A Coleção Berardo define um percurso pela arte do século XX até aos nossos dias, através dos seus movimentos e protagonistas mais significativos. Neste piso 2 é proposto um percurso pela arte moderna, que se inicia nos primeiros anos do século XX com Picasso e a invenção do cubismo e com Duchamp e a interrogação do readymade. A rápida e vertiginosa sucessão de vanguardas, que inventaram novos entendimentos do espaço, encontra a sua representação nos núcleos dedicados ao dadaísmo, construtivismo, neo-plasticismo, surrealismo e Abstraction-Création. Trata-se de uma profusão de diferentes posicionamentos que possibilitou uma alteração radical no conceito da obra de arte, da sua respetiva natureza e função.

Com o pós-guerra os novos movimentos emergentes estão representados pelo informalismo, o expressionismo abstrato, a Nova Escola de Paris, a arte cinética, o Grupo Zero, o espacialismo, as diferentes perspetivas da figuração ou o Colour Field. Estes movimentos desenvolveram as pesquisas das anteriores vanguardas e tendencialmente tornaram a abstração a linguagem de uma nova ordem mundial que emergiu neste período, apesar da oposição antimodernista com que então foi recebida, e de uma institucionalização da sua esfera de autonomia, que a desligou da relação com a vida sonhada pelas primeiras vanguardas.

A emergência do neodadaísmo, com o Nouveau Réalisme e a Pop Art, veio permitir redescobrir, no gesto de Duchamp e na invenção do readymade, como o sentido se tornou um acontecimento singular e não programado por uma razão, o que, no quadro de um desenvolvimento próspero da economia ocidental, revelou um sujeito fragmentado entre os vestígios do mundo e tendencialmente refém de uma subjetividade do consumo.