Sobre a polaridade e as forças que empurram e puxam — as forças invisíveis da criação. Dois lados opostos da mesma moeda, que giram sem esforço e que, vistos de longe, assemelham-se a uma esfera a flutuar no espaço.

Uso filtros para transformar o dia em noite e a noite em dia.

Puro e adulterado, o caminho revela-se através da floresta e da cidade. A mastigar ursinhos de goma agridoces comprados na late night shop, enquanto um pneu passa a rolar, escorregadio e afiado, a derrapar no reflexo.

O habitual, que trabalha diariamente, e o extraordinário (crítico), que apenas observa, mantêm o equilíbrio delicado, mantendo-nos sempre ligeiramente de pé atrás. Uma espécie de espetáculo de voyeurismo.

Do que é que eu falo, nem disto nem daquilo, sempre alguma dúvida na infinita grelha de possibilidade. A imagem neste constante baralho é pressionada, um fragmento de vida é apanhado em tinta espessa e papel de algodão.

Preso e libertado em cada tentativa de interpretação. Uma dança com dois pés esquerdos e dois sapatos direitos, no espectro da noite, enquanto o Mundo nos sorri.