O trabalho de Aimée Zito Lema (Amesterdão, 1982) tem vindo a incidir sobre as dinâmicas entre memória individual e coletiva, em particular sobre o registo e a transmissão intergeracional de acontecimentos, quer através da história material, quer através do corpo humano como repositório mnemónico. Pondo lado a lado as práticas estéticas e sociais, a sua obra habita um universo onde o material e o humano interagem de modo crítico.

13 Shots reúne trabalhos resultantes de uma colaboração da artista com o Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa, que decorreu na Sala Polivalente do Museu Calouste Gulbenkian, através dos quais se exploram várias dimensões da memória individual, social e política. A partir de exercícios performativos cocriados pela artista e pelo grupo, a transmissão intergeracional do 25 de Abril e o arquivo fotográfico do serviço ACARTE surgem como matéria através da qual se indaga a forma como a memória se transmite por via de histórias, imagens, lacunas e silêncios que se reproduzem, preenchem e re-imaginam coletivamente.

O projeto aqui apresentado resulta de um período de residência da artista na Rua das Gaivotas 6, constituindo um dos oito capítulos da exposição criada no contexto do 4Cs: From Conflict to Conviviality through Creativity and Culture, um projeto europeu de cooperação coordenado pela Universidade Católica e cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia.