O Brasil é uma nação jovem, democrática, frágil, vertiginosa e ocupa um lugar de destaque: o primeiro lugar do ranking com o maior número absoluto de adolescentes assassinados no mundo.

Em 2015, foram 11.403 meninos e meninas de 10 a 19 anos vítimas de homicídios.

Desses, 10.480 eram meninos — número maior do que o total de mortes violentas de meninos em países afetados por conflitos, como Síria e Iraque.

Segundo o UNICEF, a face mais trágica das violações de direitos que afetam meninos e meninas no Brasil são os homicídios de adolescentes: a cada dia 31 crianças e adolescentes são assassinados no País (estimativa do UNICEF baseada em dados do Datasus, 2016) — quase todos meninos, negros, moradores de favelas.

A inexistência de um programa social abrangente do atual governo em relação a proteção dos adolescentes tem feito a sociedade se organizar em grupos e discutir, de maneira racional e objetiva, formas para que esse genocídio acabe.

Formado por atletas, ex-atletas e cidadãos de diversas categorias o Esporte pela Democracia, tem se unido a diversos grupos sociais com a proposta de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, pela democracia, direitos humanos e civis, valorização da vida e a diversidade, antirracismo, respeito das individualidades e a coletividade em nome do bem estar é algo cada vez mais raro no Brasil atual, além de dignidade para todos.

Nomes de diversas modalidades reforçam o discurso antifascista contra a violência e o autoritarismo, como do ex-jogador de futebol e comentarista esportivo Walter Casagrande Jr. um dos líderes da Democracia Corintiana (movimento histórico surgido na década de 1980 no time brasileiro de futebol Corinthians) e Isabel Salgado, ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira e técnico de vôlei de praia. Ela é mãe de 5 filhos. Adotou o Alyson, jovem negro que foi adotado quando tinha 13 anos, atualmente tem 18 e também é mãe da jogadora de vôlei de praia Carol Solberg que recentemente foi denunciada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei, por dizer “Fora, Bolsonaro”, no final de uma entrevista para um canal de tv, após ganhar a medalha de bronze em uma partida do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia.

Isabel foi mediadora de um encontro com oito mães brasileiras de crianças negras e indígenas na Live - Parem de matar nossos (as) filhos (as) organizado pelo Esporte Pela Democracia.

São elas

Ana Dias: É mãe de Luciana e Santinho, foi uma das fundadoras do movimento de mãe da periferia da zona sul de São Paulo nos anos 70, movimento Custo de Vida, Ana era mulher do líder da pastoral operária Santo Dias que foi assassinado em 1979 durante o período militar.

Carmem Silva: Mãe de 8 filhos, um desses filhos é Preta Ferreira. Carmem é liderança do Movimento Sem Teto do Centro (MTSC), conselheira municipal e estadual de habitação, ativista pelo direito à cidade.

Débora Maria da Silva: Coordenadora do movimento Mães de Maio, pesquisadora do centro de arqueologia e antropologia florense da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), educadora popular. Débora também participa como uma das protagonistas do documentário em produção Mães Coragem, dirigido por Thiago Mendonça. Mães Coragem conta a história das Mães de Maio, movimento dedicado à memória e justiça por crimes cometidos pelo Estado no período democrático, que surgiu em Maio de 2006, quando centenas de civis foram assassinados por grupos de extermínio ligados à polícia. As mães em sua maioria eram mulheres sem militância política e que, na dor do luto, acabam por tornar-se um dos principais grupos de luta por direitos humanos do Brasil.

Jacira Roque de Oliveira: Mãe da Katiane, da Katia, do Leandro, conhecida como mãe Emicida e do Evandro conhecido como Fioti, ela é detentora de tecnologias vindas de processos civilizatório ancestral pautado nos saberes e fazeres dos quintais periféricos.

Elaine Mineiro: Mãe da Malu, articuladora do núcleo de base da UniAfro, geógrafa, integrante da comunidade do Jongo dos Goianais e do fórum de cultura da zona leste de São Paulo. Elaine foi recentemente eleita para a Câmara de Vereadores da Cidade de São Paulo, juntamente com o coletivo Quilombo Periférico.

