Ivo Fernandes
Colabora no Meer desde outubro de 2025
Ivo Fernandes

Dizem que a primeira impressão é a que mais importa. Nos primeiros quatro segundos tecem-se julgamentos e formam-se as primeiras opiniões – muitas vezes de forma inconsciente. Nesse período não importa a competência, o estatuto social ou económico, os diplomas que temos ou os likes nas fotos da última viagem a Roma que publicamos nas redes sociais.

Se leu até aqui, significa que, pelo menos, ficou interessado/a e agora vai querer confirmar o que sentiu. Depois, são nos quatro minutos seguintes (prometo demorar menos do que isso) que confirmamos (ou não), essa impressão inicial. Segundo os especialistas, este processo adquire mais sentido quando estamos a conhecer alguém pessoalmente. Quando a olhamos nos olhos, o que traz vestido, o perfume que exala, o tom de voz e outras micro expressões. Aqui, olhamos para o nome, para a foto, do sítio que vem e lemos o que o autor ou a autora têm para dizer.

O que importa saber sobre o autor ou a autora que escreve os textos que está prestes a ler? A sua personalidade, a sua formação, os seus hobbies, os seus gostos? Tendemos a definir quem somos pela profissão, idade, em quê que somos formados e o que fizemos até então. Será que isso importa mesmo? Para alguns temas e textos específicos, acredito que sim. Podemos então concluir que escrever até nem é algo muito complicado. O que torna difícil e desafiante é mostrarmos ao mundo quem somos e sermos julgados a partir daquilo que escrevemos. Essa é a parte árdua, pelo menos para mim. Medo da crítica? Talvez. Apresento-me: Ivo Fernandes. Nasci em 1986, ano que Portugal entrou para a CEE e que ocorreu o fatídico desastre de Chernobil. Filmes como o “Top Gun”, “Platoon”, “Aliens” e “Ferris Bueller's Day Off” (devo ter visto mais de 20 vezes quando era miúdo) eram os campeões de bilheteira. Preciso de convencer que foi um dos melhores anos da década de 1980?

Gosto bastante de ler e de escrever – duas atividades que prezo bastante e que me ajudam, a par da meditação, a ser menos um overthinker. Haruki Murakami tornou-se o meu autor de eleição depois de ler “Norwegian Wood”, destronando por pouco “O Estrangeiro” de Albert Camus. Não consigo ler um livro de cada vez: alterno ficção com livros de divulgação científica e desenvolvimento pessoal. A música, o teatro e o cinema são fontes permanentes de inspiração; a fotografia, as caminhadas, os trilhos e as viagens são o meu habitat e ajudam-me a viver a vida com mais tranquilidade. Gosto também de cozinhar e de comer – bem.

Sou formado em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Antes frequentei Biociências – Microbiologia, na Universidade Católica, mas percebi que não era nessa área que queria investir e decidi dar o salto para as Ciências Sociais. Atualmente, os meus interesses académicos focam-se nos estudos do Ensino Superior: políticas, governação, gestão e administração institucionais.

Nos últimos dez anos, tenho vindo a integrar em projetos de intervenção educativa sobre sexualidade, comportamentos aditivos e de risco em escolas, centros educativos, mas sobretudo em contextos prisionais (masculino e feminino). Essas experiências deram-me um contacto cru e profundo com a condição humana. Aprendi duas lições que tento não esquecer: a liberdade é o bem mais precioso e todos podemos perdê-la a qualquer momento – vale a pena reler esta frase.

Durante o mestrado, trabalhei como mediador socioeducativo numa Casa de Acolhimento Residencial Especializado Feminina. Ali conheci pessoas que davam tudo para mudar a vida daquelas jovens. Compreendi aí as fragilidades de um sistema que pretende justiça, mas nem sempre cria condições para que a educação cumpra o seu papel. Nestes contextos faz-se muito, com pouco – muito amor e pouco apoio do sistema.

Para além disso, nos últimos tempos, tenho desenvolvido uma escrita regular em registo de crónica e artigos de opinião, procurando refletir sobre o quotidiano e os desafios sociais contemporâneos com um olhar crítico. Tenho algumas publicações em jornais como Público, Observador e Jornal da Madeira. Na revista Meer colaboro nas secções de Cultura, Economia & Política e, sobretudo, Narração, onde publicarei crónicas que se articulam em 3 dimensões:

  • Memória e Nostalgia: resgate íntimo de vivências da infância e adolescência até ao presente;

  • Ironia do quotidiano: observações do mundo que provocam o riso que nasce do absurdo;

  • Crise existencial com profundidade: reflexões mais filosóficas sobre a condição humana.

Esta tríade procura unir o terno, o trágico e o irónico. A minha tentativa de contar a condição humana a partir de um ângulo sensível, sarcástico e pensante. Será que já passaram quatro minutos? A primeira impressão manteve-se? O que mudou?

Sejam bem-vindos/as ao meu mundo…pelo menos ao da escrita.

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