

Da terra ao céu, quantos livros! Desde a receita de culinária até a poesia mística, é o livro que prende o homem à terra e o desprende. Desde a criança que ingressa no Jardim de Infância até o ministro da Educação, todos falam ou, pelo menos, ouvem falar do livro. Que ele é a melhor companhia, o consolo dos tristes, a alegria dos crentes, a esperança do moribundo e, em linguagem sublime, o farol da verdade nos oceanos da nossa ignorância.

4. A brevidade da vida e a necessidade de pausar

A pressa atual é uma das principais causas da ansiedade em nossos tempos. Em seu poema Canção, Cecília nos questiona sobre a necessidade dessa pressa e nos incentiva a contemplar o presente — seja para rir, chorar ou viver!

Quero um dia para chorar. Mas a vida vai tão depressa! E é preciso conter a tristeza, para que a vida, que acaba quando mal começa, tenha tempo de se acabar.

5. A vida é um eterno aprendizado

Em sua obra Crônicas de Educação 1, a poetisa critica a intransigência dos intelectuais e até mesmo dos adultos em geral, que veem o aprendizado como algo finito. Além disso, ela prevê a transformação que ocorre quando nos colocamos na posição de aprendizes diante da vida.

Eles a vencem pela inteligência, aceitando-a, compreendendo-a, interpretando-a e estimulando-a. Tudo isso é aprender. E aprender é sempre adquirir força para outras vitórias, na sucessão interminável da vida.

Frequentemente, os adultos aconselham as crianças sobre a vantagem de aprender, vantagem que eles próprios conhecem tão pouco e dificilmente seriam capazes de aconselhar a si mesmos. Pode ser que um dia eles mudem muito e passem a dar esses conselhos a si mesmos. A partir daí, as coisas começarão a melhorar.

A importância da obra de Cecília nos dias atuais

Após tantos anos, a obra da autora continua extremamente relevante, já que podemos trazer reflexões pertinentes. Em primeiro lugar, a educação é fundamental para o desenvolvimento crítico do indivíduo, permitindo que formule suas próprias questões e contribua para mudar o destino coletivo.

Em segundo lugar, a educação intelectual por si só é limitada. O ser humano é composto por corpo, mente e alma. Precisamos explorar todas as suas camadas para estimular as capacidades plenas do ser humano.

Em terceiro lugar, a pressa é realmente inimiga da perfeição. Estamos sempre com pressa, sobrecarregados de tarefas, com agendas lotadas e corações vazios. Precisamos lembrar do que realmente é importante e perene. Essa concepção espiritual e filosófica é o que nos diferencia e, ao mesmo tempo, nos une como humanidade.

Em quarto lugar, a comunicação, desde a escrita até a linguagem não verbal, canaliza as informações necessárias para nos conectar com as experiências já vividas pela humanidade, das quais podemos aprender, assumindo a posição de eternos aprendizes.

Por fim, leia Cecília Meireles para ler sobre si mesmo nas palavras dessa autora universal.