Marinete da Silva: É mãe de Marielle Franco, co-fundadora do Instituto Marielle Franco, membro da comissão de direitos humanos da OAB - Rio de Janeiro, frente estadual de juristas negros e negras e associada fundadora de Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

Nyg Kaingang: Mãe indígena, estudante de serviço social, Universidade federal do Paraná (UFPR), pesquisadora indígena pelo programa de educação tutorial PET indígena, Universidade Federal do Paraná (UFPR), membro da articulação dos povos indígenas do Brasil (APIB) e também é colaboradora da rede de juventude indígena (REJUIND).

Wakrewa Krenak: Mãe indígena, educadora e bióloga.

[Isabel Salgado] Partindo da sua história pessoal: Qual é o seu sentimento como mãe de meninos e meninas negras negros e indígenas no Brasil? Como que é dormir e acordar com a dor de ter que lidar com a violência, permanente risco de morte, dos perigos da humilhação do constrangimento que o racismo produz, como que é isso para vocês. Como é não conseguir e não poder dormir em consequência da dor que o racismo gera ou por estar tentando pensar maneiras de sobreviver ao racismo?

Ana Dias: A gente percebe que tudo para o negro e para a mulher é muito, muito mais difícil, a gente sabe que tem de lutar com muito mais garra, se tem 5 jovens rapazes e moças, 3 negros honestos e 2 brancos bandidos, quem morre são os negros. Por que? Porque ele são negros, pobres e da periferia. Muitas vezes não tem voz e nem vez. Foram muitos momentos que a gente viveu e vimos muitas pessoas morrendo na periferia.

Débora Maria da Silva: Ser negro, é sofrer todas as consequências de um país que acha que a escravatura tem de ser na ponta do fuzil, quando a gente fala na ponta do fuzil é o fuzil da da caneta. Aonde está nossa carta de alforria para gente ver um neto pedalar uma bicicleta e não ser abordado? Não dormir quando tem um assassinato de um policial porque sabe que os primeiros alvos são nossos filhos como foi o meu? Que país e esse que não deu a nossa carta de alforria assinada com caneta para ninguém apagar?

Jacira Roque de Oliveira: Eu tenho medo, muito medo. O medo dorme e acorda comigo, eu pensei que um dia isso ia passar. Tem 15 anos que estou estudando a diáspora africana e agora eu descobri que eu venho de uma situação: a escola não educa a politica não politiza e a religião não religa. Nós estamos entregues a um meio de comunicação omisso onde, para eles, o que mais importa é o que eles vendem.

Elaine Mineiro: Eu acho que pensar um pouco o que é a “gente estar no mundo”, é pensar como a gente consegue mudar essa estrutura, porque se a gente não mudar essa estrutura a gente não pode falar em democracia, é uma democracia que nunca existiu para esses povos, para essas cores, para esse cep se a gente de fato não consegue construir democracia para esses territórios, a gente não consegue criar democracia para ninguém.

Marinete da Silva: Continuamos vivendo os mesmo problemas e não foi só com a Marielle, na idade que ela estava, mas atinge crianças, como o João Pedro, a Ágatha, todas essas crianças que perderam suas vidas, que foram, interrompidas por falta de uma política pública na comunidade, falta de estrutura para manter o que a gente precisa que é o básico: água, luz, saneamento, saúde que nós não temos, a Marielle combatia tudo isso. A gente não conhecia esse racismo, mas hoje, ele está tão claro, que você acha que não tem democracia, então faz com que mães percam os filhos cada vez mais jovens e não conseguem terminar o primeiro, segundo grau, como o Marcos Vinícios que teve sua vida ceifada indo para a escola.

Nyg Kaingang: O racismo no Brasil é estrutural e nós povos indígenas sofremos a violência do racismo desde o início da chegada do sangrento colonizador, desde a invasão do Brasil, afinal o Brasil surge do estupro das mulheres indígenas e dos assassinatos das nossas crianças, jovens, homens e mulheres, porque não éramos considerados gente.

