Videogames tem uma história longa e bem sucedida, mas o que poucos fora do meio gamer sabem é que a indústria passa por fases conhecidas como gerações em que novos aparelhos (chamados consoles) são lançados com melhoras na tecnologia além de mudanças no status quo do mercado e alterações no estilo dos games.
A primeira geração surgiu no começo dos anos 1970 com o lançamento do Magnavox Odyssey, desenvolvido por Ralph Baer e considerado o primeiro console de videogame comercial. O aparelho trazia vários jogos guardados na memória, como baseball, basquete e futebol, para entreter o público, mas devido a simplicidade dos gráficos não gerava cenários na televisão apenas pequenos pontos coloridos, o que obrigava o público a pendurar folhas com cenário desenhado sobre a tela para simular o ambiente do jogos, como um campo de futebol para um game sobre o esporte, essas folhas viam de brinde com o aparelho.
Apesar da inovação o Magnavox não prosperou pois o público acreditava que era necessário uma televisão da mesma marca que o aparelho para funcionar, sendo logo esquecido em favor de seu rival, o Pong lançado pela Atari, o primeiro grande sucesso do mundo dos games. O sucesso do Pong fez outras empresas adentrarem o mercado nascente de games. Nesta primeira geração os gráficos eram apenas pontos e linhas brancas sobre um fundo preto o que limitava muito os temas dos jogos, mas a diversão era farta visto o sucesso que fizeram.
A inovação trazida por esses pioneiros permitiu a chegada da segunda geração no final dos anos 1970. Como o mercado de games se firmava como promissor, várias empresas querem um segmento. Vários consoles hoje esquecidos como o Interton VC 4000 e o Fairchild Channel F foram lançados, mas quem marcou a geração foi novamente a Atari quando disponibilizou o lendário Atari 2600 um dos consoles mais importantes da história. O Atari assim como outros aparelhos da geração não vinha com jogos gravados na memória mas disponibilizava uma entrada para que cartuchos com jogos gravados em seus circuitos fossem anexados ao aparelho permitindo que uma infinidade de jogos estivesse disponível, bastava comprar os jogos após adquirir o aparelho. Isso significava que outras empresas além da Atari poderiam criar jogos para o aparelho e compartilhar dos lucros por uma taxa. Todos saiam ganhando.
O dinheiro era tão abundante que praticamente todos os jogos traziam retorno garantido, mas como geralmente acontece no mercado esse sucesso era passageiro. Um dos pontos fracos do Atari 2600 era que por ser muito fácil conseguir dinheiro com jogos não havia muita preocupação com qualidade o que causava uma grande quantidade de jogos de gosto questionável para o console. Os gráficos por outro lado eram bem superiores aos da geração anterior, já tendo cores e permitindo cenários rudimentares.
Entre a segunda e a terceira geração houve algo como uma geração abortada que durou pouco tempo, consoles como o Atari 5200 e o ColecoVision marcaram este curto período de tempo. Mas eles foram varridos do mercado por um cataclisma que afetou a indústria, a baixa qualidade de muitos jogos lançados fez com que os fãs perdessem o interesse por games o que fez com que todos os aparelhos parassem de ter lucro quase extinguindo o ainda jovem mercado.
Apesar do desastre as produtoras não desistiram, uma das que continuou insistindo foi uma das parceira da Coleco que produzia para seu console ColecoVision, era a japonesa Nintendo, determinada a continuar ela lançou seu próprio console o Nintendo Entertainment System abreviado de NES, que conseguiu recuperar os fãs. O segredo para o sucesso foi a mão de ferro que a Nintendo impunha aos seus associados limitando a quantidade de jogos e exigindo qualidade. O sucesso foi tanto que a palavra Nintendo virou sinônimo de videogame durante os anos 1980 no auge da terceira geração de games, outras produtoras tentaram competir com a japonesa. A Atari tentou recuperar o mercado com o seu Atari 7800 e Sega lançou o Master System mas tudo foi em vão, a Nintendo tinha mudado a forma de se fazer videogames.
O final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 trazem o período que é considerado a era de ouro dos games, a quarta geração. Uma época que criou games que marcaram a cultura pop como “Super Mario World”, “Sonic the Hedgehog”, “Street Fighter” e “Mortal Kombat”. Ao contrário das gerações anteriores em que uma única empresa teve o controle completo do mercado esta apresentou ele dividido entre entre duas, por isso é considerado o período da “Guerra dos Consoles” entre dois aparelhos, de um lado estava a veterana Nintendo com seu novo “Super NES” do outro estava sua eterna rival Sega com seu Mega Drive, ambas com grandes bibliotecas de games de alta qualidade.
Ambos os consoles também tinham seus mascotes responsáveis por grande parte dos jogos mais populares, a Nintendo tinha o fenômeno cultural "Mario Bros", herdado dos tempos do antigo NES e agora atualizado para o novo aparelho, sua popularidade era tanta que até um filme foi lançado para ele nos anos 1990. Já a Sega tinha o novato extremamente carismático "Sonic". Não havia nenhuma criança desta geração que não conhecesse os dois mascotes. Apesar da competição acirrada entre as duas empresas no final a Nintendo levou a melhor com seu console vendendo mais. Alguns vão mais longe e consideram o Super NES o melhor console já lançado.
