O Ying Yang, um dos mais antigos símbolos da antiga e milenar sabedoria oriental, representa o equilíbrio entre as forças. A luz e a sombra. A medicina e o veneno. A criação e a destruição.

Quando o primeiro sábio tentou explicar o que era o Amor, eu creio que ele desenhou o Ying Yang, porque é incrível como este sentimento pode ter uma capacidade tão revitalizante e ao mesmo tempo, tão destruidora.

Podes estar a passar pelo pior dia da tua vida, mas se estás a amar, não dás bola para nada. O pior dia da tua vida torna-se engraçado, uma experiência nova, um desafio novo. Nada te pode deter, nada te pode parar, nada pode te atingir. Tu és o Superman (ou a Wonder Woman...), e tudo o que te importa é poder chegar o momento do dia, ou da semana, e às vezes do mês, de poder ver e estar junto daquela pessoa (ou daquilo...) que tu amas.

Agora vem o Ying Yang. Porque o Amor é como uma montanha-russa, incrível e ao mesmo tempo desesperador, como algo que te leva ao topo para quase poderes tocar as estrelas, também te pode levar para o fundo do poço, causando por vezes uma destruição irreversível.

Quando perdes aquela pessoa ou aquilo que amas, a tua vida simplesmente acaba. Nada mais tem graça, nada mais tem sentido, nada mais tem a mesma cor de antes. Tu não tens energia para nada, não tens vontade de fazer nada e o único pensamento que te vem à cabeça é que o melhor seria acabar logo com tudo. Afinal, se a razão de seguir em frente já não existe, então, por que continuar a caminhar?

Uma das cenas do cinema americano que reflete bem esta ideia encontra-se no filme “Homens de Negro”, quando Will Smith diz para Tommy Lee Jones: “como diria o poeta, é melhor viver um amor e perdê-lo, do que nunca ter amado”. E Tommy olha bem nos olhos de Will e responde: “experimente”.

E diante disso, surge a questão, então porquê amar? Será que as pessoas mais felizes do mundo são de facto aquelas que nunca amaram? Ou aquelas que souberam dominar seus sentimentos para não demonstrar fraqueza?

O Budismo, outra antiga fonte de sabedoria milenar oriental, ensina que toda a dor começa a partir do desejo e do movimento. Se estás parado, em estado de meditação, não desejas nada, não almejas nada, estás estático. Nada te atinge, nada se move, nada existe. Porém, a partir do momento que começas a desejar algo, e a buscar esse algo, o processo de dor e sofrimento começa logo a partir desse momento. Afinal, toda escolha é um sacrifício que fazemos.

Então, quem está certo? O poeta citado por Will Smith em “Homens de Negro”? Ou a resposta proferida por Tommy Lee? Então é melhor mesmo viver este sentimento único que é o Amor, mesmo que um dia isso possa ser a razão da nossa destruição? Ou o melhor é nunca ter vivenciado a experiência de amar? A resposta como sempre, é a mesma para tudo. Não existe escolha certa. Somente o preço que pagamos por cada uma delas.

Entretanto, eu particularmente penso que a vida é para ser vivida e nós temos mais é que experimentar, porque experimentar é viver, sejam elas as boas ou as más experiências. Se você teve o privilégio de amar e ser amado, mesmo que tudo isso tenha acabado, considere-se uma pessoa abençoada.

E sê grato também pelo sorvete, pelo chocolate, pela pizza e pelo álcool. Afinal, são estes tipos de desejos que nos ajudam a nos mantermos vivos depois que perdermos um grande amor.