Essa violência, esse genocídio, seguem ainda hoje sendo gerenciado pelo próprio Estado brasileiro, à partir do momento que nos é negado o direito ao território. Para nós , povos indígenas, o território é sagrado! Nós temos um relação umbilical e ancestral com nosso território, quando isso nos é negado, estão nos tirando o direito a viver. Nossas crianças já nascem sendo criadas para serem resistentes, para resistirem, não para existirem. A gente tem de lutar o tempo todo pelo respeito do nosso jeito de ser e de existir.

Wakrena Krenak: Ser mãe Krenak é ser uma mulher de garra, resistência, é ser uma mãe que tem de ensinar nossas crianças a lutarem desde pequeno, que elas tem de buscar os direitos delas e, acima de tudo, ela tem de ser indígena, tem de trazer dentro do seu sangue a força da luta, dentro de si.

Nossos rios estão contaminados, poluídos com mercúrio e vários outros tipos de metais pesados, nos falta água potável. São 520 anos de resistência. O racismo mata, seja ele nas lutas negras, seja ele nas nossas lutas indígenas. O racismo ambiental mata, porque tira do povo tradicional o direito de viver.

Carmem Silva: A luta pelo direito ainda mais para nós mulheres pretas, para a classe menos favorecida, independente de ser preta ou branca, para as pessoas de menor renda desfavoráveis, é um medo constante, diário, está no nosso cotidiano.

Lutar por justiça num país tão desigual como o nosso é uma constância de insegurança total, principalmente ser mulher preta mãe de 8 filhos pretos, é uma grande desvantagem.

O Brasil é um pais racista, classista e que tem uma necropolítica e uma afirmação de que nós não podemos ter nossa humanidade 100% garantida, então esse é meu medo constante.

Quais são os maiores desafios que os jovens negros e indígenas enfrentam hoje vivendo numa sociedade como a nossa?

Ana Dias: A gente tem de lutar, acredito que temos de procurar, se reunir, discutir, não podemos cruzar os braços, temos de correr, nos organizar, grupos de jovens, mulheres, homens, não desistir, a luta é difícil, mas não é impossível. Não cruzar os braços, nunca. Lutar a vida inteira.

Carmem Silva: Os desafios que eu tenho acima de tudo é fazer com que meus filhos se reconheçam e admitam o que são. A gente tem uma sedução muito grande, sedução de consumo, de copiar aquilo que se almeja. O consumo é muito grande, a sedução é muito grande. Sedução de um consumo irracional e capitalista que é injusto para os jovens, além disso a falta de um direcionamento. Esses são os grande desafio que tenho não apenas com meus filhos, mas com todos os jovens do movimento que milito. Temos também de lutar pela construção coletiva que é além de se reconhecer como uma única origem, a humana, mas também trabalhar o coletivo, o que somos. O que estamos fazendo é dizer para esses jovens que nós existimos e que nossa existência é muito importante.

Elaine Mineiro: Potencializar as potências que já existem nos jovens da quebrada. A gente trabalha na UniAfro e a nossa função na vida é fazer a formação dos jovens da quebrada.

Há mais de 10 anos temos cursinhos populares nos territórios e a nossa vocação é fazer com que os jovens descubram as suas potencialidades e comecem a perceber o quanto o mundo pode ser melhor se for mudado através deles. A gente não consegue vislumbrar o mundo do jeito que ele está, com um lacinho, o mundo não vai ficar mais bonito se a gente colocar colocarmos um lacinho nele. Nossa perspectiva é de um outro mundo possível, é transformar esse mundo onde todos nossos anseios, cores, cultura tudo isso caiba, é resgatar esse mundo, porque esse mundo é nosso.

Nossas experiências são sempre experiências de luta. E é essa a experiência que a gente tenta mostrar para os jovens que estão com a gente hoje. Nossa formação pessoal e enquanto coletivo e o quanto essa potência da juventude e das coisas que a gente constrói ela é transformadora para o mundo.

