A compreensão das dinâmicas humanas e relacionais tem evoluído ao longo do tempo, dando origem a diferentes abordagens psicológicas e terapêuticas. Duas dessas abordagens são as Constelações Sistémicas e a Psicologia Sistémica. Embora possam parecer similares à primeira vista, essas abordagens possuem diferenças significativas nas suas origens, fundamentos e aplicações.

Quando digo a alguém que a minha área da psicologia é a clínica, sistémica e da saúde, muitas vezes ouço imediatamente a pergunta se é como as constelações sistémicas. Assim gostaria de abordar um pouco o tema para que o leitor fique elucidado sobre as diferenças e as capacidades das duas.

Constelações sistémicas: fundamentos e aplicações

As Constelações Sistémicas, também conhecidas como Constelações Familiares, foram desenvolvidas por Bert Hellinger, um terapeuta alemão, na década de 1990. Esta abordagem parte da premissa de que os sistemas familiares, incluindo as suas dinâmicas e relações, desempenham um papel crucial na formação da personalidade e dos padrões comportamentais de um indivíduo.

A técnica das Constelações Sistémicas envolve representações visuais e espaciais dos membros da família ou do sistema em questão. Um grupo, frequentemente composto por participantes externos ao sistema, é utilizado para representar os diferentes elementos do sistema. Esta representação espacial permite que os participantes explorem as relações entre os membros, identifiquem dinâmicas disfuncionais e trabalhem para alcançar a harmonia e o equilíbrio.

As Constelações Sistémicas são frequentemente aplicadas para resolver questões familiares, de relacionamento, profissionais e de saúde. Visam trazer à luz padrões ocultos, traumas não resolvidos e conflitos subjacentes, a fim de promover a cura e a compreensão.

As Constelações Sistémicas ganharam uma nova projeção com a série Turca “Um novo eu” que recomendo que assista caso se interesse por dinâmicas sistémicas e trabalho sistémico.

As Constelações Sistémicas não são uma ciência, mas uma construção empírica que reuniu aceitação de muitas pessoas e tem ganho um espaço muito relevante nas terapias do Século XXI.

Psicologia sistémica: origens e princípios

Antes, dizer que a Psicologia é uma ciência, testada, validada e aceite mundialmente. A Psicologia Sistémica é uma abordagem que se baseia nos princípios dos sistemas complexos e das teorias da comunicação. Procura entender o comportamento humano e os problemas psicológicos no contexto dos sistemas interconectados em que as pessoas estão inseridas, incluindo as suas famílias, grupos sociais e culturas.

Ao contrário das Constelações Sistémicas, a Psicologia Sistémica não se restringe apenas às dinâmicas familiares. Estende-se a diversos contextos, incluindo a terapia de casais, a terapia de grupo e até mesmo as organizações empresariais. A abordagem sistémica considera que as ações e interações individuais têm impacto sobre todo o sistema, e vice-versa.

A Psicologia Sistémica enfatiza a importância da comunicação, da compreensão mútua e da co-construção de significados. Procura promover a adaptação e a mudança através da consciencialização das interações e padrões presentes nos sistemas.

Diferenças entre constelações sistémicas e psicologia sistémica

  1. Âmbito de Aplicação: As Constelações Sistémicas estão mais focadas nas relações familiares e nas dinâmicas familiares específicas, enquanto a Psicologia Sistémica aplica-se a uma variedade de contextos, incluindo relações familiares, sociais e organizacionais.

  2. Métodos de Intervenção: As Constelações Sistémicas envolvem a representação visual e espacial dos membros do sistema, enquanto a Psicologia Sistémica utiliza abordagens verbais e de comunicação para explorar as dinâmicas.

  3. Ênfase: As Constelações Sistémicas frequentemente procuram identificar traumas e padrões ocultos para promover a cura emocional, enquanto a Psicologia Sistémica enfatiza a compreensão das interações e a promoção da mudança adaptativa.

Tanto as Constelações Sistémicas como a Psicologia Sistémica são abordagens valiosas que procuram entender as complexidades das relações humanas e dos sistemas em que vivemos. Embora partilhem algumas semelhanças no enfoque sistémico, diferenciam-se em termos de âmbito de aplicação, métodos de intervenção e ênfase. Enquanto as Constelações Sistémicas têm as suas raízes nas dinâmicas familiares e foram desenvolvidas por Bert Hellinger, a Psicologia Sistémica baseia-se nos princípios dos sistemas complexos e da comunicação para abordar uma variedade de contextos.

Em última análise, ambas as abordagens procuram promover a compreensão, a cura e a transformação dos sistemas em que vivemos, permitindo que indivíduos, famílias e grupos alcancem uma maior harmonia e equilíbrio nas suas vidas.