Um dia, voltando para casa de metrô, parei e comecei a refletir em quantas histórias os vagões guardam. Diariamente, são milhões de pessoas que passam por eles, em qualquer lugar do mundo, e cada um leva consigo a sua história. Só em São Paulo são 5 milhões de usuários por dia. De pessoas sorridentes, aquelas com cara de preocupadas e até mesmo quem expressa uma tristeza, a gente pode encontrar de tudo, em um único lugar. Vez ou outra, aparece alguém que consegue capturar a atenção de todos, ou pelo menos da maioria. Sejam aqueles pedindo esmolas, quem começa a se apresentar e mostrar sua arte, os vendedores ambulantes, por um momento, todos esquecem por alguns segundos de sua própria vida e focam sua atenção naqueles indivíduos que estão falando. Porém, um tempo depois, todos voltam para suas próprias realidades.

Quantas histórias os vagões já presenciaram? Amor, conquistas, perdas, nascimentos, encontros, desencontros, liberdade… de tudo um pouco eles já viram passar pelas extensões de seus trilhos. Dias após começar a fazer essa reflexão, uma pessoa que veio de cidade pequena parou para me contar da aventura que era andar de metrô. “Cara, é surreal. É tanta gente diferente em um mesmo lugar, pessoas que pegam o metrô fantasiadas para alguma festa, que não se importam com o julgamento, é uma experiência incrível”, contou. As palavras dela foram basicamente essas quando me contava qual tinha sido a sua primeira percepção sobre esse meio de transporte. Em resposta, concordei e relembrei que uma vez eu mesma saí de pijama no metrô para ir para uma festa.

Apesar das experiências e oportunidades que o metrô pode nos oferecer, assim como tudo na vida, quando ele passa a ser algo parte do nosso cotidiano, a gente nem se impressiona mais com nada e até mesmo deixa de reparar nas pessoas que pegam ele conosco. Já parou para pensar quantas vezes você já encontrou a mesma pessoa mas não tem ideia disso porque simplesmente não percebeu que ela estava ao seu redor? Quando fazemos algo a nossa rotina, não nos impressionamos mais com os mínimos detalhes, nem com pequenas mudanças, a não ser que seja algo que realmente não possa passar despercebido.

A maior verdade sobre este fato é que alguém que faz o mesmo trajeto que eu, um dia começou a falar das coisas que tinham no caminho até chegar na plataforma para pegar o metrô. Ela se impressionou com tudo, reclamou da distância, falou das lojas e nada do que ela dizia entrava na minha cabeça e não conseguia me surpreender, porque já estava tão acostumada com aquilo, que era apenas mais um dia normal, nada fora da rotina e nem reparava mais em todas essas coisas. Agora para ela não, era o novo, o diferente, um novo mundo que se abria para alguém que passou a maior parte da vida se deslocando de carro de um lado para outro.

Os metrôs são as maiores provas de que estamos sozinhos em meio a uma imensidão, que somos apenas um pontinho nesse mundo gigante. Porque eles são o verdadeiro significado de que mesmo rodeados de pessoas estamos sozinhos. Porém, ao mesmo tempo, eles podem ser descritos como aqueles capazes de nos proporcionar liberdade e nos levar para os nossos sonhos, seja uma casa nova, uma viagem e até mesmo um emprego novo. Eles facilitam nosso deslocamento, nos causam menos estresse porque não tem trânsito e proporcionam um maior conhecimento sobre as cidades em que estamos. Ao mesmo tempo que os mapas podem ser imensos e fazer com que a gente se sinta perdido, também são ótimos para fazer com que nos encontremos quando não sabemos onde estamos. Inclusive, são ótimos pontos de encontros para marcarmos com alguém.

O metrô, apesar de ser um transporte público, também pode ser classificado como ‘uma cidade subterrânea’, porque em seu interior a gente pode encontrar de tudo: lojas, banheiros, farmácias, praça de alimentação, obras de arte, pessoas, artistas, atendimento médico, entre outras coisas. Andar de metrô, mesmo que seja uma única vez na vida, é uma experiência que todos nós precisamos viver um dia.