A contínua ascensão da desinformação vem se apresentando como um desafio colossal para toda a sociedade: notícias falsas são publicadas em ritmo jamais visto, propagandas enganosas realizadas de maneira massiva, inúmeros conteúdos maliciosamente manipulados minam aos poucos a confiança das pessoas em relação às informações que consomem.

O fenômeno tem ramificações profundas, afetando a esfera política, os serviços públicos, a economia global e até mesmo as relações sociais ou a saúde das pessoas. E na indústria da publicidade, o problema não é diferente. As ações de desinformação são capazes de erodir a credibilidade das marcas e de personalidades (e tudo pode acontecer muito rápido, sem tempo para contramedidas).

Diante desse cenário, tem se tornado crucial que os profissionais das áreas de conteúdo assumam a responsabilidade e que promovam práticas preventivas em seu trabalho, com atenção redobrada as práticas mais éticas e transparentes — tendo em vista de priorizar informações contundentes, confirmando a veracidade de cada dado que publicam. Cada vez mais essas ações serão o ponto-chave para efetivar a construção de relacionamentos autênticos com o público, fazendo florescer a confiança, tão necessária na Era da Informação e na hora de fechar um negócio.

Durante este pequeno artigo, vamos conhecer um pouco melhor esses problemas e as principais soluções, as ferramentas possíveis e a melhor postura profissional que um criador de conteúdo possa ter. Tenha uma boa leitura.

Em que consiste a desinformação na contemporaneidade?

A desinformação moderna é um fenômeno bastante complexo, dinâmico e multifacetado, que se manifesta de várias maneiras e está sendo impulsionado pela facilidade de acesso, produção e compartilhamento de informações na era digital. Para compreendê-la, é crucial analisar suas diferentes formas e implicações.

Entre as principais, estão, certamente, as fake news, que nada mais são do que notícias e informações enganosas com o intuito de modificar algum ponto de vista da população. Ou seja, elas são deliberadamente espalhadas por meios diversos com o intuito de ludibriar ou manipular as pessoas, motivadas por uma variedade de razões, a depender da área em que está sendo aplicada. É possível vê-la na política, na indústria ou mesmo nas fofocas sobre celebridades.

Com a ascensão recente das ferramentas tecnológicas, com as IAs, também as deep fakes têm sido bastante comuns, sendo uma forma ainda mais sofisticada de desinformação. Vídeos ou áudios manipulados com tecnologia para parecerem autênticos, podem difamar pessoas ou disseminar informações falsas de maneira convincente. A técnica pode ser especialmente perigosa, pois pode enganar facilmente espectadores desavisados, causando danos significativos à reputação dos envolvidos.

Outra forma de desinformação, ainda mais antiga e que tem se adequado aos novos moldes são as teorias da conspiração. São teorias construídas sobre narrativas fictícias ou distorcidas da realidade, muitas vezes sugerindo alguns eventos ou realidades como o resultado de um plano secreto, elaborado por um grupo com o intuito de manipular ou controlar a população. São completamente inverídicos e sobrevivem na ignorância. Ao serem disseminadas, tais teorias tentam semear desconfiança nas instituições, criando uma atmosfera de paranoia.

Embora evidentemente carecem de evidências sólidas, tanto as teorias quanto as notícias falsas são promovidas com fervor, alimentadas pelo ceticismo e pela descrença em relação às fontes de informação tradicionais, fazendo o problema ficar ainda pior.

Entre os seus principais impactos, podemos citar influências em eleições e polarização política, manipulação de mercados e perda de credibilidade de empresas, fragmentação da sociedade e aumento da desconfiança interpessoal. Assim, torna-se essencial nos atentarmos a essas narrativas e aprender a buscar fontes confiáveis para desmenti-las.

Como lidar com esses problemas como profissional de conteúdo?

Enfrentar a desinformação exige uma postura proativa e engajada, não apenas daqueles que se informam, mas também por parte dos produtores dos conteúdos. Esses últimos, devem ser os “guardiões da verdade” em um mundo digital repleto de ruídos mentirosos. É necessário garantir que o conteúdo que produzimos seja preciso, confiável e contribua para uma sociedade mais informada. Para isso, já existem ferramentas e recursos para combater a desinformação, nos mais diversos níveis. Isso porque o avanço da tecnologia não trouxe apenas facilidade de construir conteúdos problemáticos, mas também nos trouxe ferramentas e recursos disponíveis para nos auxiliar na luta contra a desinformação. Confira, a seguir, algumas dessas ferramentas e recursos para combater a desinformação e conteúdo inadequado:

  • Cheque os fatos: existem, atualmente, agências como [PolitiFact](Uma exposição multissensorial dedicada à Memória, à Verdade e à Justiça), Comprova, Aos Fatos entre muitas outras. Nessas plataformas podemos utilizar para verificar a veracidade de informações para desmentir boatos ou mal entendidos.
  • Use a busca avançada: serviços como o Google Search e outros mecanismos oferecem recursos para filtrar resultados, assim você pode encontrar o fato que deu origem à informação falsa ou atestá-la com base em conteúdos institucionais que sejam minimamente confiáveis.
  • Busque por extensões para navegadores para facilitar o trabalho: algumas extensões, como NewsGuard e WeVerify ajudam muito durante a verificação em tempo real e podem ajudar você a identificar qualquer veracidade naquilo que está sendo produzido, evitando a propagação de desinformação desavisadamente.
  • Realize treinamentos e cursos: diversas instituições oferecem cursos sobre como identificar e combater a desinformação. Além disso, o estudo e a pesquisa auxiliam qualquer profissional a melhorar sua capacidade crítica e interpretativa, facilitando muito na identificação e checagem de fatos. Existem cursos online do MIT apenas sobre o tema, por exemplo.

Ao adotarmos as melhores práticas e ao utilizarmos as ferramentas disponíveis, podemos contribuir muito para a construção de um ambiente digital mais seguro e confiável para todos.

Há, ainda, alguns novos recursos sendo lançados de tempos em tempos. Um bom exemplo disso são as credenciais contra as deep fakes sendo atualmente produzidas pelos maiores portais de notícias do mundo — você pode encontrar mais informações sobre o projeto neste vídeo de Sabine Hossenfelder, em que ela explica como tudo isso pode funcionar.

Conclusão

Notícias falsas, propagandas enganosas e teorias da conspiração proliferam em ritmo crescente e precisamos, todos, nos cuidar. Nesse cenário turbulento, cabe a nós assumir as responsabilidades e contrariá-los com a veracidade sempre que convir. Afinal, é importante entender que a missão de quem trabalha com conteúdo é de ser um farol da ética e da transparência.

Portanto, priorizar as boas informações, checar os fatos com rigor e utilizar as ferramentas disponíveis para combater esse ritmo desenfreado da desinformação são ações essenciais para o ambiente moderno de criação de conteúdo. Somente por meio dessa experiência é que teremos a chance de estabelecer um porto seguro para todos, onde a confiança nos dados transmitidos para os espectadores e leitores seja uma referência para guiar nossa jornada.

É também preciso lembrar que a luta contra a desinformação é uma batalha contínua e continuará sendo ainda por muito tempo. Ao agir com responsabilidade e engajamento ético e responsável, poderemos construir um futuro em que informações úteis e verídicas iluminem cada canto do mundo digital.