A exposição que Sara Korshøj Christensen apresentará em Setembro, é um barómetro dos tempos atuais. A questão principal não é especificamente política, mas sim sobre o conjunto de teias da realidade contemporânea. Não pretende dar respostas ou soluções, apenas levantar questões. A Artista interessa-se - entre outras coisas, pelo duplo sentido; a possibilidade de que uma obra possa ter várias linhas de leitura e idealmente crie um espaço aberto à reflexão e ao diálogo.
Os trabalhos que serão mostrados na exposição It's true...I dream it myself! focam-se em diversas temáticas actuais, mas que na sua grande maioria gravitam em torno ao existencialismo presente. Alargar-se-á a disciplina da escultura a outros formatos, materiais, estéticas e conteúdos.
A exposição será apresentada com uma visão lógica, directa e de diálogo entre as várias materialidades e temáticas. O recurso a elementos como o engano, a perda, o poder, magia e até da fantasia, que são instrumentos geradores de esperança no presente e no futuro. A mostra dos trabalhos de Christensen apela a uma tentativa de reflexão e conciliação com as tramas que lideram a actualidade.
Sara Korshøj Christensen trabalha em diversas disciplinas e com várias técnicas. Os materiais são frequentemente escolhidos com base no facto de a Artista ver uma oportunidade para que sejam ampliados a uma nova possibilidade de mudança de significado. Muitas das obras terão um toque humorístico, com conotações ligeiramente desagradáveis. O humor tem o potencial de criar uma espécie de espaço para o pensamento e precisamente por isso, faz parte integrante da obra de Christensen usando-o como uma ferramenta artística exploratória. Ao alterar ou modificar emblemas, símbolos e trocadilhos conhecidos, abrem-se novos espaços de significado e de ponderação.
Num mundo dominado por despropósitos em detrimento do bom senso. Em vez de se concentrar numa questão política específica, a exposição centra-se mais em mergulhar na realidade agitada do quotidiano. À primeira vista, as esculturas podem parecer chamativos letreiros de néon, logótipos e placas de empresas. Mas são feitas em barras de aço resistentes, dobradas à mão, soldadas e envernizadas. Parecem suaves e leves, mas não brilham como os verdadeiros letreiros. Estas esculturas, bem como os tapetes tufados pendurados na parede, adulteram e prestam homenagem à história da arte e à cultura popular. A maioria das obras tem um toque humorístico, com subtilezas ligeiramente desagradáveis. Ao brincar com os logótipos, símbolos e trocadilhos familiares abre-se um espaço amplo para o pensamento e a reflexão.
“A obra de Sara Korshøj Christensen destila a sua alegria de pensamento profundo e ao mesmo tempo a sua recusa em entregar-se a respostas fáceis para as múltiplas questões prementes do nosso tempo presente. Em vez disso, apresenta as suas obras lúdicas em técnica mista e convida-nos a decifrar os significados rigorosamente distorcidos das imagens quotidianas e das metáforas políticas, bem como questões perturbadoras – como a violência doméstica, as crises ecológicas, a liderança egocêntrica implacável e a nossa própria autoindulgência consumista.”
O excerto do texto do catálogo de Gaby Hartel, escrito em 2023 para uma exposição anterior: Let 's begin...With a break, na Galleri K, Oslo, também se encaixa perfeitamente para resumir o esquema da primeira exposição individual de Christensen na Galeria Nave. It’s true... I dreamt it myself!