Escrever sobre migração não é escrever sobre algo que seja novidade. A novidade é a quantidade de migrantes, principalmente quando a contagem consegue superar em meses, anos e anos de deslocações.
Portugal sempre esteve nos primeiros lugares de países escolhidos pelos brasileiros para migrarem. No entanto, só nos primeiros meses deste ano (2023) mais de 150 mil cidadãos brasileiros receberam a autorização de residência. Falamos que há uma década, em 2013, segundo o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), já se apontava a comunidade brasileira como a maior do país, com pouco mais de 92 mil residentes. Já comparando ao ano de 2022, falamos de um crescimento de 36%, que o SEF justifica devido à digitalização dos processos. Em Setembro deste ano, o SEF refere que são 393 mil os cidadãos brasileiros a residir em Portugal.
Segundo a plataforma de dados de brasileiros no exterior, Portugal passou a ocupar a segunda posição de país escolhido pelos brasileiros para migrar, logo a seguir aos EUA.
A razão para a migração desta população tem várias razões de ser. Mas, se a económica é a mais referida pelas classes mais baixas, já a qualidade de vida, a segurança, o acesso à educação e a localização estratégica de Portugal como bom acesso ao resto da Europa são das mais destacadas pelas classes médias alta e alta.
A nível europeu, Portugal está em primeiro lugar na escolha de países de destino, seguindo-se Itália (2º lugar) e Espanha (3º lugar).
O INE (Instituto Nacional de Estatística português) destaca que, a novembro de 2022, a comunidade brasileira significava cerca de 200 mil da migração estrangeira no país, deixando a uma grande distância os cabo-verdianos no segundo lugar, com menos de 50 mil migrantes.
Neste sentido, a migração para Portugal torna-se uma migração organizada que pode ser comprovada por canais do youtube, criados por aqueles que já estão no país há algum tempo e mostram as cidades, preparam a chegada daqueles que os contatam, preparam documentação em parcerias com solicitadores, por exemplo.
Além das cidades do centro do país, Lisboa, Cascais e Sintra, também se destacam a norte o Porto e Braga. A Braga, chegam como fuga ao custo de vida de Lisboa e Porto, e até mesmo o próprio autarca, Ricardo Rio, diz que “o 'brasileiro' é a língua oficial de Braga. Até o clima está mais tropical”.
No final de 2022, nesta cidade nortenha já se contavam mais de 15 mil brasileiros que a escolhiam pelo custo de vida e por abrigar grandes empresas, sendo um bom fator para o mercado de trabalho. Mas, também se destaca o acesso ao ensino superior como um dos motivos pelos quais esta cidade é uma das mais escolhidas.
O crescimento de brasileiros em Portugal continental é noticiável pela fluência notável mês após mês, mas faça-se ainda referência às ilhas da Madeira e Açores que contam com alguns destes estrangeiros nas suas cidades. Embora o número de brasileiros seja realmente menor, nos Açores no final de 2022 viviam cerca de 800 brasileiros, distribuídos pelas nove ilhas. Na Madeira, o número já se aproximava dos 1000.
Os cidadãos brasileiros que queiram deslocar-se para Portugal precisam de um visto que vai depender sempre do motivo que os leva ao país. Quem vê Portugal como destino para trabalhar durante mais de um ano deve considerar alguns dos seguintes vistos: o Visto de residência para exercício de atividade profissional subordinada; o Visto de residência para o exercício de atividade profissional independente ou para emigrantes empreendedores, incluindo “Startup Visa”; o Visto de residência para atividade docente, altamente qualificada ou cultura e atividade altamente qualificada exercida por trabalhador subordinado; ou o Visto de residência para exercício de atividade profissional subordinada.