Marinete da Silva: A falta de respeito, falta de zelo, ter compromisso humano, estão desumanizando as pessoas. Estão levando tudo muito a mais que uma ditadura, a sangue, o que se vê é uma cultura de morte enorme dentro do pais. Para se mudar isso tem de existir uma educação de qualidade, se não começar a construção de um mundo melhor para essas crianças, nós não vamos ter um futuro que a gente espera e que se precisa nesse país. Quando a gente vê governantes sem compromissos com o outro, elevando um “faz de conta” na educação e na saúde, um caos total e você não vê um compromisso direto do poder público, é muito difícil de se imaginar o futuro dessas crianças.

Construir juntos e a esperança que se tem é que esses jovens consigam entender melhor do que nós hoje. Só é possível com os coletivos, não funciona nada sozinho, não de outra maneira. É possível. Foi possível para a Marielle, para outros jovens e também será para esses que estão chegando e a crescer e ver que o mundo pode ser diferente. É com segurança, estrutura, dignidade, força e com principalmente educação. O país que não tem educação não chega a lugar nenhum.

Débora Maria da Silva: Pra mim é difícil relaxar a noite quando vários jovens de periferia estão muitas vezes voltando do trabalho, da escola ou então de uma balada. Eu abraço essa juventude como se fossem meu filho, porque em cada rosto tem um pouco do meu filho que foi e é um plural na minha luta, porque enquanto eu respirar eu to lutando pela juventude, porque a juventude é o futuro do nosso país e se tem uma metralhadora apontada para essa juventude é a corrupção porque ela também mata.

Dona Jacira, a senhora além de mãe da Katiane e da Katia, é também do Emicida e Fioti, como é para a senhora ter dois filhos que fizeram tanto sucesso?

Jacira Roque de Oliveira: Como é para mim? Eu achava que o mundo mudaria. Na minha forma de pensar, ao nosso redor, mas não foi o que aconteceu, o que digo a eles é para eles continuarem lutando, já estamos inseridos na política, na briga, por uma construção de sociedade melhor há muito tempo. Hoje eu digo a eles, não sei se é por casa da conta da idade, eu também gostava dessa coisa do capitalismo, eu também queria, porque eu imaginava que a melhora seria para todo mundo, mas não foi, a gente percebe que é para uma pequena parcela da sociedade, os meus filhos estão em luta, vários amigos estão em luta o tempo inteiro. A gente não pode parar de lutar, de forma nenhuma. Parece que de tempos em tempos vem um novo fantoche para brincar de politica, e assim tem sido esses 520 anos.

Nyg Kayangang, o que você diz e faz para proteger seus filhos e crianças indígenas, como você orienta a meninada?

Nyg Kaingamg: A gente acredita que a partir do momento que nós temos nossa identidade fortalecida nos teremos força para estarmos em qualquer espaço. Hoje estou no espaço que sempre quis estar, meu espaço de direito, e que a nossa luta se amplie nos espaços de falas, de vozes, que isso seja o desafio maior. O que vejo é uma reconstrução constante do ser indígena, a gente está o tempo todo lutando pelos nossos direitos. Eu acredito muito nessa juventude que está ocupando esses espaços, dentro do território e fora, tá ai essa juventude nas universidades nível Brasil, vários jovens. A gente acredita que ocupar os espaços da universidade e se instrumentalizar dos conhecimentos não índios, fazer com que haja esse alinhamento com os nossos conhecimentos tradicionais isso é uma forma de se instrumentalizar na luta e defesa dos nossos direitos.

Wakrena Krenak, o que vocês podem fazer para garantir o direito à vida?

Wakrena Krenak: Pra gente garantir a vida do ser humano hoje na Terra, é primordial cuidar primeiro da mãe Terra. Cuidado das florestas matas, rios, isso é primordial porque se ela morre nos também morreremos. Esse é o princípio de tudo, o respeito à mãe Terra.

O que vocês gostariam de dizer para o mundo, se vocês pudessem ser ouvidas?

Ana Dias: Nunca desanime, a luta continua. A gente vai ter muitas vitórias, e esses jovens que estão na luta, principalmente os negros, que eles vão ter de participar muito da educação. As mães, nós é que temos de engrossar esse povo na luta. A luta sou é resolvida quando tem muita gente, um só, uma única vara quebra, um fecho grande é mais difícil de se quebrar. A luta continua.

