Os empreendedores são os descobridores dos tempos atuais. Cheios de coragem embarcam numa aventura capaz de mudar vidas, as suas e a de muitos outros, caso a jornada venha a dar frutos. Têm uma visão que vai além do comum e conseguem conceber novas ideias, novas formas de fazer, novos produtos, que vão melhorar as nossas vidas, tal como o fizeram outrora as especiarias, as batatas e o café, entre tantas outras coisas.

São destemidos e não se conformam com a vida predestinada pela sociedade. O trabalho das 9h às 6h que nunca acaba antes das 7h e passados 30 anos não os levou muito mais longe do que ali ao virar da esquina. Acreditam no seu potencial e no potencial da sua ideia e estão dispostos a quebrar barreiras para a tornarem realidade, um negócio.

Como todos os aventureiros, sabem que o percurso não vai ser sem obstáculos e estão alerta para várias possíveis barreiras. São comuns preocupações como:

  1. alguém pode copiar a minha ideia
  2. como atrair os clientes certos
  3. como conseguir cobrar o valor justo
  4. como divulgar o meu negócio
  5. como construir uma marca que perdure
  6. como conseguir investimento...

E todos os esforços são centrados em ultrapassar cada uma destas barreiras, uma a uma. Porém, muitos não veem os 3 Gigantes à sua frente. Não faz parte da natureza dos destemidos questionarem-se tão “perto de casa”. O seu instinto diz-lhes que o perigo está lá fora, que é esse que tem de ser combatido. E por isso, quando reparam, a maioria já está a esborrachar-se contra eles, com o mesmo fim do Titanic contra o icebergue.

Não foram capazes de pôr em questão se:

  1. Existem mesmo pessoas dispostas a pagar o justo pelo que estão a vender. Afinal, existem várias outras soluções no mercado atual. Podem não parecer tão boas, podem ser equivalentes ou formas indiretas de resolver a questão, mas facto é que as pessoas as usam hoje e, para que deixem de as usar, tem de haver um motivo muito forte. A proposta de valor tem de ser irrecusável.
  2. O dinheiro que têm é suficiente para se sustentarem e investirem na empresa tempo suficiente para que a empresa dê a volta e possa progredir. A maioria dos negócios demora pelo menos 1 ano para se tornar rentável e muitos demoram muitos muitos anos até lá chegarem. Porém, nem todos os negócios são apetecíveis aos investidores, e nem sempre o investimento externo é o mais recomendado. Por isso, pés assentes no chão e um part-time para pagar as contas pode levar muitos empreendedores mais longe.
  3. A equipa ou “euquipa” que têm não tem as skills e/ou o mindset certo para ter sucesso. O tempo passa e aquela ideia tão promissora começa a mostrar-se inalcançável. Demoram demasiado tempo para a concretizar e o timing passa. São ultrapassados pelo mercado ou deixam de ser relevantes.

E como se os 3 Gigantes não fossem ainda suficientes, existe ainda o Fantasma. Tão transparente que passa totalmente despercebido e são poucos os que lhe ouvem a pergunta: “Porque é que estás a criar esse negócio?” Como não se perguntaram, muitos esquecem-se de procurar esta resposta bem lá no fundo (além do óbvio ganhar dinheiro e ter algo meu), sendo ela que os ajuda a manter o rumo, mesmo quando batem de frente num dos 3 Gigantes.

Mais do que isso, é esta resposta que os ajuda a vender, a unir uma equipa e a criar uma comunidade em torno do que criaram. Como diz Simon Sinek em Começa pelo Porquê: “As pessoas não compram o que fazes; compram o porquê de o fazeres. E o que fazes simplesmente prova aquilo em que acreditas.” e “São aqueles que começam pelo porquê que encontram a habilidade de inspirar os outros ou de encontrar outros que os inspirem”.

Por isso, se és empreendedor, preocupa-te sim com as barreiras externas, e lembra-te sempre dos 3 Gigantes e do Fantasma, pois são eles que te vão impedir de chegar longe, antes de qualquer outra coisa, se não os souberes contornar.