A quarta geração também trouxe o aparecimento de uma importante inovação no mundo dos games, a chegada dos consoles portáteis que podiam ser levados no bolso para serem jogados em qualquer lugar quando se estivesse com tempo livre. Assim como aconteceu com os consoles de mesa desta geração a Nintendo também dominou este mercado com força até maior do que no mercado tradicional, seus aparelhos da família game boy venderam centenas de milhões de aparelhos durante seu longo reinado.
A chegada da quinta geração marcou uma mudança no mercado, os games em terceira dimensão estavam chegando ao mercado e as duas principais empresas pareciam despreparadas para isso. Está se abrindo espaço para uma nova concorrente tomar o lugar, a Sony. As marcas tradicionais não compreendiam como a nova geração deveria ser, a Sega lançou o Sega Saturn aparelho interessante que substitui os velhos cartuchos por CDs com mais espaço para informação, mas que era difícil de programar o que limitava o número de jogos lançados para o console.
Já a Nintendo lançou o Nintendo 64 máquina cheia de inovações, mas que possuía o erro de ainda usar cartuchos, o que fazia seus games terem gráficos borrados pela falta de espaço para dados. Os erros causados pela velha guarda se tornaram a oportunidade da Sony, seu novo console o Playstation o maior sucesso da história até aquele momento, vendendo 100 milhões de exemplares. Antes disso, o console mais bem sucedido tinha sido o NES com apenas 60 milhões.
O começo dos anos 2000 trouxe a sexta geração de games e também marcou o momento em que o mercado começou a assumir sua conformação atual. Além das veteranas Sega, Nintendo e Sony, uma novata da Microsoft decidiu entrar no mercado com seu novo console, o Xbox. A Nintendo lançou seu novo Game Cube e a Sega lançou o Dreamcast apesar do trabalho duro da empresa do "Sonic", ela não conseguiu se manter relevante no mercado, quando o dinheiro da Sega acabou após muitas derrotas ela se retirou dos consoles decidindo lançar seus jogos para aparelhos dos outros, permitindo encontros entre "Mario" e "Sonic" nos jogos, o que 10 anos antes parecia impossível.
Mesmo com muitos rivais diferentes a Sony se manteve dominante no mercado com seu Playstation 2 o console mais bem-sucedido da história com 157 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. A sétima geração no final dos anos 2000 começou a trazer certas mudanças no status quo. Após perder para a Sony duas vezes seguidas a Nintendo decidiu mudar sua estratégia, criando um console barato com pouco poder de processamento e gráficos modestos mas que tinha a inovadora tecnologia do sensor de movimento que permitia jogar de formas novas e criativas. A ideia era conquistar um novo público pois os consumidores tradicionais pareciam satisfeitos com os concorrentes e não tinham mais interesse pelos produtos da Nintendo, nome do aparelho: Nintendo Wii. Os fãs tradicionais não apreciaram a mudança e se mantiveram fiéis aos modelos tradicionais.
A Microsoft decidiu lançar um console convencional que apostava no seguro, o Xbox 360. Já a Sony tentou se equilibrar entre dois extremos lançando um aparelho inovador mais fiel ao seu padrão tradicional, o Playstation 3 com um sensor de movimento mais sutil do que o do Wii. Infelizmente desde seu lançamento o aparelho sofreu com problemas que dificultaram seu sucesso inicial. O resultado foi que após duas gerações a Sony foi finalmente destronada do poder. O PlayStation 3 fez 87 milhões de vendas, bom número, mas inferior ao de seus antecessores. Já o Wii da Nintendo conseguiu 101 milhões de vendas apesar de ser um console focado mais no público infantil e casual. Já o Xbox 360 vendeu 85 milhões de exemplares, sendo uma das gerações mais equilibradas entre os consoles desde a guerra entre Sega e Nintendo nos anos 1990.
Esta geração também trouxe outra inovação para o mundo dos games. Como os apreciadores de games antigos estavam descobrindo como disponibilizar games das gerações anteriores para se divertir em emuladores no computador (permitindo jogar mesmo sem o console antigo ou os cartuchos), as próprias empresas começaram a disponibilizar os games das gerações antigas dentro dos seus novos aparelhos através da internet. Isso permitia que os consoles tivessem centenas de games antigos por baixo custo sem nem mesmo ser necessário mídia física.
A oitava geração trouxe a continuação do conflito das duas últimas épocas. Novamente a Nintendo apostou na inovação com o seu aparelho Wii U mas desta vez o resultado foi outro. O console trazia uma tela sensível ao toque dentro do próprio controle, mas não era prático pois a inovação obrigava os jogadores a dividir sua atenção entre a tela na mão e da televisão. O resultado foi o console tendo um resultado muito decepcionante comparado com o histórico da Nintendo vendendo míseros 13 milhões de unidades.
O fracasso do aparelho da Nintendo fez a empresa desistir dele e lançar outra tentativa desta vez um híbrido entre console de mesa e de bolso chamado Nintendo Switch, este bem sucedido tendo grandes vendas, somando 141 milhões de unidades. A Sony por sua vez lançou o seu console Playstation 4 que permitiu recuperar o domínio do mercado fazendo 117 milhões de vendas. A Microsoft continuou tentando conseguir seu espaço entre as duas mais tradicionais e desta vez seu console Xbox One fez 50 milhões de unidades vendidas.
O avanço da tecnologia permitiu que os jogos fossem se tornando cada vez mais complexos e interessantes, ainda assim não existe ponto final dentro da evolução dos videogames e novos consoles com suas novas opções e recursos virão tornado os games mais atraentes não apenas para os jovens mais para todos os públicos.