Carmem da Silva: Nós precisamos é nos unir, dizer que nós temos esperança, resistindo, lutando, nunca desistimos. O que a gente precisa é simplesmente nos reconhecer como origem e aceitar a diversidade, a diversidade é que vai nos salvar.

Débora Maria da Silva: Acredito muito na unidade e na humildade. Acredito na juventude, essa juventude tem feito muita articulação, tem avançado, em passo lento, mas tem avançado, a vitória só será conquistada quando a gente alcançar a nossas carta de alforria, enquanto a gente não alcançar, a luta continua até o último suspiro.

Jacira Roque de Oliveira: Eu diria que é muito importante respeitar a infância. Uma vez que a gente perde a infância a gente não reconquista mais, é muito importante. A cada vez que uma infância é perturbada, é preciso depois perder tempo educando os homens e educar os homens é muito mais difícil.

Elaine Mineiro: A Vilma Piedade, uma autora que eu gosto muito de ler, criou um termo chamado dororidade, que são essas dores todas que nos assemelham tanto, não somente nós que estamos aqui, mas todas as pessoas da quebrada, pretos, pobres, indígenas, mas essa dororidade também faz com que a gente se veja como povo, como coletivo. E eu acho que esse povo que experimenta essa dores, esse povo consegue elaborar um projeto coletivo de mundo diferente, acho que é nesse projeto que a gente precisa acreditar e fortalecer um ao outro para construir esse outro mundo.

Marinete da Silva: O mundo só vai mudar se as mulheres estiverem à frente, a energia sagrada da minha filha que está em cada uma dessas mulheres é que vai vencer e superar o que a gente está vivendo hoje. Não por ser uma referência, mas por ser um símbolo de resistência, mas é porque as mulheres unidas são muito mais fortes e o mundo pode ser melhor conosco. Sem a mulher negra e as mulheres brancas que cheguem para somar, nós não vamos chegar a lugar nenhum. Eu perdi minha filha e ganhei vários filhos e filhas por esse Brasil. Tenho sido fortalecida com essas mulheres e homens, que me apoiam e caminham conosco e com a minha família.

Nyg Kaingang: Diria que precisamos unificar as nossas lutas, essa luta é coletiva, nossa fala quanto indígena é coletiva. Precisamos olhar para nossa mãe Terra, a gente precisa olhar para a mãe Terra como um todo. Indígena, negro, branco, a gente chegou num momento onde nós não temos mais condições de viver esse modelo de vida que a gente vive. Entendendo a mãe Terra como algo visando somente lucro e a exploração do território.

Terra é nossa casa, nosso planeta é nossa casa. Nós precisamos dela para existir, a gente precisa olhar ela não nesse sentido da produção, exploração do lucro, do dinheiro que a partir disso é que nos mata e nos explora, eu diria salvem as florestas, salvem os povos indígenas e salvem o planeta Terra. Nós estamos juntos nessa luta e nós precisamos unificá-la. A luta é nossa.

Wakrewa Krenak: Respeito. Respeito aos povos indígenas. Respeite a nós indígenas, mais amor e menos ódio pregado no mundo porque o ódio não vai nos levar a nada, mas o amor ele pode sim plantar várias sementinhas dentro dos nossos corações. Então vamos cuidar mais uns dos outros, vamos respeitar nossas florestas, vamos respeitar os nossos indígenas, vamos respeitar os nossos negros, porque antes dos portugueses chegarem aqui já existia um povo. Nós somos os donos desse chão.

Encontros online que promovam a reflexão sobre a violência contra jovens negros e indígenas não se resumem apenas no Brasil.

No último mês, Débora Maria da Silva, do Mães de Maio e Rute Fiuza - Mães de Maio do Nordeste, romperam as barreiras geográficas e participaram da live Resistindo a Violência do Estado nas Américas: Mães na Linha de Frente.

A discussão foi mediada por Yanilda Gonzalez - Professora Assistente de Políticas Públicas, Harvard Kennedy School.

Participaram do diálogo virtual mães de jovens da Colômbia e do México assassinados pela polícia e forças armadas, mulheres que lutam pela justiça e reformas institucionais no combate a violência do Estado que afeta a juventude negra, indígena e pobre nas Américas.